A última esperança de Innistrad
INNISTRAD'S LAST HOPE
http://magic.wizards.com/en/articles/arc...2016-06-29
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INNISTRAD'S LAST HOPE
http://magic.wizards.com/en/articles/arc...2016-06-29
Finos fios de metal penduravam-se nas pontas do véu.
Liliana Vess quase podia ver seu reflexo nos vasos de coleta espectral sob os fios, e na treliça da orbe witchbane no peitoril da janela, e nos tubos condutores que iam da janela para o telhado.
As gravuras em seu rosto era visíveis através do véu. As linhas em sua pele combinavam com a luz ameaçadora das nuvens de tempestade lá fora. Relâmpagos cintilavam adequadamente.
Dois demônios ainda precisavam morrer. Mas ela tinha que ter certeza que ela não morreria quando ela os enfrentasse. O Véu era uma arma potente, mas potencialmente mortal para seu portador. Se isso funcionasse, ela poderia usar o véu de forma segura. Ela não iria precisar da ajuda de nenhum mago mental que teimava em perseguir algum mistério qualquer através das províncias.
E ela poderia livrar o Multiverso dos seus credores. De uma vez por todas.
"Estamos prontos?" Liliana perguntou - Os outros na torre com ela não tinham exibido sequer uma fração do intelecto do escoteiro azul, mas eles teriam que bastar.
O geistmage, Dierk, listava itens para si mesmo em um micro-sussurro, enquanto ajustava uma série de bicos e grampos no orbe. O assistente de Dierk, Gared, estava na janela, seu olho maior vagando entre o equipamento e a tempestade de raios fora da torre.
Gared repousava sua mão em uma alavanca de tamanho considerável.
"Os coletores estão levantados, senhora", disse o geistmage. "E a tempestade está chegando a seu pico. Mas me sinto obrigado a ressaltar que estaremos canalizando uma enorme dose de energia espectral diretamente para o artefato ..."
"Você não tem que ressaltar nada", disse Liliana.
"... gerada pela força de uma tempestade."
"Sim."
"Enquanto você está usando o artefato."
"Eu sei."
"Na sua cara."
Liliana revirou os olhos. "O fluxo de energia Geist através do orbe, assim, agirá como uma espécie de antena espectral, cortando as manobras de contra-ataque do objeto, sublimando a reação como estática atmosférica inofensiva, contornando todas as repercussões e permitindo assim a livre utilização do artefato."
Dierk olhou para Gared, batendo com os dedos na boca. "Essa é a teoria."
"Olha, Dierk", disse Liliana. "Minha amiga recomendou-lhe porque ela achava que você sabia algo sobre manipulação de espíritos. Você entende disso ou não?"
"Claro que sim, senhora", disse Dierk, surpreso.
"Então-?"
"Então, vamos continuar." Dierk ajustou os óculos sobre os olhos. "Devo acrescentar ... isso vai doer."
"A dor é temporária", disse Liliana, sentando-se na cadeira. Os fios pendurados a partir das pontas do Véu. "Além disso, não aprenderíamos nada, testando isso em Gared."
Gared sorriu. Seu olho maior fechou-se por um momento, como o de um réptil. Dierk acenou para ele, e ele bateu o grande alavanca.
O orbe witchbane vibrou. Liliana podia sentir os elos do véu tocando as curvas de seu rosto.
"Está ativado", disse Dierk. "Agora tudo o que temos a fazer é esperar por um -"
Relâmpago.
Os dentes de Liliana apertaram-se involuntariamente quando a onda veio. Contorcendo-se, laços de energia floresceram nos fios a partir dos coletores do telhado, e os espíritos dos mortos, seguiram imediatamente. Geists gritavam através dos tubos, enchendo a esfera e o vidro reforçado com gritos eletro-espectrais. Um spray de faíscas escapava do equipamento, mas o circuito aguentou.
Uma explosão de energia uivante irrompeu do Véu. Liliana podia sentir o peso dele levantar de suas bochechas ligeiramente. Elos flutuantes, contra a força da gravidade.
Ela olhou para os outros. Dierk tinha desistido de tentar ajustar grampos e interruptores e pressionou as costas para a parede, protegendo o rosto com os braços. Gared esticou um dedo em direção a uma onda a de energia e recuou quando a tocou.
Entre eles, ela podia ver as marcas brilhando no equipamento, o contrato demoníaco gravado em sua pele, formando um halo em torno dela.
Esses eram os momentos em que Liliana se sentia mais bonita - quando ela estava prestes a exercer um poder que fazia os outros terem medo.
Ela agarrou os braços da cadeira e chamou o poder do véu.
A reação foi imediata e total. As milhares de almas que residiam no véu a encheram de poder, mas o poder vinha acoplado com a dor, e a dor era ofuscante, Inextricável da magia que concedia. O circuito de Geist não tinha impedido nada.
Provetas estalaram e os coletores explodiram.
"Eu estou acabando com o experimento!" Dierk disse, estendendo a mão para a alavanca.
"Não", disse Liliana, sua voz um punhal. Dierk retirou sua mão.
O aposento tremeu. Liliana agarrou a cadeira, tentando acalmar o lugar, tentando segurar o grito que queria desesperadamente sair, tentando ver além da dor.
“Dor é temporária.”
Quando ela não se pôde conter mais, ela gritou. Fusíveis explodiram e a torre ficou escura. O uivo espectral declinou, até Liliana só ouvir sua própria respiração exausta.
Gared riscou um fósforo e acendeu uma lanterna. O laboratório era uma zona de desastre. O equipamento foi arruinado. Chuva batia no peitoril da janela.
Liliana soltou o véu e deslizou-o fora de sua cabeça. O sangue escorria de suas gravuras.
"Eu mencionei os riscos, senhora", disse Dierk.
Ela olhou para ele, imaginando a pele do geistmage secando e seu esqueleto batendo, os dentes dizendo as palavras "Sinto muito."
Mas, em vez disso, ela acenou com a cabeça em direção à porta. "Você, saia. Entregue a esfera de volta para seu dono." Um boom do trovão foi o ponto final da fala.
Dierk rapidamente recolheu o orbe witchbane e alguns outros itens em sua bolsa e partiu. Os ecos de seus passos foram sumindo na escada em espiral.
Gared empurrou de lado uma pilha de vidro quebrado com o pé, mas não partiu.
Liliana pos o véu em um bolso da saia. Os melhores e mais brilhantes de Innistrad não tinham sido de ajuda. Tomos e grimoires de remédios espectrais espalhados pelo aposento. Nem mesmo o especialista em Geist de Olivia tinha sido capaz de domar o véu.
Liliana olhou pela janela para a tempestade que explodia sobre o campo de Stensia, limpando as palavras em sua pele com um lenço.
Na escuridão, Thraben brilhava como uma vela distante.
Ela detestava depender de outra pessoa.
Mas não era que ela precisasse dele, ela disse a si mesma. Era apenas que ela precisava que as pessoas precisassem dela. Assim, ela teria alguns corpos quentes para ficar entre ela e a dupla de senhores demoníacos que a esperva.
Se ao menos ele devesse algo a ela de alguma forma...
Do andar de baixo veio o grito de um homem. Um rosnando e o som de algo se quebrando, em seguida.
Liliana jogou o lenço pontilhado de vermelho de lado e desceu as escadas.
Ela os ouviu e os farejou. antes que ela os visse. Os rosnados guturais e seus ganido famintos. O fedor de pelo úmido sobre o fedor de sangue.
Lobisomens. Toda sala do trono de Liliana, tomada por lobisomens.
E eles pareciam - não exatamente doentes, mas deformados, como se a sua carne e ossos fossem massa de vidraceiro, nas mãos de alguma força de mutação não natural. Suas extremidades em formas estranhas, dobradas e enrugadas, como uma esteira de algas.
Mas eles ainda eram lobisomens, e eles ainda tinham garras. Dierk estava deitado no chão, o peito aberto. O conteúdo de sua bolsa e suas costelas, ambos derramados sobre o piso. Seu rosto estava pálido, travado em um olhar de surpresa, e ele estava exalando seu último suspiro como um balão se esvaziando.
Os lobisomens viram-se para Liliana, farejando. Um deles gritou, e tinha os olhos onde a sua língua deveria estar.
Um conjunto de magias, mortíferas, cada uma adaptada a cada um dos lobisomens na frente dela, era disso que ela precisava. Bastava energia suficiente para lidar com cada um, apenas para limpar o caminho para a porta da mansão.
"Gared!" Liliana gritou por cima do ombro. "Pegue seu casaco."
O véu não se moveu de seu bolso.
__
Horas mais tarde, a tempestade havia diminuído, mas os campos de Stensia haviam se tornado um circo de aberrações. Liliana observou que cada transeunte tinha algo “remodelado” sobre eles. Os corpos de vampiros errantes tinham as silhuetas erradas, sempre com muito pouco de alguma coisa, ou muito de outra coisa. Viajantes Anatomicamente improváveis, deliravam profecias sobre pedra e mar enquanto vagavam em movimentos diagonais.
Finalmente, Liliana, Gared (e um Dierk capenga), chegaram na porta monumental.
Lurenbraum Fortress estava acima deles, um penhasco íngreme, com uma cidadela que se projetava diretamente da face da rocha. Mais acima, a arquitetura utilitária, mais suave e alongada, em camadas de janelas de chumbo ornamentadas, cada uma com seu próprio lustre flutuante de velas cintilantes. Em muitas das janelas, vampiros olhavam para baixo para eles, vestindo armaduras reluzentes ancestrais.
Liliana fez um gesto para Gared bater.
Gared foi até a porta. "Você realmente conhece a dona da casa?" ele perguntou.
Dierk, por sua vez, fez um barulho borbulhante. O pescoço do homem estava quebrado, então a cabeça descansava em um ângulo estranho e sua garganta parecia irregular. Mas, pelo menos, as pernas estavam boas, e, pelo menos, seus braços tinham sido capazes de carregar o orbe witchbane gasto.
O casaco longo de Gared foi amarrado ao redor barriga de Dierk, fazendo o seu melhor para manter o restante do interior do homem morto dentro dele.
Liliana levantou a mão um pouco, e Dierk endireitou os ombros, mas sua cabeça ainda pendia para um lado. A língua ressecada não ficava completamente dentro de sua boca, contribuindo para o borbulhar.
Liliana deu de ombros.
"Eu procuro saber quem exerce o poder", disse Liliana. "Assim como ela."
Gared bateu na porta e ficou para trás.
A porta se abriu, e uma mulher imponente em um vestido ornamentado (ou, possivelmente, uma mulher ornamentada em um vestido imponente) apareceu. Ela estendeu um cajado, que irradiava como brasas quentes, ao rosto de Liliana.
"Ela não está recebendo visitantes humanos", disse a mulher, mostrando suas presas enquanto falava. Suas íris eram poços negros que pareciam arder.
"Estou retornando algo que pertence a ela", disse Liliana.
A mulher fez uma pausa, inspecionando visualmente Dierk e o orbe witchbane que ele carregava. "Deixe-o aqui. Então, vá-se embora desta propriedade, antes que eu chame uma invocação para cima de você."
Gared fez um movimento para confrontar a sacerdotisa vampírica, mas Liliana o deteve com um toque. Em uma fortaleza cheia de vampiros, um não lutava quando ainda havia uma chance de convencer.
"Eu falo com Olivia diretamente, por favor. Diga a ela Liliana Vess gostaria de vê-la."
"Eu te disse, ela não está recebendo mortais."
"Mortais!" Liliana riu. "Ah, abençoado seja esse coração sem sangue."
A vampira ergueu seu cajado, o símbolo irregular na ponta distorcia o ar com calor.
"Oh Liliana, minha querida!" Olivia Voldaren apareceu na porta de repente, descartando a sacerdotisa com um sibilo breve, mas maligno. A sacerdotisa ficou de lado, inclinando a cabeça, mas seguindo Liliana com os olhos.
Olivia estava gloriosa na armadura segmentada preta. Como de costume, seus pés não tocavam o chão. "Você veio para celebrar a boa notícia?" ela perguntou, guiando seus convidados. "Vem! vem!"
"Só devolvendo seu orbe", disse Liliana. "E o seu geistmage. E esperando que você possa saber o paradeiro de um conhecido meu." Ela sorriu agradavelmente para a sacerdotisa, enquanto ela passava. "O que exatamente estamos comemorando?"
Olivia pegou o braço de Liliana, flutuando ao lado dela e puxando-a mais profundamente na cidadela. "Ora, a longa espera acabou! Você não ouviu?"
Eles entraram em uma ampla galeria, onde elegantes vampiros estavam de pé, ou pairavam em cada escada, cada pouso. Centenas de olhos observavam Liliana e seus assistentes enquanto Olivia os guiava pelos corredores inferiores da fortaleza. Cada vampiro que já tinha carregado o nome Voldaren parecia estar no edifício, carrancudos em uníssono.
Liliana fez um movimento furtivo com uma mão. O cadáver de Dierk arrastou-se até uma velha cadeira dourada, caiu nela, e ficou ali, estatelado, com o orbe em seu colo. O casaco em torno de seu meio rasgado, segurando o seu conteúdo da melhor maneira possível.
Olivia se inclinou conspiratória, apertando o braço de Liliana. "Foi o arcanjo! Poof!" Ela gargalhou. "Virou uma mancha no chão da Catedral Thraben. Oh, é simplesmente bom demais."
"Avacyn está morta?" Um pequeno pensamento de Jace desceu sobre ela, como uma mariposa pousa em seu cabelo. Ele estava no encalço de Avacyn quando conversaram pela última vez...
Olivia fez uma varredura expansiva com o braço. "Nós da noite podemos nos alegrar, pois o mundo é nosso novamente! Eu fiquei bem chateada quando eu ouvi falar que ela tinha sido libertada de sua pequena gaiola."
Liliana levantou as sobrancelhas um milímetro.
"Mas Sorin teve finalmente bom senso, e se livrou daquela coisa. E agora, devo dizer, tudo funcionou muito bem, não foi?" Olivia riu.
Ela levou Liliana diante, através de galeria após galeria. Gared desapareceu no labirinto.
Liliana manteve-se com Olivia. "E agora você está levantando um exército."
"Bem, minha querida, acontece que quem abriu a Helvault-"
Liliana manteve o rosto corretamente imutável.
"-soltou mais do que apenas o arcanjo", Olivia continuou. "E mais do que apenas ... aqueles seus amigos demônio. Também soltaram aquela outra... Um drink?" Ela sinalizou para um vampiro nas proximidades. "Você aí, traga um drink para nossos convidados."
Um vampiro em uma armadura ornamentada empurrou um copo de vinho na mão de Liliana – vinho de verdade, e depois retirou-se.
Fora Liliana, é claro, quem tinha aberto a Câmara Infernal e derramado o seu conteúdo por toda Innistrad. Ela havia matado o demônio Griselbrand. As outras consequências da sua abertura não tinham nenhuma importância para ela. Ela não tinha visto nenhuma razão para deixar o seu círculo social vampiresco saber de nada disso.
"E ela parece bastante ofendida, agora que ela está livre", Olivia continuou. "Não posso dizer que eu a culpo. Como eu disse, eu estava furiosa antes, mas agora eu adoraria saber quem abriu a vault, só para expressar a minha gratidão absoluta!"
Liliana não sabia quem mais poderia ter escapado da Câmara Infernal, que fosse tão importante para Olivia. Mas ela tinha uma intuição que ela estava conectada com as mudanças que ela tinha visto em toda Innistrad. Os lobisomens deformadas em sua mansão. O campo de vampiros retorcidos, os andarilhos delirantes.
Este era o tipo de coisa que fascinava o escoteiro. Liliana só queria alguns demônios mortos. Mas talvez os caminhos dos dois poderiam se conectar, no final das contas.
Elas emergiram em um amplo salão, densamente acarpetado. Um vampiro alto, de cabelos brancos, trajando um longo casaco, estava de costas para elas, olhando pelas janelas altas para a noite.
Liliana sentiu garras cravando em seu braço.
"Sabemos que foi você", Olivia sussurrou, de repente, em sua orelha. "Nós sabemos que você os libertou." Ela acrescentou, "Não é verdade, Sorin?"
Sorin Markov virou-se para enfrentá-los. E ele vestia o ódio como uma roupa de gala.
"Você", disse ele.
"Olha quem está nos fazendo uma visita", disse Olivia. "Sorin, eu acredito que você conhece Liliana Vess?"
"Você fez isso", disse Sorin. "Você libertou a Lithomancer e trouxe isso sobre nós."
Liliana arrancou seu braço longe de Olivia. Ela andou até Sorin e o olhou de cima a baixo. Finalmente, ela riu, pegando num grão de poeira da lapela de Sorin.
"Eu tinha negócios a resolver", disse ela. "Não é minha culpa se o seu armário estava cheio de esqueletos."
"Você não tinha o direito", Sorin disse, cada palavra como uma lâmina faiscando em uma pedra de amolar.
"Sorin, você e eu temos outro assunto para atender", disse Olivia, flutuando em torno deles. "Mas eu seria negligente se eu não permitisse que vocês dois botassem a conversa em dia, não seria?"
Sorin trouxe seu rosto perto de Liliana. "Tudo isso é por causa de você. A Lithomancer está livre, e agora temos de enfrenta-la."
"Você tem um exército vampírico montado", disse Liliana. Ela sorriu para ele. "Ou, deixe-me adivinhar... Seriam mais uma força de defesa? Você menosprezou ela, não é?"
As presas de Sorin brilhavam. "Eu lhe disse, quando você veio aqui como um filhote - Innistrad é minha. Você se intromete em meus assuntos, você morre."
Liliana olhou-o nos olhos, os dedos, descendo para tocar os anéis do véu em sua cintura. As gravuras começaram a brilhar em sua pele e seu cabelo flutuou ligeiramente.
"Innistrad pode ser o seu domínio, Sorin", ela sussurrou. Então, deu um tapinha no braço dele. "Mas a morte é o meu."
Sorin rosnou, batendo o braço fora e pressionando a testa na dela. Seus olhos viraram-se, apenas brevemente, para o pescoço dela.
"Agora, meus amigos!" Olivia riu levemente, colocando-se entre eles. "Ainda que eu fosse adorar ver os dois se destruindo em meu salão ... Sorin, parece que chegou a hora. Junte-se a mim lá fora. Nahiri aguarda." Ela fez um gesto em direção às janelas altas, para a noite.
Liliana se assustou com o que viu através do vidro. O remanescente da tempestade de raios era agora um amontoado de nuvens agitadas ao longo da costa de Nephalia. Garras de névoa estendendiam-se em todas as direções. Não eram apenas alguns lobisomens ou vampiros que estavam sendo deformados. Seja qual fosse a força que tinha chegado, ela ameaçava rasgar toda Innistrad.
Olivia deslizou uma espada da bainha. "Liliana, minha querida, eu receio que você já esgotou o meu estoque de especialistas Geist e brinquedos espectrais. Mas talvez você gostaria de se juntar a nós? Afinal, você foi quem libertou Nahiri. Ela pode até querer agradecer você."
Liliana apenas observava as nuvens. Isso era magia antiga, profunda, alteradora de mundos e vingativa...
"Ela causou isso?"
"O ato mesquinho de um mago mesquinho", Sorin murmurou. "Com um sentido equivocado de justiça."
"Então foi você quem causou tudo isso", disse Liliana. "Você a atacou!"
"E agora nós vamos ataca-la de novo", disse Olivia com um sorriso cheio de presas.
Enquadrada nas janelas da fortaleza, a massa atmosférica deslocova-se lentamente desde a sua origem ao longo da costa Nephalia, inclinando em direção à província Gavony e às luzes de High City. O céu parecia amassado e rasgado, como os lobisomens, Liliana pensou. Era como se o plano – o lar de Sorin - tivesse sido maculado de propósito, deformado de horizonte a horizonte, só porque Sorin se importava com ele. Quem quer que fosse aquela Nahiri, Liliana teve que admitir, ela não fazia as coisas pela metade.
"Você não está nem um pouco preocupado com o que a vingança dela está fazendo com Innistrad?" Liliana perguntou. "Jace está", ela se endireitou - "há milhares de pessoas lá fora."
"Este mundo está em ruínas", disse Sorin. "Ela tem a certeza disso. E o seu Jace vai morrer em Thraben com o resto deles."
"O que Sorin está dizendo," Olivia disse brilhantemente, "é que parar Nahiri, certamente irá parar o mal que ela está fazendo. Nós estamos em uma missão heróica!"
Liliana olhou para fora, em seguida, olhou para Olivia, agora com uma ternura terrível. "Oh, doce criança."
Sorin deslizou sua espada da bainha, preguiçosamente, como uma reflexão tardia. "Vamos, Olivia." Ele virou-se e saiu da sala e para fora da mansão sem outra palavra.
Olivia flutuava atrás dele, e fileiras de vampiros Voldaren a seguiram, suas armaduras ecoando pelos corredores.
Liliana seguiu-os para fora. Quando ela viu Gared novamente, ela disse, "Gared, pegue o seu casaco."
Gared olhou com tristeza para o casaco e começou a tarefa de desembaraça-lo de Dierk.
___
Eles saíram para a noite.
O vento uivava, grandes cones chocavam-se o céu. Um brilho sobrenatural tingia as barrigas inchadas das nuvens.
Liliana tirou o cabelo de seu rosto. Ela olhou para as colinas distantes de Gavony, enquanto grandes sombras se reuniam sobre ela.
“Isto é o que Jace está tentando parar”, ela pensou.
Sorin mal olhou por cima do ombro enquanto ele e os vampiros se organizavam. Ele apontou com a espada. "Vamos, Olivia", entoou sobre o vento. "É hora de você cumprir sua parte no trato."
Olivia sorriu alegremente e subiu ao ar. O exército de vampiros marchou descendo a colina, espadas e lanças e símbolos em brasa adentrando nas névoas, para a batalha contra Nahiri.
Não para combater os horrores que Nahiri fizera sobre este mundo. Não para ajudar aquele Jace meio enlouquecido.
Este mundo estava destinado a morrer, então, pensou Liliana. Seus protetores tinham abandonado ele. Era hora de dizer adeus. "Adeus, Mansão Vess."
O céu soltou um som insondável que sacudiu os ossos de Liliana.
Na distância, Thraben brilhava como uma estrela caída descansando no horizonte. "Adeus, escoteiro".
Mas quando percebeu, ela estava andando, descendo a colina, em um caminho diferente dos vampiros. Ela estava na estrada. Ela passou por uma cova coletiva, onde os criminosos eram jogados após a execução de suas sentenças. Ela os chamou. Cadáveres arrastaram-se para fora da terra. Ela continuou andando. Os cadáveres a seguiram.
Ela passou por outro cemitério, e outro. Um pequeno santuário de beira de estrada, o mausoléu de um cathar honrado. Cada vez, ela estendeu a mão. Cada vez, os mortos a obedeceram, acordando de seu descanso e balançando-se atrás dela.
Enquanto caminhava na direção de Thraben, ela estendeu a mão até a cintura.
Ela quase podia ouvir as dezenas de essências espectrais zombando dela, cantando para ela de dentro do véu-sobre o som dos zumbis obedientemente cambaleando pelo caminho na estrada, atrás dela.
Sorin e Olivia não iam fazer nada sobre a crise que Nahiri tinha causado. E a única pessoa que ela sabia que entendia - ele e seu cérebro quebrado, irritante, insondável, estava seguindo sua curiosidade diretamente à uma morte confusa, dolorosa, e quase certamente inevitável.
Não era que ela precisava dele. Era simplesmente que ela precisava de alguém que precisasse dela.
"Bem, Gared", ela disse em voz alta contra o vento.
Ela levantou os braços, sentindo as gravuras como vasos sanguíneos quentes em sua pele.
"Parece como se eu sou ..."
Uma dúzia de zumbis mais cambaleou para fora da terra, obrigados a seguir em seu rastro de poder necromântico.
"...a última esperança."
Os cadáveres não pareciam distorcidos, pelo menos não mais distorcidos do que os seus ossos desgrenhados já haviam se tornado por seus anos no solo. Os mortos pareciam estar livres dos efeitos do que quer que fosse que estivesse distorcendo o plano.
"... Deste mundo ..."
Liliana sorriu.
Liliana Vess quase podia ver seu reflexo nos vasos de coleta espectral sob os fios, e na treliça da orbe witchbane no peitoril da janela, e nos tubos condutores que iam da janela para o telhado.
As gravuras em seu rosto era visíveis através do véu. As linhas em sua pele combinavam com a luz ameaçadora das nuvens de tempestade lá fora. Relâmpagos cintilavam adequadamente.
Dois demônios ainda precisavam morrer. Mas ela tinha que ter certeza que ela não morreria quando ela os enfrentasse. O Véu era uma arma potente, mas potencialmente mortal para seu portador. Se isso funcionasse, ela poderia usar o véu de forma segura. Ela não iria precisar da ajuda de nenhum mago mental que teimava em perseguir algum mistério qualquer através das províncias.
E ela poderia livrar o Multiverso dos seus credores. De uma vez por todas.
"Estamos prontos?" Liliana perguntou - Os outros na torre com ela não tinham exibido sequer uma fração do intelecto do escoteiro azul, mas eles teriam que bastar.
O geistmage, Dierk, listava itens para si mesmo em um micro-sussurro, enquanto ajustava uma série de bicos e grampos no orbe. O assistente de Dierk, Gared, estava na janela, seu olho maior vagando entre o equipamento e a tempestade de raios fora da torre.
Gared repousava sua mão em uma alavanca de tamanho considerável.
"Os coletores estão levantados, senhora", disse o geistmage. "E a tempestade está chegando a seu pico. Mas me sinto obrigado a ressaltar que estaremos canalizando uma enorme dose de energia espectral diretamente para o artefato ..."
"Você não tem que ressaltar nada", disse Liliana.
"... gerada pela força de uma tempestade."
"Sim."
"Enquanto você está usando o artefato."
"Eu sei."
"Na sua cara."
Liliana revirou os olhos. "O fluxo de energia Geist através do orbe, assim, agirá como uma espécie de antena espectral, cortando as manobras de contra-ataque do objeto, sublimando a reação como estática atmosférica inofensiva, contornando todas as repercussões e permitindo assim a livre utilização do artefato."
Dierk olhou para Gared, batendo com os dedos na boca. "Essa é a teoria."
"Olha, Dierk", disse Liliana. "Minha amiga recomendou-lhe porque ela achava que você sabia algo sobre manipulação de espíritos. Você entende disso ou não?"
"Claro que sim, senhora", disse Dierk, surpreso.
"Então-?"
"Então, vamos continuar." Dierk ajustou os óculos sobre os olhos. "Devo acrescentar ... isso vai doer."
"A dor é temporária", disse Liliana, sentando-se na cadeira. Os fios pendurados a partir das pontas do Véu. "Além disso, não aprenderíamos nada, testando isso em Gared."
Gared sorriu. Seu olho maior fechou-se por um momento, como o de um réptil. Dierk acenou para ele, e ele bateu o grande alavanca.
O orbe witchbane vibrou. Liliana podia sentir os elos do véu tocando as curvas de seu rosto.
"Está ativado", disse Dierk. "Agora tudo o que temos a fazer é esperar por um -"
Relâmpago.
Os dentes de Liliana apertaram-se involuntariamente quando a onda veio. Contorcendo-se, laços de energia floresceram nos fios a partir dos coletores do telhado, e os espíritos dos mortos, seguiram imediatamente. Geists gritavam através dos tubos, enchendo a esfera e o vidro reforçado com gritos eletro-espectrais. Um spray de faíscas escapava do equipamento, mas o circuito aguentou.
Uma explosão de energia uivante irrompeu do Véu. Liliana podia sentir o peso dele levantar de suas bochechas ligeiramente. Elos flutuantes, contra a força da gravidade.
Ela olhou para os outros. Dierk tinha desistido de tentar ajustar grampos e interruptores e pressionou as costas para a parede, protegendo o rosto com os braços. Gared esticou um dedo em direção a uma onda a de energia e recuou quando a tocou.
Entre eles, ela podia ver as marcas brilhando no equipamento, o contrato demoníaco gravado em sua pele, formando um halo em torno dela.
Esses eram os momentos em que Liliana se sentia mais bonita - quando ela estava prestes a exercer um poder que fazia os outros terem medo.
Ela agarrou os braços da cadeira e chamou o poder do véu.
A reação foi imediata e total. As milhares de almas que residiam no véu a encheram de poder, mas o poder vinha acoplado com a dor, e a dor era ofuscante, Inextricável da magia que concedia. O circuito de Geist não tinha impedido nada.
Provetas estalaram e os coletores explodiram.
"Eu estou acabando com o experimento!" Dierk disse, estendendo a mão para a alavanca.
"Não", disse Liliana, sua voz um punhal. Dierk retirou sua mão.
O aposento tremeu. Liliana agarrou a cadeira, tentando acalmar o lugar, tentando segurar o grito que queria desesperadamente sair, tentando ver além da dor.
“Dor é temporária.”
Quando ela não se pôde conter mais, ela gritou. Fusíveis explodiram e a torre ficou escura. O uivo espectral declinou, até Liliana só ouvir sua própria respiração exausta.
Gared riscou um fósforo e acendeu uma lanterna. O laboratório era uma zona de desastre. O equipamento foi arruinado. Chuva batia no peitoril da janela.
Liliana soltou o véu e deslizou-o fora de sua cabeça. O sangue escorria de suas gravuras.
"Eu mencionei os riscos, senhora", disse Dierk.
Ela olhou para ele, imaginando a pele do geistmage secando e seu esqueleto batendo, os dentes dizendo as palavras "Sinto muito."
Mas, em vez disso, ela acenou com a cabeça em direção à porta. "Você, saia. Entregue a esfera de volta para seu dono." Um boom do trovão foi o ponto final da fala.
Dierk rapidamente recolheu o orbe witchbane e alguns outros itens em sua bolsa e partiu. Os ecos de seus passos foram sumindo na escada em espiral.
Gared empurrou de lado uma pilha de vidro quebrado com o pé, mas não partiu.
Liliana pos o véu em um bolso da saia. Os melhores e mais brilhantes de Innistrad não tinham sido de ajuda. Tomos e grimoires de remédios espectrais espalhados pelo aposento. Nem mesmo o especialista em Geist de Olivia tinha sido capaz de domar o véu.
Liliana olhou pela janela para a tempestade que explodia sobre o campo de Stensia, limpando as palavras em sua pele com um lenço.
Na escuridão, Thraben brilhava como uma vela distante.
Ela detestava depender de outra pessoa.
Mas não era que ela precisasse dele, ela disse a si mesma. Era apenas que ela precisava que as pessoas precisassem dela. Assim, ela teria alguns corpos quentes para ficar entre ela e a dupla de senhores demoníacos que a esperva.
Se ao menos ele devesse algo a ela de alguma forma...
Do andar de baixo veio o grito de um homem. Um rosnando e o som de algo se quebrando, em seguida.
Liliana jogou o lenço pontilhado de vermelho de lado e desceu as escadas.
Ela os ouviu e os farejou. antes que ela os visse. Os rosnados guturais e seus ganido famintos. O fedor de pelo úmido sobre o fedor de sangue.
Lobisomens. Toda sala do trono de Liliana, tomada por lobisomens.
E eles pareciam - não exatamente doentes, mas deformados, como se a sua carne e ossos fossem massa de vidraceiro, nas mãos de alguma força de mutação não natural. Suas extremidades em formas estranhas, dobradas e enrugadas, como uma esteira de algas.
Mas eles ainda eram lobisomens, e eles ainda tinham garras. Dierk estava deitado no chão, o peito aberto. O conteúdo de sua bolsa e suas costelas, ambos derramados sobre o piso. Seu rosto estava pálido, travado em um olhar de surpresa, e ele estava exalando seu último suspiro como um balão se esvaziando.
Os lobisomens viram-se para Liliana, farejando. Um deles gritou, e tinha os olhos onde a sua língua deveria estar.
Um conjunto de magias, mortíferas, cada uma adaptada a cada um dos lobisomens na frente dela, era disso que ela precisava. Bastava energia suficiente para lidar com cada um, apenas para limpar o caminho para a porta da mansão.
"Gared!" Liliana gritou por cima do ombro. "Pegue seu casaco."
O véu não se moveu de seu bolso.
__
Horas mais tarde, a tempestade havia diminuído, mas os campos de Stensia haviam se tornado um circo de aberrações. Liliana observou que cada transeunte tinha algo “remodelado” sobre eles. Os corpos de vampiros errantes tinham as silhuetas erradas, sempre com muito pouco de alguma coisa, ou muito de outra coisa. Viajantes Anatomicamente improváveis, deliravam profecias sobre pedra e mar enquanto vagavam em movimentos diagonais.
Finalmente, Liliana, Gared (e um Dierk capenga), chegaram na porta monumental.
Lurenbraum Fortress estava acima deles, um penhasco íngreme, com uma cidadela que se projetava diretamente da face da rocha. Mais acima, a arquitetura utilitária, mais suave e alongada, em camadas de janelas de chumbo ornamentadas, cada uma com seu próprio lustre flutuante de velas cintilantes. Em muitas das janelas, vampiros olhavam para baixo para eles, vestindo armaduras reluzentes ancestrais.
Liliana fez um gesto para Gared bater.
Gared foi até a porta. "Você realmente conhece a dona da casa?" ele perguntou.
Dierk, por sua vez, fez um barulho borbulhante. O pescoço do homem estava quebrado, então a cabeça descansava em um ângulo estranho e sua garganta parecia irregular. Mas, pelo menos, as pernas estavam boas, e, pelo menos, seus braços tinham sido capazes de carregar o orbe witchbane gasto.
O casaco longo de Gared foi amarrado ao redor barriga de Dierk, fazendo o seu melhor para manter o restante do interior do homem morto dentro dele.
Liliana levantou a mão um pouco, e Dierk endireitou os ombros, mas sua cabeça ainda pendia para um lado. A língua ressecada não ficava completamente dentro de sua boca, contribuindo para o borbulhar.
Liliana deu de ombros.
"Eu procuro saber quem exerce o poder", disse Liliana. "Assim como ela."
Gared bateu na porta e ficou para trás.
A porta se abriu, e uma mulher imponente em um vestido ornamentado (ou, possivelmente, uma mulher ornamentada em um vestido imponente) apareceu. Ela estendeu um cajado, que irradiava como brasas quentes, ao rosto de Liliana.
"Ela não está recebendo visitantes humanos", disse a mulher, mostrando suas presas enquanto falava. Suas íris eram poços negros que pareciam arder.
"Estou retornando algo que pertence a ela", disse Liliana.
A mulher fez uma pausa, inspecionando visualmente Dierk e o orbe witchbane que ele carregava. "Deixe-o aqui. Então, vá-se embora desta propriedade, antes que eu chame uma invocação para cima de você."
Gared fez um movimento para confrontar a sacerdotisa vampírica, mas Liliana o deteve com um toque. Em uma fortaleza cheia de vampiros, um não lutava quando ainda havia uma chance de convencer.
"Eu falo com Olivia diretamente, por favor. Diga a ela Liliana Vess gostaria de vê-la."
"Eu te disse, ela não está recebendo mortais."
"Mortais!" Liliana riu. "Ah, abençoado seja esse coração sem sangue."
A vampira ergueu seu cajado, o símbolo irregular na ponta distorcia o ar com calor.
"Oh Liliana, minha querida!" Olivia Voldaren apareceu na porta de repente, descartando a sacerdotisa com um sibilo breve, mas maligno. A sacerdotisa ficou de lado, inclinando a cabeça, mas seguindo Liliana com os olhos.
Olivia estava gloriosa na armadura segmentada preta. Como de costume, seus pés não tocavam o chão. "Você veio para celebrar a boa notícia?" ela perguntou, guiando seus convidados. "Vem! vem!"
"Só devolvendo seu orbe", disse Liliana. "E o seu geistmage. E esperando que você possa saber o paradeiro de um conhecido meu." Ela sorriu agradavelmente para a sacerdotisa, enquanto ela passava. "O que exatamente estamos comemorando?"
Olivia pegou o braço de Liliana, flutuando ao lado dela e puxando-a mais profundamente na cidadela. "Ora, a longa espera acabou! Você não ouviu?"
Eles entraram em uma ampla galeria, onde elegantes vampiros estavam de pé, ou pairavam em cada escada, cada pouso. Centenas de olhos observavam Liliana e seus assistentes enquanto Olivia os guiava pelos corredores inferiores da fortaleza. Cada vampiro que já tinha carregado o nome Voldaren parecia estar no edifício, carrancudos em uníssono.
Liliana fez um movimento furtivo com uma mão. O cadáver de Dierk arrastou-se até uma velha cadeira dourada, caiu nela, e ficou ali, estatelado, com o orbe em seu colo. O casaco em torno de seu meio rasgado, segurando o seu conteúdo da melhor maneira possível.
Olivia se inclinou conspiratória, apertando o braço de Liliana. "Foi o arcanjo! Poof!" Ela gargalhou. "Virou uma mancha no chão da Catedral Thraben. Oh, é simplesmente bom demais."
"Avacyn está morta?" Um pequeno pensamento de Jace desceu sobre ela, como uma mariposa pousa em seu cabelo. Ele estava no encalço de Avacyn quando conversaram pela última vez...
Olivia fez uma varredura expansiva com o braço. "Nós da noite podemos nos alegrar, pois o mundo é nosso novamente! Eu fiquei bem chateada quando eu ouvi falar que ela tinha sido libertada de sua pequena gaiola."
Liliana levantou as sobrancelhas um milímetro.
"Mas Sorin teve finalmente bom senso, e se livrou daquela coisa. E agora, devo dizer, tudo funcionou muito bem, não foi?" Olivia riu.
Ela levou Liliana diante, através de galeria após galeria. Gared desapareceu no labirinto.
Liliana manteve-se com Olivia. "E agora você está levantando um exército."
"Bem, minha querida, acontece que quem abriu a Helvault-"
Liliana manteve o rosto corretamente imutável.
"-soltou mais do que apenas o arcanjo", Olivia continuou. "E mais do que apenas ... aqueles seus amigos demônio. Também soltaram aquela outra... Um drink?" Ela sinalizou para um vampiro nas proximidades. "Você aí, traga um drink para nossos convidados."
Um vampiro em uma armadura ornamentada empurrou um copo de vinho na mão de Liliana – vinho de verdade, e depois retirou-se.
Fora Liliana, é claro, quem tinha aberto a Câmara Infernal e derramado o seu conteúdo por toda Innistrad. Ela havia matado o demônio Griselbrand. As outras consequências da sua abertura não tinham nenhuma importância para ela. Ela não tinha visto nenhuma razão para deixar o seu círculo social vampiresco saber de nada disso.
"E ela parece bastante ofendida, agora que ela está livre", Olivia continuou. "Não posso dizer que eu a culpo. Como eu disse, eu estava furiosa antes, mas agora eu adoraria saber quem abriu a vault, só para expressar a minha gratidão absoluta!"
Liliana não sabia quem mais poderia ter escapado da Câmara Infernal, que fosse tão importante para Olivia. Mas ela tinha uma intuição que ela estava conectada com as mudanças que ela tinha visto em toda Innistrad. Os lobisomens deformadas em sua mansão. O campo de vampiros retorcidos, os andarilhos delirantes.
Este era o tipo de coisa que fascinava o escoteiro. Liliana só queria alguns demônios mortos. Mas talvez os caminhos dos dois poderiam se conectar, no final das contas.
Elas emergiram em um amplo salão, densamente acarpetado. Um vampiro alto, de cabelos brancos, trajando um longo casaco, estava de costas para elas, olhando pelas janelas altas para a noite.
Liliana sentiu garras cravando em seu braço.
"Sabemos que foi você", Olivia sussurrou, de repente, em sua orelha. "Nós sabemos que você os libertou." Ela acrescentou, "Não é verdade, Sorin?"
Sorin Markov virou-se para enfrentá-los. E ele vestia o ódio como uma roupa de gala.
"Você", disse ele.
"Olha quem está nos fazendo uma visita", disse Olivia. "Sorin, eu acredito que você conhece Liliana Vess?"
"Você fez isso", disse Sorin. "Você libertou a Lithomancer e trouxe isso sobre nós."
Liliana arrancou seu braço longe de Olivia. Ela andou até Sorin e o olhou de cima a baixo. Finalmente, ela riu, pegando num grão de poeira da lapela de Sorin.
"Eu tinha negócios a resolver", disse ela. "Não é minha culpa se o seu armário estava cheio de esqueletos."
"Você não tinha o direito", Sorin disse, cada palavra como uma lâmina faiscando em uma pedra de amolar.
"Sorin, você e eu temos outro assunto para atender", disse Olivia, flutuando em torno deles. "Mas eu seria negligente se eu não permitisse que vocês dois botassem a conversa em dia, não seria?"
Sorin trouxe seu rosto perto de Liliana. "Tudo isso é por causa de você. A Lithomancer está livre, e agora temos de enfrenta-la."
"Você tem um exército vampírico montado", disse Liliana. Ela sorriu para ele. "Ou, deixe-me adivinhar... Seriam mais uma força de defesa? Você menosprezou ela, não é?"
As presas de Sorin brilhavam. "Eu lhe disse, quando você veio aqui como um filhote - Innistrad é minha. Você se intromete em meus assuntos, você morre."
Liliana olhou-o nos olhos, os dedos, descendo para tocar os anéis do véu em sua cintura. As gravuras começaram a brilhar em sua pele e seu cabelo flutuou ligeiramente.
"Innistrad pode ser o seu domínio, Sorin", ela sussurrou. Então, deu um tapinha no braço dele. "Mas a morte é o meu."
Sorin rosnou, batendo o braço fora e pressionando a testa na dela. Seus olhos viraram-se, apenas brevemente, para o pescoço dela.
"Agora, meus amigos!" Olivia riu levemente, colocando-se entre eles. "Ainda que eu fosse adorar ver os dois se destruindo em meu salão ... Sorin, parece que chegou a hora. Junte-se a mim lá fora. Nahiri aguarda." Ela fez um gesto em direção às janelas altas, para a noite.
Liliana se assustou com o que viu através do vidro. O remanescente da tempestade de raios era agora um amontoado de nuvens agitadas ao longo da costa de Nephalia. Garras de névoa estendendiam-se em todas as direções. Não eram apenas alguns lobisomens ou vampiros que estavam sendo deformados. Seja qual fosse a força que tinha chegado, ela ameaçava rasgar toda Innistrad.
Olivia deslizou uma espada da bainha. "Liliana, minha querida, eu receio que você já esgotou o meu estoque de especialistas Geist e brinquedos espectrais. Mas talvez você gostaria de se juntar a nós? Afinal, você foi quem libertou Nahiri. Ela pode até querer agradecer você."
Liliana apenas observava as nuvens. Isso era magia antiga, profunda, alteradora de mundos e vingativa...
"Ela causou isso?"
"O ato mesquinho de um mago mesquinho", Sorin murmurou. "Com um sentido equivocado de justiça."
"Então foi você quem causou tudo isso", disse Liliana. "Você a atacou!"
"E agora nós vamos ataca-la de novo", disse Olivia com um sorriso cheio de presas.
Enquadrada nas janelas da fortaleza, a massa atmosférica deslocova-se lentamente desde a sua origem ao longo da costa Nephalia, inclinando em direção à província Gavony e às luzes de High City. O céu parecia amassado e rasgado, como os lobisomens, Liliana pensou. Era como se o plano – o lar de Sorin - tivesse sido maculado de propósito, deformado de horizonte a horizonte, só porque Sorin se importava com ele. Quem quer que fosse aquela Nahiri, Liliana teve que admitir, ela não fazia as coisas pela metade.
"Você não está nem um pouco preocupado com o que a vingança dela está fazendo com Innistrad?" Liliana perguntou. "Jace está", ela se endireitou - "há milhares de pessoas lá fora."
"Este mundo está em ruínas", disse Sorin. "Ela tem a certeza disso. E o seu Jace vai morrer em Thraben com o resto deles."
"O que Sorin está dizendo," Olivia disse brilhantemente, "é que parar Nahiri, certamente irá parar o mal que ela está fazendo. Nós estamos em uma missão heróica!"
Liliana olhou para fora, em seguida, olhou para Olivia, agora com uma ternura terrível. "Oh, doce criança."
Sorin deslizou sua espada da bainha, preguiçosamente, como uma reflexão tardia. "Vamos, Olivia." Ele virou-se e saiu da sala e para fora da mansão sem outra palavra.
Olivia flutuava atrás dele, e fileiras de vampiros Voldaren a seguiram, suas armaduras ecoando pelos corredores.
Liliana seguiu-os para fora. Quando ela viu Gared novamente, ela disse, "Gared, pegue o seu casaco."
Gared olhou com tristeza para o casaco e começou a tarefa de desembaraça-lo de Dierk.
___
Eles saíram para a noite.
O vento uivava, grandes cones chocavam-se o céu. Um brilho sobrenatural tingia as barrigas inchadas das nuvens.
Liliana tirou o cabelo de seu rosto. Ela olhou para as colinas distantes de Gavony, enquanto grandes sombras se reuniam sobre ela.
“Isto é o que Jace está tentando parar”, ela pensou.
Sorin mal olhou por cima do ombro enquanto ele e os vampiros se organizavam. Ele apontou com a espada. "Vamos, Olivia", entoou sobre o vento. "É hora de você cumprir sua parte no trato."
Olivia sorriu alegremente e subiu ao ar. O exército de vampiros marchou descendo a colina, espadas e lanças e símbolos em brasa adentrando nas névoas, para a batalha contra Nahiri.
Não para combater os horrores que Nahiri fizera sobre este mundo. Não para ajudar aquele Jace meio enlouquecido.
Este mundo estava destinado a morrer, então, pensou Liliana. Seus protetores tinham abandonado ele. Era hora de dizer adeus. "Adeus, Mansão Vess."
O céu soltou um som insondável que sacudiu os ossos de Liliana.
Na distância, Thraben brilhava como uma estrela caída descansando no horizonte. "Adeus, escoteiro".
Mas quando percebeu, ela estava andando, descendo a colina, em um caminho diferente dos vampiros. Ela estava na estrada. Ela passou por uma cova coletiva, onde os criminosos eram jogados após a execução de suas sentenças. Ela os chamou. Cadáveres arrastaram-se para fora da terra. Ela continuou andando. Os cadáveres a seguiram.
Ela passou por outro cemitério, e outro. Um pequeno santuário de beira de estrada, o mausoléu de um cathar honrado. Cada vez, ela estendeu a mão. Cada vez, os mortos a obedeceram, acordando de seu descanso e balançando-se atrás dela.
Enquanto caminhava na direção de Thraben, ela estendeu a mão até a cintura.
Ela quase podia ouvir as dezenas de essências espectrais zombando dela, cantando para ela de dentro do véu-sobre o som dos zumbis obedientemente cambaleando pelo caminho na estrada, atrás dela.
Sorin e Olivia não iam fazer nada sobre a crise que Nahiri tinha causado. E a única pessoa que ela sabia que entendia - ele e seu cérebro quebrado, irritante, insondável, estava seguindo sua curiosidade diretamente à uma morte confusa, dolorosa, e quase certamente inevitável.
Não era que ela precisava dele. Era simplesmente que ela precisava de alguém que precisasse dela.
"Bem, Gared", ela disse em voz alta contra o vento.
Ela levantou os braços, sentindo as gravuras como vasos sanguíneos quentes em sua pele.
"Parece como se eu sou ..."
Uma dúzia de zumbis mais cambaleou para fora da terra, obrigados a seguir em seu rastro de poder necromântico.
"...a última esperança."
Os cadáveres não pareciam distorcidos, pelo menos não mais distorcidos do que os seus ossos desgrenhados já haviam se tornado por seus anos no solo. Os mortos pareciam estar livres dos efeitos do que quer que fosse que estivesse distorcendo o plano.
"... Deste mundo ..."
Liliana sorriu.
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