Oficial Central dos JRPGs XIV

[Kotonete]

Ontem resolvi praticar um esporte radical chamado "Começar Baten Kaitos Origins tendo jogado o Baten Kaitos:Eternal Wings só pela metade, correndo o risco de possivelmente encontrar alguma coisa que estragasse o final do original no processo". Felizmente deu tudo certo. Inclusive, pra quem começou o Origins e tá sentindo que tá faltando informação: com base no que eu joguei nas primeiras 3h de jogo, ele não pede que você saiba absolutamente nada sobre o Eternal Wings pra entender as coisas: se mencionaram alguma coisa e você ficou sem entender o que é, é porque o jogo mesmo ainda não quer te contar. No máximo tem easter eggs, mas são coisas sutís.

...Anyway hoje sentei e terminel o Eternal Wings de fato.



Nem vou escrever spoilers da trama, mas vou botar em spoiler só pra não descarrilhar o assunto do tópico com o outro jogo (e porque vai ser um textão ).

Talvez eu tivesse gostado muito mais se jogado na época, mas hoje em dia tenho menos tempo e sou mais impaciente, então isso afetou muito a experiência.

Eu comecei jogando no Cube (porque eu já tinha aqui original e tudo), e depois que o Posseidão me lembrou as melhorias de qualidade de vida do remaster, acabei largando mão de jogar o OG e comprei o collection mesmo. Uma decisão 100% acertada, porque tcho falar: zerar Eternal Wings pela primeira vez hoje em dia é complicadíssimo: o jogo é muito bom, mas tá envelhecendo pacas.

Pra resumir, é um jogo ridiculamente lento. As animações são lentas, as lutas são muito longas, tem vários cenários que a travessia é muito burocrática e cansativa, etc.. Nada é excepcionalmente ruim, mas quando junta tudo isso o jogo fica bem arrastado.

Pra piorar tem duas decisões de design que comecei achando super interessantes, mas que no fim não só atrapalham o gameplay como também estragam a vida de qualquer um que quer fazer 100% no jogo:
- A sua principal fonte de renda é tirar foto dos inimigos pra vender. Mas esperar a câmera vir é dureza, deixando todo primeiro encontro com os inimigos bem arrastado (e você quer que tirar foto logo porque, como o jogo tem muito missable, você sempre corre o risco de trombar com um inimigo que você nunca mais vai ver no jogo).
- No papel o negócios das cartas envelhecerem e virarem outras coisas é ótimo. Mas, você tem inventário limitado, e ou você fica ocupando espaço com coisa que vai ser útil daqui a 10h de jogo, ou você joga fora -> descobre muito tempo depois a utilidade daquilo -> fica x horas esperando uma carta nova envelhecer pra chegar no estado que você quer.

Felizmente o remaster tem várias ferramentas pra suavizar vários problemas: a principal delas sendo a possibilidade de colocar o jogo em velocidade X3 + desligar encontros com inimigos. Depois de passar 10h no cube e vir pro Switch, eu nunca nem tirei da velocidade X2, senti que o jogo ficava ideal nessa velocidade. Mas é meio triste, porque jogar nessa velocidade significa ter muita cutscene com timing esquisto, alguns sons dando desync, etc.

E mesmo com essas melhorias, considerando que foi minha primeira vez jogando, eu ainda achei ele bem cansativo. O jogo não tem vergonha nenhuma de fazer você escalar uma árvore por 5 minutos (+ todo o tempo que você fica em combate), pra você chegar no topo, descobrir que não tem o item que você precisa, então você precisa descer por 5 minutos (+ combate), achar o que você precisa e então fazer todo o caminho de volta. E mesmo em x3 isso é bem cansativo. São pra mim problemas estruturais mesmo, por isso eu acho que o Eternal Wings precisava de um remake, sendo o remaster o mínimo necessário pra curtir o jogo hoje em dia.

Dito isso, não odiei o jogo não, achei ele muito divertido apesar dessas coisas. O mundo é bem bacana, tanto em funcionamento quanto em visual (os cenários ficaram ainda mais lindos em HD no remaster ). A história é meio extrato de JRPG, mas ainda achei muito bacana: bons personagens, bom plot (o twist bem legal, por sinal).

Gosto bastante de como o jogo tenta colocar umas coisas diferentes no caminho pra renovar o interesse no jogo: a dungeon de tower of druaga, a parte shoot'em up, os visuais dos locais em Mira, etc.

O próprio combate, apesar de estar achando o do Origins melhor, não deixa de ser bem legal aqui. Acho que nem sempre é fácil fazer combos, mas curti brincar com decks, dinâmica das cartas e etc. Ainda não tinha jogado nenhum jogo com esse tipo de combate que é um meio a meio entre turno e real time.

O paia foi esse caminhão de burocracias mesmo, que daqui a uns anos eu provavelmente vou lembrar mais do que as coisas boas. Chegou um momento que o jogo tava tão cansativo que eu liguei o X3 + no encounters + instakill e fui avançando direto, só pra curtir o enredo mesmo. Moral da história é que eu rolei os créditos só com 15h.

Em paralelo, tô amando o ritmo do Origins, tanto que eu tô jogando o remaster e até agora vi 0 necessidade de aumentar a velocidade do jogo pra X2. Só do protagonista ter botão de 'correr' e voar em vez de subir escadas já deixou a exploração muito mais tranquila. E como as lutas são bem fastpaced, elas não cansam nem um pouco (mas concordo com o camarada Light que eu queria as vez que elas fossem um cadinho mais lentas, pra pelo menos poder assistir as lutas ).