24-05-2024, 11:11 PM
(Última alteração: 24-05-2024, 11:15 PM por viceprince.)
Gbraga escreveu: (24-05-2024, 09:59 PM)De acordo, ter o que fazer é chave. Mesmo que esse "fazer" seja só usar o cérebro ou ter os sentidos estimulados por uma cena bonita bem dirigida. Uma cutscene de qualidade de 3 minutos passa bem mais rápido que 3 minutos segurando pra frente enquanto o personagem machucado manca e resmunga, e a câmera permanece nas costas dele.Explicando melhor, no caso de Hellblade 2, não há qualquer tentativa de se oferecer uma experiência de contrassenso ou uma tentativa de direção artística de vanguarda como, sei lá, a vertente "slow cinema".
Muita pouca atenção é dada a "framing" nesses jogos mais lentos, eles são lentos por ser, o diretor não tá fazendo merda nenhuma em boa parte das sequências interativas.
É simplesmente o mesmo nível de direção de um jogo convencional, com personagem se arrastando no chão por estar machucada ou se esfregando para atravessar uma área agachada, mas no processo tendo fobia e por isso tornando o processo mais demorado do que em outros jogos. Acho que ele é um pouco mais lento que um jogo "padrão Sony", por tentar ser ainda mais realista.
Eu adoro um tipo de experiência visual mais contemplativa com um ritmo lento, com a câmera passeando por detalhes que só compõe uma paisagem ou com um plano de fundo que só serve como uma janela para a realidade, justamente por ser um contraponto à noção contemporânea de tédio e produtividade. Há valor nas diferentes percepções de tempos e ritmos que se entrelaçam na rotina, nos acontecimentos e estruturas.
Defendo até a última instância que jogos lentos como RDR2, Death Stranding, Hellblade e walking simulators de uma maneira geral são essências para a indústria e ótimas experiências que invertem a lógica básica de que o jogador só vai encontrar algo bom em sua zona de conforto, mas eu entendo perfeitamente que é natural que cada vez menos pessoas gostem disso porque somos acostumados a apreciar coisas mais fáceis e frenéticas.