A Realm Reborn: Final Fantasy XIV zerado no PlayStation 4 em 89 horas e 38 minutos. Ou simplesmente no relógio do jogo: 3 dias 17 horas 38 minutos.
Vamos lá, analisar esse jogo que passei quase 100 horas apenas na main story. Vou separar em blocos, porque é um Final Fantasy da série principal, mas é diferente por ser online.
A Realm Reborn: Final Fantasy XIV é um game caprichado. Pudera, fruto de um lançamento tosco, fraco e incompleto, os desenvolvedores deram o suor e sangue para que o jogo renascesse. Tanto que está até no seu novo nome. O resultado realmente deu frutos, o que originou um dos melhores games online da atualidade e porque não um dos melhores online Of All Time (é isso mesmo, não apenas JRPG Online).
E por falar em online, ai vão alguns pontos que podem ser destacados. Tanto as qualidades, como os defeitos do gênero estão presentes. Final Fantasy XIV não escapa disso, e se você não se acostumar ou não estiver familiarizado, é melhor se adequar a essas normas.
Tudo o que eu posso criticar de MMORPGs, ou de JRPGs single players que tentam emular tais funções está aqui presente. Quests chatas e genéricas que te farão ter um ataque de nervos. Aquilo lá que todos os jogadores acostumados com o gênero estão cientes. O famoso: aceite uma quest, ande a pé 100 mil kilometros, fale com o destinatário, ele falará pra voltar e falar com o cara de antes (PQP!), volte lá, você descobrirá que ainda não acabou, vai ter que andar milhares de quilômetros a pé até outro lugar. Vá lá e depois volte no lugar da conclusão pra receber 200XP, 150 Gil e 1 potion (!!!). Isso começa a perder força com os Teletransportes e as locomotivas (que chegam bem tarde), mas mesmo assim, tu já vai ter andado muito, e vai andar... Ainda.
E quem sabe, sabe. Não é só isso. Quantas vezes eu não me peguei esperando mais de 30 minutos pra entrar numa Duty (porra, com esse tempo da pra correr em vários campeonatos em jogos de corrida!). Normalmente ficava navegando aqui mesmo no fórum enquanto esperava, percorria a internet toda na verdade. E sei que da até pra contornar no próprio jogo, como ir fazendo outras coisas. Mas nem sempre tem muita eficiência e fazer coisas principais é furada, e se alistar em vários Duty também não é uma solução ou boa idéia: você pode acabar entrando na não tão desejada, que da menos XP e derivados. Você também pode farmar XP de outras formas, até matando monstros, mas não é tão apropriado.
Mas não é só de sofrimento e ranger de dentes que se faz um MMORPG. Há muitas alegrias e bons momentos que só são possíveis nesse tipo de jogo. E o maior deles é: o fator humano. Jogar um jogo solo é ótimo, mas há certas coisas que uma inteligência artificial, por mais perfeita que ela consiga ser, não consegue atingir no nível de jogadores reais. Você pode entrar numa Duty e o Tanker ser um louco que atrai um milhão de inimigos, você vai dar risada, e sim, ele sabe o que está fazendo, porque você vence a quest... Ou o inverso: um Tank doido que ferra a party toda e as pessoas do time vão embora. É, aconteceu algumas vezes! E também aconteceram alguns barracos, literalmente (engraçado, terrível e assustador ao mesmo tempo). Quem nunca jogou Final Fantasy XIV e quando se inicia uma Duty todo mundo fica parado, e parece que os 90 minutos da Duty vão ter passado e ninguém faria nada se um jogador não tomasse a atitude e começasse a andar (sim, e é assim na Quest inteira, em vários de seus momentos). Vai ter sempre os apressadinhos que nem falam oi (eu também nem falo quase, hehe) enquanto outros vão tagarelar e contar piadas pra caramba. E como não é gratificante receber uma recomendação pelo seu desempenho. Enfim, são coisas que só jogando com
Homo sapiens para saber. São muitas histórias que podem ser contadas, inúmeras, e várias podem nascer apenas em uma nova interação com outros jogadores.
E nesse aspecto online muitas coisas se salvam, como disse. JRPGs que tentam emular esses aspectos, mas sendo off-line (Xenoblade e Xenoblade X. Esse último tem aspectos online, mas bem distante do encorpamento de MMORPGs reais) às vezes não conseguem me prender. Posso afirmar com certeza que não sou fã de mundo aberto, mas o mundo aberto de Final Fantasy XIV foi o que mais me agradou ao lado de The Witcher III (venham Zelda e Final Fantasy XV!).
Claro, há uma falha grave. Que judia do jogo como um Final Fantasy: o desenrolar das cenas.
Sim, MMORPGs são lotados de quests e outras coisas que começam a picotar o enredo. Chega num ponto que você às vezes se perde, e nem sabe mais o que é isso ou aquilo. Ajuda o fato de você poder rever algumas das cenas. Mas mesmo assim, esse espaçamento faz com que as coisas se distanciem. E as cenas também seguem um padrão de JRPG Online, então não espere tanto cinematografia em comparação a outros Final Fantasy. Ah, e sempre tem os caras que já viram as cenas dos jogos nas Quests em conjunto e que não vão gostar se você não pular pra ir logo pro derradeiro embate...
Uma coisa a se destacar são as batalhas intensas. Desde a primeira com Ifrit até as últimas. Que combates deliciosos, um erro de você e de cada um dos outros jogadores é fatal.
Ademais, o jogo é muito bonito, joguei no PlayStation 4 e o servidor (Malboro) poucas vezes deu algum problema.
Sobre as músicas, vi que o Uematsu compôs boa parte junto com outras de outros compositores. Mas com sinceridade? Depois de seu trabalho em Final Fantasy X (que já foi inferior aos anteriores) ele meio que desceu um pouco no padrão God Like. Final Fantasy XIV tem ótimas músicas, mas não achei tão memorável (dos online acho o XI ainda melhor). E também não é uma perseguição contra ele. Koji Kondo, Koichi Sugiyama, David Wise, Yasunori Mitsuda etc. todos deram uma decaída. Há músicas antigas remixadas, mas não fui tão putinha dessa vez. Não é só culpa do Uematsu, pois entre os outros colaboradores o Soken compôs muitas músicas. Mas realmente, faltou aquele clímax dos Final Fantasy antigos. Aquela OST que quase inteiramente, 100%, me prende. Mas ''Answers'' é fantástica, uma das melhores músicas cantadas da série.
Sobre comparar o XIV com o XI, é complicado. São jogos diferentes. Os 2 meses que joguei Final Fantasy XI eu avancei bem menos que no 1 mês do XIV. XI é claramente um jogo mais difícil, Hardcore, que requer mais atenção e é bem pouco user friendly (e era pior no seu lançamento!). Fico dividido em escolher o melhor, mas Final Fantasy XIV pelo menos me deu mais chances de realmente jogar até o fim sem me preocupar. Mas uma coisa que gostaria de ver em Final Fantasy XIV é a economia que gira em torno do mundo, com os leilões, como é em Final Fantasy XI. Eu sei, tem algo similar no XIV, mas não da maneira fantástica que é em Final Fantasy XI, pois funciona como no nosso mundo. Um sistema econômico de venda de itens e equipamentos, que dependia inteiramente do poder aquisitivo de tal universo.
Joguei com um Arcanist, e estava tentado a jogar com ele até o final, até que um jogador me deu uma indireta em uma Duty pra eu evoluir pra Summoner. Acabei fazendo isso e posso dizer que não me arrependi, há coisas que vem para o bem. Essas classes são ótimas na Main Story, pois são muito acessíveis e deixam tudo bem fácil mesmo. Você não precisará ter a pressão dos Tankers (como disse um jogador em uma Duty que participei quando um Tanker saiu e esperamos outro entrar, sem Tank: It is a nightmare) ou Healers, que são as classes mais requisitadas e importantes do jogo, que realmente não podem falhar. Arcanist e Summoner são mais sossegados, apenas não cometer erros básicos, dar debuff nos inimigos e cuidar da invocação, essa que realmente trás uma sensação de companheirismo. É muito legal ter o bichinho ao seu lado.
Finalizando, o nível de esmero dado em Final Fantasy XIV (Square Enix! Por favor! Não coloque em outro jogo como a parte de Limsa. É complicada porque é baseada em uma linguagem antiga usada por piratas... De antes de 1800!) é incrível. Às vezes até exagerado. Mas é inegável: eu adoraria um Final Fantasy off-line tratado com tanto carinho. Aguardemos o XV.
E pra encerrar mesmo: se você não tiver tempo, melhor não jogar. Eu tive e joguei, mas jogos assim são time consuming mesmo. Então você tem que ter um tempo livre ou estar bem vagal para jogar.
Ah, só pra lembrar: Limsa Lominsa forever. = )