Fechado:
Terminei no Normal Mode pela segunda vez na vida com 41h03m, no level 70.
Não vou enrolar no review e já vou abordar logo de uma vez o quesito história.
Acho que o jogo consegue explorar, de maneira muito satisfatória, o tema de um mundo aparentemente dependente de uma espécie de destino (o Score), mas cujos personagens percebem, com o tempo, q esse destino é apenas um de muitos caminhos possíveis, e q no final o poder da vontade livre prevalece e molda o mundo de maneiras não planejadas pelo próprio score. E o centro dessa percepção vem principalmente da figura de Luke, um jovem mimado e sem qualquer experiência do mundo, q passa por enormes transformações, numa jornada de crescimento e maturidade, de criação de valores fortes, como bondade, altruísmo, justiça, amizade, amor...
E toda essa jornada tem a participação de personagens q o moldam, sejam amigos como Natalia, Guy, seja uma mulher q o ama, como Tear, sejam pessoas q o incentivam através do desafio e da provocação, como Asch, Jade e até o próprio Van, de certa forma.
O interessante é o quão bem construídos são os dramas pessoais de cada um, seus respectivos backgrounds, q vão pouco a pouco sendo revelados, e o quanto suas personalidades muito diferentes de certa forma se complementam. Jade, por exemplo, adota uma postura mais fria e racional diante das coisas, e muitas vezes descamba para um certo pragmatismo cínico diante da vida, mas no fundo tem sentimentos tbm e liga para os outros; Guy é um personagem q inicialmente parece ser só um amigo q existe pra apoiar o protagonista, mas aos poucos percebemos o quão interessante é a sua própria jornada de crescimento pessoal, seus traumas, etc.; Anise é uma personagem bastante irritante por boa parte do jogo, mas até mesmo ela nos faz nos importarmos com ela ao longo do tempo conforme descobrimos as razões por trás de suas ações e o que de fato ela valoriza; Natalia é uma personagem q começa soberba e alienada do mundo, mas cresce enormemente como ser humano, se tornando uma excelente governante, e o background dela é bastante interessante tbm; e Tear é uma personagem que parece bastante autossuficiente, mas esconde dentro de si uma verdadeira delicadeza e sensibilidade extremamente humanas e relatable.
Acho interessante tbm como o jogo explora diferentes visões filosóficas e o impacto q traumas podem causar na forma de enxergar a vida de cada um, incluindo os vilões. Alguns, como Sync, são bem subutilizados, mas Largo e o próprio Van são bem interessantes de observar.
Asch é um personagem q chega a ser intolerável em muitos momentos de tão intransigente, mas no fundo é uma pessoa crucial pra colocar Luke no caminho certo e um personagem essencial na narrativa, q muitas vezes rouba a cena.
Bom, dito isso tudo, a OST do jogo é sensacional. Não me canso dos temas da maioria dos lugares, seja Baticul, Daath, a final dungeon, o último tema de World Map, etc. Soberbo o conjunto musical e francamente inesquecível. Acho q provavelmente está lá no topo da série, junto de Destiny DC como algumas das melhores composições já feitas pelo Sakuraba. Passa sentimentos q refletem a grandiosidade dos locais visitados, o drama de certas partes, o mistério de outras, etc.
O sistema de batalha, para hoje em dia, está bastante datado se comparado com outros, por exemplo o Vesperia melhorou alguns aspectos dele, Innocence tentou mesclar Abyss com Destiny DC, então dá pra dizer q deixou um legado. Acho q o free run do jogo funciona razoavelmente bem e o sistema de FoF é legal. Acho meio enjoadinho de usar Mystic Artes, mas ao menos não é algo q vc só veja de vez em nunca como em alguns títulos da série, tipo Rebirth.
Graficamente, tem uma direção de arte maravilhosa, muito viva e expressiva, de bom gosto. Aprecio bastante o estilo de anime adotado pra cada um dos personagens. E acho q as localidades são bastante únicas e marcantes. Difícil esquecer um lugar como Baticul ou Grand Chokmah, dungeons como Absorption Gate, Mt. Zaleho, a Abandoned Mine, etc. Acho q às vezes o jogo peca por exagerar nas cores um pouco, aí vc acaba nem vendo os personagens direito em lugares com baixo contraste, como Chesedonia.
Um ponto muito presente no jogo é o backtracking, e de fato ele traz um cansaço forte em boa parte do jogo. Acho q um early fast travel teria sido melhor, e talvez um pouco menos de lenga-lenga em certos eventos. Mas reconheço q é algo q arrasta a história bastante por um período muito grande. Acredito q valha deduzir aí uns 20 pontos da nota geral (de um total de 100) por isso. Mas acho q, mesmo com esse grande defeito, o saldo final é muito positivo, pois é raro um jogo conciliar um trabalho tão bom em história, personagens carismáticos, jornada inesquecível e ost de um nível fantástico como esse. Então ainda acredito q, comparado com boa parte dos Tales of, merece um lugar de destaque na série, por mais q não seja o melhor deles. Mas em alguns pontos específicos, como história e OST, merece facilmente um lugar de grande destaque na franquia.
Recomendo bastante e acho uma experiência extremamente aprazível, mesmo com o backtracking muito prevalente, pois é um jogo q diverte, faz a gente refletir sobre muitos temas de forma provocativa, e emociona como poucos JRPGs.