Nahiri lançou-se através do caos das Eternidades Cegas, o espaço entre os mundos.
Por muito tempo ela dormira, em um casulo de pedra. Certas coisas fugiram de sua vigilancia. Ela já tinha corrigido o caso mais flagrante, reforçando as alas que a mantinham os prisioneiros e enviado os seus servos para o esquecimento.
Seu próprio mundo estava a salvo, pelo menos por enquanto.
Agora era hora de recorrer a um velho amigo, e restaurar algo menos tangível.
Não demorou muito antes de Nahiri sentir sua presença e seguir até ele, deformando o mundo em torno dela até surgir ao lado dele. A amizade deles era antiga, agora, quase uma relíquia desbotada, mas Sorin Markov tinha sido seu primeiro aliado, e Nahiri o reconheceria em qualquer lugar.
Ela se viu, então, em uma ribanceira alta com vista para um mar escuro e agitado. Ela nunca tinha estado ali, mas nada no lugar a surpreendeu. Innistrad e Sorin haviam moldado um ao outro, e o mundo parecia-se com ele - sombrio e perigoso, quase propositadamente indesejável.
E a lua...
Havia algo estranho sobre a lua que subia acima da água...
Sorin nunca a trouxera aqui, mas ele tinha falado sobre o lugar. Ela sabia que podia contar com ela para defendê-lo, como ela sabia contar com ele para defender Zendikar.
Sorin não estava aqui, porém.
Na parte mais alta da encosta, onde ela havia sentido sua presença, havia apenas pedaço enorme de prata - quarenta pés de altura, pelo menos. Tinha lados, mas eles eram irregulares e desiguais, como se um lithomancer amador o tivesse puxado para fora do solo e não se preocupou em dar acabamento.
Mas a obra estava completa - inquestionavelmente, era o resultado final de um esforço tremendo, não um trabalho em andamento. Não tinha acabamento porque acabamento não importava para o que quer que era essa coisa deveria ser. Ou fazer.
E esta coisa, era o que ela tinha sentido. Não Sorin.
A coisa tinha falado com ela, nas Eternidades Cegas.
Não havia nada na encosta, além do vento e o monólito prata, salvo uma árvore atrofiada com folhas vermelhas. Ela ignorou a árvore e circulou o enorme pedaço de prata.
Os lados. (Eram oito deles, ou talvez sete, dependendo de quão generoso você fosse com a definição do que é um lado). Haviam sido entalhados deliberadamente, quase como se ...
Mas não havia Hedrons em Innistrad! E Sorin não tinha nem meios nem motivos para fazê-los!
E, como um Hedron, a coisa era mais do que apenas a sua substância física. Ela a testou com sua lithomancia, tirando um pedaço do metal puro e tentando obter um sentido de sua estrutura interna.
Nada. Nada mesmo. Ela podia sentir a granulação do leito rochoso, meia milha abaixo de seus pés, podia sentir a pulsação lenta e constante das placas continentais dançando sua lenta e inexorável valsa, mas ela não podia desvendar este pedaço de prata. Não foi possível nem arranhá-lo - Seu poder desaparecia ao tocar no metal, como se fosse uma bateria, ou um poço sem fundo. Quase como um... mas não! De novo não - Não podia ser um Hedron.
Ela se inclinou e olhou debaixo da coisa, meio que esperando ver que ele estava flutuando acima do solo, mas estava enraizada na parte inferior, por uma haste relativamente fina de prata, não muito maior do que Nahiri mesma.
Ela se levantou e continuou a circular lentamente a Coisa, arrastando os dedos ao longo dela, frustrada pela investigação mais profunda que ela não conseguia fazer.
Ela não sabia quanto tempo ela passou a examinar o monólito de prata, mas a lua estava mais alta no céu quando uma voz familiar falou por detrás dela.
"Você vai ter que perdoar a minha tentativa rudimentar a moldar pedra, jovem".
Ela girou. Sorin!
Cabelo branco, casaco preto, aqueles estranhos olhos laranja. Quão terrível o seu aspecto, quão selvagem o seu olhar – e, ainda assim, ela não poderia evitar de sorrir.
"Meu amigo!" ela conseguiu dizer finalmente. "Você está vivo!"
Ele sorriu para ela, caminhou em direção a ela, e colocou a mão no ombro dela.
Vindo dele, era uma demonstração de euforia.
"E por que seria o contrário?"
Ela estendeu a mão para tocar a dele. Ela estava acordada agora, seu corpo impregnado com o calor da vida. Os dedos dele estavam frios e mortos como sempre.
"Você nunca veio", disse ela. "Para Zendikar, quando ativei o sinal do Olho de Ugin, você nunca respondeu. Eu temia -"
Sorin retirou a mão, franzindo a testa.
"Os Eldrazi livraram-se de suas correntes?"
"Livraram-se, sim."
"Onde está Ugin?" ele perguntou.
"Ele não veio também", disse ela, tentando não deixar a amargura alcançar sua voz. "Mas eu lidei com isso. Sozinha. Com toda a força que pude reunir, consegui selar a prisão dos titãs".
Ocorreu-lhe, de repente, que ela estava agora muito mais velha do que Sorin era, quando eles se conheceram. Em sua memória, ele se elevava sobre ela, seu mentor antigo, mil anos mais velho que ela.
Agora, que diferença de mil anos faziam? Eles eram iguais, no mínimo.
"Quando terminei, eu vim para te encontrar. Eu tinha que saber se você ainda vivia. E aqui está você."
Aqui está você. Sua alegria em vê-lo se desvaneceu. Ela estava preocupada, tão preocupada-que algo tivesse acontecido com ele, ou que ele, como ela, tivesse se perdido em um sono milenar. Ela tinha vindo aqui para encontrá-lo, para salvá-lo, mas ele, evidentemente, não precisava ser salvo.
"Então, onde você estava?" ela perguntou. "Sorin, por que você não respondeu ao sinal?"
"Nunca chegou até mim", disse ele.
"Como isso é possivel?"
"Hmm", disse ele. Apenas Hmmm, com pouco interesse e nenhuma urgência qualquer.
Ele chegou a passar por ela e pressionou uma mão contra a superfície da coisa.
"Você se dedicou a vigiar os Eldrazi presos, e tornou-se claro para mim que meu plano estava na extrema necessidade de sua própria proteção, particularmente em minha ausência. Esta Câmara Infernal é metade do que eu criei para servir como um tal proteção. "
Câmara Infernal. Ela estremeceu. Era uma prisão. O que poderia tal coisa prender?
"Não é inconcebível", continuou ele, soando entediado ", que o seu sinal a partir do Eye foi incapaz de romper a mágica que protege este plano."
A própria magia de Sorin tinha impedido o contato com ele? Ela sentiu uma súbita sensação de vertigem, e escolheu suas próximas palavras com cuidado.
"Você sabia que isso iria acontecer?"
"Não me ocorreu", disse ele. "Apesar de eu ver, agora, que era uma possibilidade."
“Pedra e céu!”
No início de sua associação, antes que ela entendesse o que ele era, e o que ela tinha se tornado, ele perguntou se ela queria aprender a lutar como ele.
Ela disse que sim e, em seguida, ele tentou matá-la.
Ou assim parecia para ela, na época. Ela percebeu, não muito depois, que ele estava se controlando - atacá-la fisicamente quando ele poderia desintegrá-la com um pensamento?
Ela se manteve firme, brevemente, até que sua pesada espada de duas mãos tinha pego seu braço em um rude golpe, com um estalo forte e uma dor que sobrecarregou seus sentidos.
“Bom! disse ele, de pé sobre ela. Você durou quase seis respirações. Suas, é claro. Agora levante-se”.
“Levante-se?” ela gritou. “Você quebrou meu braço!”
“Então arrume-o”, disse ele.
Ele não estava sequer olhando para ela.
Arruma-lo? Arruma-lo??? Com-
Só então ele finalmente explicou-lhe que ela não era mais mortal. Que o corpo dela era uma conveniência, uma projeção de sua vontade.
“Você deveria ter me dito isso desde o começo”, ela disse, segurando as lágrimas de raiva.
“Ah”, ele disse, com aquela voz entediada mas benevolente. “Não pensei nisso”.
Ele estava usando aquela voz agora, falando baixo para ela. Mas a garota que ele tinha orientado morrera há muito tempo, enterrada em um túmulo de pedra. Apenas um Planeswalker permanecia. E um Planeswalker não seria condescendente.
"Uma possibilidade? Você arriscou meu plano, e muito mais." Ela não conseguia esconder a dor em sua voz. "Você me abandonou."
Sorin acenou com a mão pálida, debochando.
"Eu estava simplesmente tomando as precauções adequadas para proteger o meu plano. Eu mal pen-"
Oh, o suficiente. Mais do que o suficiente.
"Tínhamos um acordo, você e eu", disse ela.
Ele não podia negar isso. Cinco mil anos antes, Nahiri concordara, com relutância, em manter os Eldrazi em seu próprio mundo de Zendikar. E por sua vez, os outros dois Planeswalkers que a tinham ajudado, tinham lhe dado uma maneira de contatá-los se os Eldrazi ameaçassem se libertar.
Por cinco mil anos, Nahiri ficou vigiando seus prisioneiros monstruosos. Ela havia se trancado em pedra, assistido décadas e séculos passarem, como nuvens sobre o sol. Então, os Eldrazi tinham testado as correntes de sua prisão e soltado sua prole hedionda sobre um mundo, já diferente do que ela conhecera, de uma forma que ela não entendia totalmente. Nahiri tinha acordado, se libertado do seu isolamento auto imposto, e soado o alarme.
Ninguém tinha vindo. Nem o dragão Ugin, em quem ela nunca totalmente confiou, cujos motivos e origens eram enigmas. E nem Sorin. Seu mentor. Seu amigo.
Ela tinha lidado com a crise sozinha, com grande custo para o seu mundo, muito mais do que teria custado se seus aliados tivessem honrado o seu acordo.
Ela ainda não tinha levantado toda a extensão do dano que os Eldrazi tinham feito ao seu mundo e seu povo, antes de ela reprimir o ataque. Mas ela tinha feito isso, e, depois, ela tinha ido procurá-lo, temendo por sua existência.
E descobriu que ele tinha feito pior do que ignorá-la. Ele tinha bloqueado o seu próprio mundo de influência externa.
Ele virara as costas para ela.
"Não deboche disso", disse ela. "Eu me dispus a colocar em risco a minha casa, atraindo os Eldrazi à ela. Eu prometi acorrentar-me à Zendikar para vigiá-los. Passei milênios com esses monstros. Sabe o que é isso? Tudo o que tinha a fazer era vir quando eu precisei de você ".
O chão começou a tremer, a base abaixo deles vibrava em simpatia com sua raiva. De toda a pedra e metal nas proximidades, somente a prata Câmara Infernal parecia fora de seu alcance.
"Não presuma possuir minhas ações, jovem. Eu não sou obrigado a nada. Eu não lhe devo nada! Quando você ascendeu, fui eu quem a encontrou. Eu poderia ter terminado tudo naquele momento, mas eu a poupei. "
Ele se voltou para ela, olhos laranja cheio de malícia, rosto a polegadas do rosto do dela.
"Eu levei-a sob a minha custódia, e fiz de você o que você é", disse ele. "Se você achar necessário importunar alguém, vá encontrar Ugin. Não tenho paciência para isso."
Sem paciência? Sem paciência??? A dor deu lugar à raiva em um instante incandescente.
Por cinco mil anos, Nahiri tinha vigiado os Eldrazi - não apenas pelo seu plano, mas por cada um que existia. Por Innistrad, também. E uma vez, uma vez, em cinco mil anos, ela tinha chamado a ele para não fazer nada mais do que cumprir uma promessa - uma simples promessa de benefício mútuo, que ele só tinha feito porque iria manter o seu próprio mundo seguro, e ele não a cumprira.
Sua própria paciência estava no fim, gasta na vigília interminável dos Eldrazi. Ela estava farta, ela não seria mais tratada como uma criança. Se Sorin precisava de uma prova que ela não era mais sua aluna, ela iria fornecê-la.
Ela chamou uma coluna de rocha das profundezas abaixo deles, granito, velho e forte. A terra tremeu, e Sorin lutou para manter-se sobre seus pés. A coluna de pedra explodiu do chão debaixo dela, levando-a acima dele.
"Eu não estou indo a lugar nenhum."
Ela puxou mais pedras do chão em torno dela, afiada como flechas, brotando em torno dos dois Planeswalkers.
Sorin desembainhou a espada.
"Eu nunca te ameaçei", disse ele, olhando para ela. "Nem uma única vez. Se iremos ser inimigos, criança, a culpa recai exclusivamente em seus ombros."
"Eu não sou uma criança", disse ela. "O que quer que seja que tenhamos sido um dia, certamente você pode ver que somos iguais hoje."
Houve hesitação - um momento de medo naqueles olhos laranja, talvez? Um segundo pesando a possibilidade de que ela poderia estar certa, e que seu orgulho precisava ser duramente corrigido?
"Tudo o que vejo é birra", disse ele. "Se você veio para ver um igual, você deveria ter vindo sob trégua, seguindo os protocolos de negociação com um colega Planeswalker".
"Eu vim para encontrar um amigo", disse Nahiri.
"Então eu não vejo motivo para o ataque", disse Sorin. "Amigos entregam verdades duras, não?"
Há muito tempo atrás, uma menina tola tinha chamado esta miserável criatura de amigo. Com o último vestígio desse sentimento evaporando-se, Nahiri atacou.
Ela jogou-se em direção de Sorin montada em um punho de rocha. Ela não tinha espada. Ela não tinha necessidade de uma. O terreno em si era sua arma.
Sorin lançou uma explosão de magia de morte que a pegou em cheio no peito, derrubando-a.
A coluna de pedra cambaleou para trás, para ficar sob seus pés.
Sorin saltou do chão quebrado diretamente para ela, os dentes à mostra, espada brilhando à luz daquela estranha lua.
Ela saltou da coluna e caiu no chão, agachando-se. Sorin bateu os pés de coluna de pedra e preparou-se para saltar e atacá-la de novo, mas a coluna de pedra simplesmente o engoliu.
Ela ficou de pé, com os punhos cerrados, apertando Sorin na pedra.
Rachaduras apareceram, primeiro uma, depois várias, brilhando com a luz da magia do vampiro.
A coluna sumiu em uma explosão em luz e pedra quando Sorin forçou seu caminho para fora.
Ele caiu graciosamente ao chão.
Mas ele parecia abalado.
"Eu não quero a sua inimizade", disse Nahiri. "Tudo o que eu sempre quis foi a sua ajuda, Sorin. Você fez uma promessa. Venha comigo."
"Não agora", disse Sorin, com irritante calma. "Mais tarde, talvez. Este é um momento crítico-"
"Um momento crítico!" Nahiri explodiu. "Os Eldrazi quase escaparam. Você está pensando em termos de eras, mas pelo que sei Eldrazi estão tentando fugir novamente agora. Todo nosso trabalho será perdido, o seu próprio plano estará em perigo – você não se importa com isso? "
Então, ela percebeu. A prisão dos Eldrazi tinha se tornado o trabalho de sua vida, um esforço constante que a mantinha ligada a seu plano por quase toda a sua existência. Mas para ele tinha sido algo insignificante – 40 anos de trabalho moderado, há cinco mil anos atrás, em troca de milênios de paz de espírito.
E agora, com suas novas contramedidas, talvez Innistrad não estivesse em perigo. Talvez Nahiri e Zendikar e uma centena de milhões de Hedrons cuidadosamente colocados tenham servido o seu propósito, na mente de Sorin Markov.
Ela rosnou e enviou uma tempestade de dardos de pedra contra ele, cada um do tamanho de seu antebraço e extremamente afiado.
Sorin explodiu alguns antes de chegarem nele, defletiu vários outros com uma varredura da sua espada, e grunhiu quando três perfuraram seu corpo.
Seus olhos queimaram com um brilho branco, e um grande peso alojou-se nos ombros de Nahiri, forçando-a a seus joelhos. Tudo era tão luminoso
Ela olhou para cima.
A lua. Ele havia convocado um feixe de luar, pesado como uma pedra, mas com nenhuma substância, para prendê-la.
Ali, cercada por sua luz, respirando o cheiro dela, finalmente ela entendeu o que era tão estranho sobre a lua de Innistrad - Era feita de prata. Como a Câmara Infernal.
Sorin puxou os dardos de pedra de seu corpo um por um, as feridas fechando-se sem derramamento de sangue. Ele andou em direção a ela. Mas seus passos eram incertos, sua espada caída. Teria ele se tornado tão decrépito?
Ainda assim, sua magia era forte. A luz prendia não apenas o corpo dela, mas sua magia. Ela estava impotente.
"Vá para casa, Nahiri", disse ele, cansado. "Desista desta esta farsa, e eu vou permitir que você parta"
Ela cravou as mãos no solo, estendendo sua vontade não para frente, mas para baixo, e mergulhou na própria terra.
Por um momento ela deixou para trás sua raiva e a arrogância condenável de Sorin, além daquele estranho e inflexível pedaço de prata, cuja finalidade ela ainda não podia entender.
Havia apenas ela e a pedra, isolada de tudo, salvo o batimento cardíaco lento e constante do mundo, como tinha sido por cinco mil anos.
Ela poderia voltar a Zendikar e ao isolamento. Ela não precisava, na verdade, da ajuda de Sorin. Não mais. Mas deixar as coisas sem solução aqui seria perigoso. Ela poderia fazer um poderoso inimigo, que poderia retaliar, e ela não iria embora enquanto ainda havia uma chance de evitar isso.
Os passos inquietos de Sorin ecoavam acima dela, indo em direção à Câmara Infernal.
Ela moldou a pedra debaixo dela em outro pilar, diluiu a rocha em cima dela para a consistência de água, e irrompeu do chão mais uma vez.
Sorin tinha dissipado o feixe de luz da lua, e agora estava de costas para a Câmara Infernal por alguma medida de proteção.
Ela levantou-se em seu pilar de granito, acima dele, puxando um enxame de pedras do chão e cercando-se delas.
Ela não queria matá-lo. Ela realmente não queria machucá-lo. O que ela queria era que as coisas estivessem bem entre eles, da maneira que tinham sido. Mas para que isso acontecesse, ela teria que ganhar o seu respeito. E para fazer isso, ela teria que vencê-lo.
Ele estava apoiado em sua espada, agora. Se eles concordassem em tratar um aos outro como iguais, ela estaria fazendo um favor a ele.
Algo não estava certo. Ele estava muito fraco, mais fraco do que quando ela era jovem. Ela pensou em como a Câmara Infernal tinha irradiado sua essência, e se perguntou o quanto de si mesmo, ele tinha posto nela.
Ela enviou a coluna de pedra deslizando em direção a ele. Ao passar por uma das pedras que flutuavam em torno dela, ela e pegou. Instantaneamente ela fundiu-se, enquanto os metais dentro dela se moldavam em resposta à sua vontade.
Ela puxou uma espada da rocha e continuou a avançar, até que Sorin estava embaixo dela, encarando a ponta branca incandescente da espada.
"Sorin, você vai cumprir a sua promessa. Você vai voltar comigo para Zendikar. Você vai me ajudar a verificar as nossas medidas de contenção, e garantir que o Eldrazi estão presos. Só então você poderá voltar."
Sorin cuspiu.
Então tudo ficou brilhante de novo, mais brilhante do que a lua, e uma forma veio gritando dos céus. Ela vislumbrou asas, penas e uma lança brilhando antes da figura chocar-se contra ela, derrubando-a de seu pedestal. Elas caíram juntas, esculpindo um sulco profundo na terra.
As pedras flutuantes de Nahiri caíram no chão, sua concentração quebrada.
Por fim, deitada de costas. Nahiri pode ver seu agressor.
Era um anjo, imponente, com cabelos e pele brancos e olhos escuros e inexpressivos. Nahiri estava sendo atacada por um anjo.
Nahiri tinha encontrado anjos, em Zendikar. Eles mantinham-se distantes, e podiam ser temíveis, mas eles eram protetores, criaturas da justiça e do bem. E nenhum dos que ela já tinha conhecido, era estúpido o suficiente para atacar um Planeswalker.
Antes que Nahiri pudesse falar, antes que ela pudesse processar totalmente o que estava acontecendo, o anjo levantou sua lança. Suas pontas brilharam como dois sóis, cegando-a.
Ela afundou-se mais uma vez em pedra, sentindo as pontas da lança cravadas na terra onde ela tinha estado.
Não havia tempo para recuperar-se - Ela explodiu a partir do solo em uma nuvem de estilhaços, espada ainda na mão, e enquanto o anjo protegia-se, Nahiri atacou, com a espada, que ainda brilhava com o calor da sua forja.
O anjo mal conseguiu levantar sua lança para desviar a tempo, e Nahiri atacou novamente, e novamente, e novamente, forçando o anjo para trás. Ela sentiu uma sensação fraca de que era errado lutar contra um anjo. Mas o anjo a tinha atacado, sem ser provocada. E porque? Para proteger Sorin? Ela mal podia conceber tal pensamento.
O anjo saltou para o ar, mas não em retirada - Ela saltou para a frente, para ficar acima Nahiri, para atacar novamente. Nahiri subiu novamente em um pilar de pedra, para forçar o anjo a fugir ou retornar ao solo.
O anjo manteve sua posição. Nahiri manteve seu ataque. O anjo era poderoso, sem dúvida. Mas ela não era um Planeswalker. Nahiri atingiu novamente-
-e sua espada parou na de Sorin, colocada entre ela e o anjo.
"O suficiente!" ofegava. "O suficiente."
Ela olhou além dele, para o anjo com os olhos negros. Havia algo familiar sobre o anjo, algo inquietante, embora Nahiri estava certo de que ela nunca o tinha visto antes.
"O que é isso, Sorin? Como você escravizou um anjo? Quem é ela?"
"A outra metade", respondeu ele.
Em um movimento espetacularmente rápido, ele agarrou a lamina de Nahiri com uma mão. Sua pele estalou e chiou, mas ele não pareceu notar. Os dedos de Nahiri estavam dormentes, sua mente girava. Ela ainda não entendia.
Ele botou a ponta de sua própria espada na garganta dela, arrancou a espada das mãos dela, jogou-a fora.
O anjo pousou suavemente atrás de Sorin, mas ele levantou uma mão, e ela esperou.
Um anjo parou para ele!
"Que fique bem claro", disse Sorin, "Eu nunca quis isso, jovem".
Em seguida, Sorin levantou a espada, coberta com um feixe de luz profana, e apontou-a para Nahiri.
Nahiri voou para trás e bateu contra a superfície de prata da Câmara Infernal. Não era mais dura e fria, mas acolhedora, como um abraço.
Fios de prata ansiosos se fechavam ao redor de seu corpo, puxando-a para dentro. Fragmentos de rocha giravam pelo ar, o leito rochoso sob seus pés movia-se raivosamente, mas a Câmara Infernal não se importava.
"Maldito!" ela gritou. "Eu confiei em você!"
Ele pairava sobre ela, agora, asas do anjo abertas atrás dele, e ele falou uma última vez antes de prata derretida inundar os ouvidos dela. Ele parecia quase triste. Quase.
"Eu nunca pedi a sua confiança, criança. Só a sua obediência."
Em seguida, a Câmara Infernal a tomou, e ela desapareceu em uma escuridão vasta e total.
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Repouso
Interlúdio
Através da escuridão, ela caiu.
Não havia nenhuma outra sensação -nenhum som, nenhuma luz. Nem mesmo uma lufada de vento, pois dentro deste lugar não havia nada, nem mesmo ar. Nada além dela, e a sensação infinita de uma queda eterna. Ela não podia ver sua mão na frente dela - não tinha nem certeza de que ela tinha um corpo ainda.
Ela estendeu seus sentidos para fora, sondou com seus poderes de lithomancia tentando obter algum tipo de controle sobre o exterior de prata da Câmara Infernal. Mas o que estava ao seu redor não era prata. Era nada. Ela tentou Planeswalk, mas mesmo as Eternidades Cegas, o caótico não-lugar entre os planos, estava além de seu alcance.
Não era como seu casulo de pedra em Zendikar, a laje de pedra onde ela dormiu por cinco milênios intermitente. Em seu casulo, ela podia sentir todo Zendikar, chegar a qualquer parte dele, aparecer onde quisesse.
Isto era muito, muito pior. Apenas escuridão, caindo, e o cheiro inconfundível de Sorin Markov.
Sorin iria pagar por sua traição. Ela iria escapar desta prisão, e ela iria fazê-lo pagar. Ela pensou que eles eram aliados - Amigos! Agora ela viu o que ele realmente era: um monstro.
Um monstro. Mas não um tolo. Ele sabia o que estava em jogo, de volta ao Zendikar. Ele não poderia ser tão confiante em suas defesas, em sua Câmara Infernal e seu anjo escravo, para simplesmente permitir que os Eldrazi escapassem. Ele iria libertá-la, quando ele recuperasse sua força e estivesse preparado para enfrentá-la. Ele faria um emboscar para derrotá-la e deixá-la ir para casa.
Ele não podia simplesmente deixá-la aqui.
Era impensável.
Mas ela teve muito tempo para pensar.
Finalmente, ela chegou a uma decisão.
"Basta", disse ela calmamente.
Não houve resposta, nenhum som. Suas palavras não fizeram eco, apenas desapareceram na escuridão infinita.
"Basta!" ela disse, mais alto. "Seja qual for a lição que lição você está tentando transmitir, eu aprendi. Vamos acabar com isso - eu vou partir de Innistrad e nunca mais voltar. Claramente não há mais nada para discutirmos."
Não houve resposta. E se ela não pensava pedir desculpas, e ela certamente não ia implorar. Ela não lhe daria a satisfação.
Pensou em Zendikar, muitas vezes, em seus picos irregulares e céus limpo. No câncer que comeu seu coração, nos vampiros infestando sua superfície, construindo estátuas de mais deuses monstruosos do que eles conheciam.
Ela nunca deveria ter saído.
O isolamento começou a roer as bordas de sua sanidade. Mesmo um Planeswalker, mesmo aquele que tinha passado milênios em pedra, não podia lidar com esse tipo de solidão. Mesmo um Planeswalker poderia perder a cabeça e para um Planeswalker, que é sua mente, as consequências seriam terríveis. Ela tinha encontrado um Planeswalker louco, uma vez. Uma vez que foi mais do que suficiente. Ela não iria enlouquecer.
No começo, foi o pensamento de vingança que a manteve sã - esmagar Sorin pelo o que ele tinha feito para ela, pelo o que podia estar acontecendo em Zendikar agora mesmo.
Mas havia apenas tantas maneiras de imaginar como matá-lo, e agora o pensamento trazia tristeza e cansaço, mais do que a satisfação da vingança. Seu ódio nunca vacilou, mas cristalizou-se e parou de crescer.
Suas memórias de Zendikar se tornaram sua lanterna no escuro.
Ela conhecia seu mundo até seus ossos, e sua memória era perfeita. Ela pensou em um lugar-as trincheiras em Akoum, pelas quais sua tribo vagava, antes que ela tivesse abandonado a vida mortal e afundado na pedra. Em sua mente, ela construiu um modelo destas trincheiras, traçando cada camada de basalto, cada caco de vidro vulcânico vermelho, cada grão e falha no leito rochoso.
Mas não era Zendikar, era a sua lembrança de Zendikar - após os Eldrazi, mas antes de seu sono. Antes de seu mundo ficar à deriva, fora de controle.
Ela fez seu caminho por Akoum incontáveis vezes, lembrando-se de cada grão de cada depósito sedimentar, a temperatura e a viscosidade do magma que pulsava abaixo da superfície. Ela foi para baixo, milhas abaixo, tão profundamente como ela jamais ousou ir, até que ela havia traçado as bordas da placa tectônica que carregava todo Akoum em seus ombros.
Ela fazia tudo isso em sua mente, deixando partes dele inalterada durante o que pareciam ser anos. Sua mente era sua, e Zendikar era seu, e ela não iria abrir mão de nenhum dos dois.
Era impossível dizer há quanto tempo ela estava caindo quando seu devaneio foi interrompido. Ela já não estava sozinho na escuridão. Eles estavam distantes, no começo, apenas um lamento distante, ou o bater das asas de couro. A ausência de som de seu cativeiro não tinha sido imutável, apenas o resultado de seu vazio.
Lentamente, ao longo de incontáveis anos, a Câmara Infernal foi sendo povoada. Ela entendeu, agora, o seu propósito. Sorin não iria tolerar ameaças à sua preciosa Innistrad, e ele tinha feito essa coisa - este poço, este nenhum lugar, para abrigá-los.
Ameaças, como demônios e horrores. E ela. Ela passou um ano (ou dez) furiosa, após essa descoberta.
A outra metade, ele tinha dito. Ela duvidava muito que ele estivesse pessoalmente aprisionando todos esses demônios. Ela veio a entender o propósito do anjo em tudo isso, ainda que não entendesse como o anjo lhe tinha obediência.
Eventualmente, ela havia recriado todo Akoum em sua geografia mental de Zendikar, desde os picos enormes dos dentes de Akoum, até as águas calmas da Glasspool. A água que rodeava o continente era um esboço, um rabisco apressado, por comparação, ela não realmente entendia muito sobre como a água se movia, e, assim, as ondas que lambiam as falésias vermelhas de Akoum apenas se moviam para frente e para trás.
Ela procurava não olhar para elas, para não quebrar a ilusão.
Ela só teve que fazer um pouco de fundo do mar antes que ela pudesse começar Ondu. Ela estava especialmente ansioso para as ilhas da Coroa, com Valakut sua jóia em chamas. Mas ela se recusou a fazer coisas fora de ordem. Ela tinha todo o tempo do mundo.
Os outros começaram a incomodar Nahiri, na escuridão sem fim.
Ela nunca os viu- isso não tinha mudado, mas ela podia ouvi-los gritando, no último instante antes do ataque – Uma garra aqui, uma asa lá, um contato momentâneo com um pedaço de carne inumana. E, em seguida, novamente apenas a escuridão.
Ela marcava o tempo por essas distrações, por esses breves (e sem sentido) encontros com as coisas que habitavam o escuro. Ela não os odiava, mesmo quando os seus números incharam e seus impactos contra ela tornaram-se mais frequentes e mais dolorosos. Ela não tinha nenhum amor por demônios – ela mesma tinha exterminado mais de um dos que assolavam o mundo dela.
Mas ela não os odiava.
Muito menos aqui.
Ela tinha pena deles - Eles foram presos, como ela, por Sorin Markov e seu executor angelical. E, ao contrário de Nahiri, eles nunca teriam uma chance de vingança. Eram criaturas patéticas, lamentando e balbuciando, loucos, aterrorizados ou ambos – mentes inferiores, cedendo sob a tensão de uma eternidade no escuro.
Nahiri estava acostumada ao isolamento, e sua mente era forte. Nesta escuridão, era tudo o que tinha: sua sanidade, sua raiva, suas memórias de Zendikar ... e uma grande quantidade de tempo.
Ela terminou Ondu, gastando um tempo extra no pico sagrado de Valakut. Ela passou anos meditando na caldeira do vulcão. Sua Zendikar era sua âncora, era o que lhe que recordava quem era e de onde vinha. Ela precisava acertar.
Às vezes, ela voltava à caldeira, em sua mente. Mas ela não podia contentar-se com apenas aquela parte de Zendikar.
Murasa foi um trabalho rápido, uma grande laje de pedra que se projetava fora do mar. As florestas do continente eram notáveis, mas elas não lhe interessavam, e ela não fez nenhuma tentativa de recriá-los.
Bala Ged prendeu a sua atenção por um tempo muito longo, traçando os contornos cambiantes de Bojuka Bay e da rede de cavernas sob as Wilds Guum.
Depois disso, Guul Draz -maçante, no exterior, mas tão fascinante quanto Bala Ged abaixo da superfície. Ela estava na metade de elaborar os tubos de lava subterrâneos que aqueciam os agitados pântanos geotérmicos do continente quando, finalmente, depois de anos, algo mudou.
Luz -um breve clarão, ofuscante na escuridão, destruindo sua concentração e, por um momento de pânico, apagando sua Zendikar inteiramente.
E, então, havia alguma coisa com ela, uma presença mais substancial do que os demônios em lamentação eterna. Sorin? ela pensou, por um instante, mas não...
Abaixo de Nahiri, dois sóis acenderam, iluminando o nada, e ela ouviu o suave farfalhar de penas.
O anjo, aqui? Em sua própria prisão? Isso era interessante.
As luzes se aproximavam, e agora Nahiri podia ver –ver! pela primeira vez em séculos!
A lança do anjo brilhava, e ela grunhia com esforço enquanto a agitava em largos arcos em torno dela. Suas asas espalhadas, inutilmente, tentando empurrar o nada.
Os demônios cercaram o anjo, gritando e batendo. Eles haviam deixado Nahiri em paz todos esses anos, esbarrando nela incidentalmente, mas sabendo quem era seu carcereiro. Eles sabiam qual era sua única chance de vingança.
O anjo foi em direção à Nahiri - lentamente, lentamente, neste vazio atemporal, até estarem lado a lado.
Ela havia escapado do enxame de demônios. O anjo olhou para Nahiri, e por um momento seus olhos se encontraram e, finalmente, Nahiri compreendeu tudo.
Sorin não tinha escravizado um anjo. Ele não tinha enganado ela ou a coagido. Este anjo fedia a Sorin, assim como a Câmara Infernal.
Ele a tinha feito. Assim como a Câmara Infernal.
O anjo reconheceu-a, de sua luta há muito tempo. Os olhos escuros brilharam com fúria - fúria que Sorin tinha instilado. Ele havia a criado à sua imagem, distorcida desde o início.
Nahiri estremeceu.
Outro ser gravemente lesado por Sorin Markov, um com nenhuma chance de vingança ou reparação. Sem chance de liberdade. Uma boneca de porcelana, para substituir a aluna que havia perdido.
Nahiri não poderia dizer quanto tempo elas ficaram ali, olhando nos olhos uma da outra. Dialogar parecia impossível, depois de todo esse tempo.
E então houve luz, luz real, como se o vazio em torno deles rachasse e finalmente ...
ela estava...
Livre...
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Ruína
Um ano atrás
Nahiri bateu em uma superfície de joelhos, sua queda sem fim, enfim terminara.
Seus olhos rejeitavam a noção de luz, seus ouvidos agredidos por uma rajada de ruído cacofônico. Ela focou sua visão, e a luz ofuscante organizou-se em formas, o ruído em vozes, a superfície áspera debaixo dela em uma pequena rua de paralelepípedos. Ela levantou a cabeça. As pessoas estavam gritando e correndo por toda parte, incêndios, os cadáveres (cadáveres?) andando, E, acima de tudo estava o anjo maldito de Sorin, subindo no ar em um feixe de luz branca.
E ao redor dela, choviam cacos de prata.
As mãos dela sentiam-se estranhas. Sentir parecia estranho. Ela olhou para as palmas das mãos. Elas estavam sangrentas. Ela desejou as feridas fechadas, mas nada aconteceu. Seu corpo já não era uma extensão de sua vontade. Mais uma vez, como tinha sido há muito tempo, era apenas ... um corpo. Carne e osso. Ela podia sentir o bombeamento do sangue em suas veias, os suspiros ofegantes forçando o ar para os pulmões que não tinham precisado de nada por milênios. Em torno dela, o mundo girava.
Ela tinha que partir. Antes que ele a encontrasse. Se ela pudesse partir, se ela ainda fosse um Planeswalker.
Ela empurrou as paredes do mundo, e tentou se mover naquela direção irreal que apenas Planeswalkers podiam ir. Ela sentiu as paredes do mundo ao seu redor, ela ainda era um Planeswalker, não importava o que tinha acontecido com seu corpo, mas quando ela sondou essas paredes, elas se mostraram muito mais firme do que ela se lembrava. Elas que tinham sido uma bolha de sabão; agora eram uma barreira que levaria vontade e tempo para se superar.
Como ela podia estar tão enfraquecida?
Mas, não. Não. Ela empurrou, do jeito que ela sempre fez. O problema não era sua força. As paredes estavam maiores, mais grossas. Os Eternidades Cegas estavam menos ligados a este lugar do que quando ela chegou. A forma do universo tinha mudado, enquanto ela caía. Ela podia sentir isso.
Ela ainda era um Planeswalker. O que quer que isso significasse.
Com esforço, ela lançou-se para as eternidades. Elas rasgaram-se para ela, a assaltaram, assim como eles sempre fizeram. Desorientada como estava, só havia um plano que ela poderia atingir - o mesmo que ele esperaria que ela fosse, se ele a estivesse procurando.
Mas não havia nada que ela pudesse fazer.
Seus pés encontraram a terra rochosa de Zendikar, e pela primeira vez desde seu aprisionamento, ela estava em terra firme. Zendikar, Zendikar real. Casa. Não muito longe de onde ela tinha partido, há muito tempo. No coração irregular de Akoum, perto do que deveria ter sido o Olho de Ugin.
Mas o olho era uma ruína, entrara em colapso. Os campos de escombros espalhavam-se por baixo dela, e em torno dela - Hedrons e cacos de rocha vulcânica vermelha preguiçosamente pelo ar. Suas geometrias cuidadosas, a matriz Hedron meticulosamente colocada e a própria câmara, tinham simplesmente ... sumido.
Não, não.
Os três titãs Eldrazi haviam escapado, enquanto o protetor de Zendikar definhava no poço do Sorin Markov. Tudo o que ela tinha construído aqui, todo seu trabalho, arruinado durante a sua longa prisão.
Nahiri cerrou os punhos ensanguentados. Onde? Onde eles estavam? Talvez os Eldrazi tivessem deixado Zendikar. Talvez seu mundo estivesse finalmente livre deles.
Ela estendeu os sentidos através das pedras ao redor dela até que ela sentiu um tremor familiar nas proximidades, apenas um simples tremor – os passos leves e ágeis de seu povo kor. Ela subiu um cume para alcançá-los, persuadindo as pedras para mantê-la na posição vertical para que ela pudesse poupar as mãos sangrando. As feridas ainda não se fechavam.
Um grito subiu de uma sentinela, e Nahiri gritou com voz rouca, sua voz uma estranha para ela. Foi uma resposta-grito, um sinal sem palavras que significava simplesmente, sou kor.
Em apenas um punhado de respirações, uma dúzia de kors abatidos a cercavam.
"Você está ferida", disse um deles, uma mulher alta com uma estranha cicatriz, enrugada através de seu ombro nu. As inflexões eram diferentes, os ritmos estranho, mas eles falavam a mesma língua. A mulher alta levantou as mãos, brilhando com magia de cura. Nahiri assentiu, e a outra mulher tocou as palmas das mãos, fechando as feridas abertas em um outro mundo por paralelepípedos e cacos de lua.
"Sou Tenri," disse a mulher.
Nahiri não respondeu, e tentou parecer absorvida no processo de cicatrização. Ela não sabia o quanto eles se lembraram dela, ou, mais precisamente, da Profeta Nahiri, cuja estátua ela vira antes de seu tempo na Câmara Infernal.
"Você está sozinha", disse o sentinela, um homem paramentado com armas e cordas. "Sem nenhum equipamento."
"É uma longa história", disse Nahiri. "Eu sou ... um eremita, suponho. Eu me isolei por um longo tempo, e as coisas mudaram. O que aconteceu com o mundo?"
Eles olharam para ela.
"Os Eldrazi e as suas proles estão em toda parte", disse a sentinela. "Onde você estava, que não sabe?"
"Silêncio, Erem", disse a mulher alta. Tenri. "Ela não tem equipamento porque ela é uma stoneforger, e ela provavelmente está em isolamento aprimorando sua arte."
"Algo assim", disse Nahiri. Ela endireitou a braçadeira vermelha que a marcava como um mestre Stoneforge, maravilhando-se que as tradições de seu povo tinham sobrevivido tanta agitação e tanto tempo sem orientação.
"No ano passado", disse Tenri, "três enormes monstruosidades surgiram dos dentes de Akoum. Aparentemente eles estavam adormecido abaixo da superfície por um tempo muito longo. As crias se espalharam por toda parte, mas os três, os titãs, eram piores. Onde eles vão ... nada permanece ".
"Há alguns", disse Erem ", que acreditam que eles são Kamsa, Talib, e Mangeni."
Vários kor cuspiram.
Nahiri conhecia apenas um dos nomes, Talib. Tinha-o visto esculpida debaixo de uma estátua de si mesma, chamando-a de seu profeta. Durante a sua longa ausência, antes de acordar, histórias dos Eldrazi - histórias que ela, em muitos casos, tinha contado aos Kor, foram passadas de geração em geração, sendo distorcidas e tornando-se lendas.
Os monstros que espreitavam dentro Zendikar haviam se tornado seus deuses.
Nahiri cuspiu também.
"Nada permanece ..." ela repetiu. "Onde? Onde eles foram? O que perdemos?"
"Bala Ged", disse Erem.
Nahiri esperou que ele dissesse mais, para dizer quais partes de Bala Ged tinham desaparecido. Ele não disse nada.
Bala Ged. todo um continente ...
"Eu preciso ver por mim mesma", disse Nahiri.
Erem bufou. “Bala Ged é uma longa caminhada a partir daqui”. Tenri assentiu.
"Eu posso equipá-los, antes de partir", disse Nahiri. "É o mínimo que posso fazer."
Erem sacudiu a cabeça.
"Nós não temos falta de equipamentos", disse ele. "Não quando perdemos tantos."
"Que os deuses sigam com você", disse Tenri. "Sejam quais forem os deuses que você pode confiar, nos dias de hoje."
Nahiri apertou o ombro da mulher mais alta.
"Obrigado por sua ajuda", disse Nahiri. "E eu sinto muito não poder fazer mais."
Ela afundou-se nas pedras sob seus pés, deixando para trás seus companheiros KOR – tão estranhos para ela, como ela deveria ser para Sorin.
Ela sentiu a extensão dos danos. Os lugares profundos do mundo estavam crivados de novos túneis, encrustados com alguma substância estranha que confundia seus sentidos. Onde quer que olhasse, havia devastação. Por toda parte havia sinais de Eldrazi, paisagens erodidas de maneiras que ela não podia sequer entender. E longe, do outro lado do mundo, em Bala Ged-
Ela concentrou-se - isso exigia concentração, agora, e partiu, procurando a fonte de tudo aquilo. Sentiu-se tonta, enjoada. Ela deve esperar, descansar e recuperar sua força.
Mas era um luxo que ela não tinha. Ela tinha que ver o que estava acontecendo. Ela apareceu em Bala Ged, no que deveria ter sido uma exuberante floresta. O que se estendia à sua frente era uma extensão aparentemente infinita de poeira, mais sem vida do que qualquer deserto, como a superfície de uma lua.
Não havia nada como isso na Zendikar que ela ainda segurava em sua cabeça, o modelo mental que ela tinha meticulosamente construído ao longo dos anos de sua prisão. Em seu Zendikar, Bala Ged estava vivo e selvagem. Nesta Zendikar, ele estava morto. Nada tinha vida aqui. Mesmo as rochas estavam em silêncio.
O chão tremeu sob seus pés, e ela não podia sentir a origem dos tremores. A poeira estremeceu.
Ela virou. Lá, no horizonte, enorme e horrível, estava um ser que ela tinha visto duas vezes antes - uma vez em um mundo destruído pelos Eldrazi, e uma vez quando ela aprisionou ele e seus irmãos em Zendikar.
O Devorador.
Aquele que Ugin chamava de Ulamog.
Nahiri caiu de joelhos, apertando suas mãos na poeira sem vida.
Se isto estava solto em seu mundo-
Se o que aconteceu aqui pode acontecer em todos os lugares-
Se ela tinha apenas um fragmento do seu poder de outrora, e uma rede de Hedrons abandonada há séculos – então o Zendikar que ela conhecia estava morto. Não havia salvação. Era o mesmo que tentar parar o sol no céu.
Ela fechou os olhos e viu seu Zendikar, Zendikar como tinha sido um dia. O mundo que ela tinha deixado Sorin Markov destruir. Lágrimas quentes de raiva correram pelo seu rosto e caíram naquela horrível poeira com um assobio.
"Como Zendikar sangrou, assim sangrará Innistrad."
Ela abriu os olhos e olhou para suas mãos, mãos que moldaram pedra e prederam titãs. Elas estavam cobertas de poeira cinzenta.
"Como chorei, assim chorará Sorin."
Ela olhou para a coisa no horizonte, vendo-o mover-se através da paisagem como um desastre natural.
Ela mantivera sua promessa, a que ela fizera em pé, na poeira do que um dia fora Bala Ged (Havia, ainda poeira, debaixo das unhas e nas dobras mais profundas de suas roupas, que ela tinha deixado como um lembrete de tudo).
Desde que deixara Zendikar, ela tinha se dedicado, cada hora de cada dia, até tarde todas as noites, tirando forças de sua raiva . Ela estendeu a mão para as eternidades cegas, com os dedos que queimavam a partir do éter, moldando pedra, usando magias mais poderosas do que jamais se atrevera a exercer antes, e tudo isso tinha sido dez vezes mais difícil do que ela se lembrava.
Mas ela não reclamou uma só vez, não vacilou nunca, nem fez uma pausa para descansar.
Agora, finalmente, ela seria recompensada. Ela iria ver o seu trabalho recompensado. E assim, também, iria Sorin.
A última barreira de Innistrad tinha caído. Nahiri sentiu o levantamento do último resquício de proteção, como uma armadura pesada sendo removida de um soldado após a batalha.
O mundo ficou nu e vulnerável. Só que desta vez a batalha não havia terminado. Ele tinha apenas começado.
"Como Zendikar sangrou, assim sangrará Innistrad." Nahiri prendeu a respiração. O chão sob seus pés moveu-se. O plano começou a pulsar com tremores, como uma cadeia de reações explosivas detonando na profundidade sob a superfície e ecoando através da noite.
Sorin iria senti-los também. Este pensamento deu à Nahiri grande satisfação.
"Venha!" ela gritou para o céu. "Vinde a mim. Venha para Innistrad!"
Ela sentiu em seguida: a presença.
O ar tornou-se quente e parado, e Nahiri respirou profundamente.
“Sim”. Ela conhecia o odor muito bem. A emoção inundou-a com uma intensidade que ela não sentia há séculos. Ela correu para a beira do penhasco, com as pernas movendo-se fora de controle, a mente incapaz de acompanhar o martelar de seu coração, o bater de seus pés.
Ela olhou para a água. Para o templo que havia construído para o deus. Já não estava vazio. Lágrimas floresceram nos cantos dos olhos de Nahiri, mas ela as limpou.
Este não era o seu momento para chorar.
"Como chorei, assim chorará Sorin."
A forma sob a água cresceu, agitando ondas, e a superfície ameaçou romper-se.
Finalmente, havia chegado a hora.
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Pântanos de Gavony
Era a hora de orar.
“Caro Arcanjo Avacyn. Minha mãe me disse que tivesse medo, eu deveria rezar. Estou com medo agora.
Embora ladeada por cathars com brilhantes lâminas e armaduras de aço duro, Maeli se encolheu. Sentia-se sozinho.
Ele sentia-se sozinho desde que tinha fugido da aldeia, no dia em que os anjos horríveis tinham vindo com sua chuva de fogo. Ele tinha corrido para a floresta como sua mãe lhe tinha dito, e ele não voltara para a aldeia. Ele quis, uma centena de vezes, mas ela disse a ele que não importasse o que acontecesse, ele não poderia voltar. E ele nunca vira aquele olhar sério nos olhos dela. Na hora, ele achou melhor escutar.
Agora ele desejava que ele não tivesse.
Agora ele desejava estar em casa.
Ele agarrou o coelho de pano que lhe foi dado pela mulher adulta com o cabelo grisalho. Aquela que o tinha encontrado no bosque e levado para sua casa que cheirava a doces e pão velho. Ela tinha dito a ele para chamá-la Ms. Sadie, e disse que sua casa poderia ser sua casa durante o tempo que ele quisesse.
Mas isso nunca tinha sido o que ele queria.
”Caro Arcanjo Avacyn. Eu quero ir para casa. Por favor. Posso ir para casa?”
Não houve resposta. Em vez disso, os braços grossos e decrépitos tentavam agarrá-lo, disparando através do espaço entre as lâminas dos cátaros. Eram os mesmos braços retorcidos que tinham estourado fora do peito de Ms. Sadie naquela mesma noite, enquanto comiam seu jantar.
Aconteceu não muito tempo depois que Maeli havia sentido sua cadeira tremer, e até mesmo um tempo mais curto ainda, depois que uma rajada de vento tinha soprado através das persianas abertas, trazendo um cheiro como néctar muito doce.
A colher estava em sua boca quando o peito de Ms. Sadie explodira; ele estava engolindo um bocado de guisado fino - A maior parte da ensopado saiu pelo seu nariz, queimando-o, por trás de seus olhos.
Isso o fez chorar. Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto Ms. Sadie e seus muitos braços o perseguiam.
"para trás!" Os cátaros surgiram na grama alta, cortando fora um braço após o outro.
Um, pousou aos pés de Maeli. Quando ele olhou para ele, suas entranhas se contorceram; era um dos seus verdadeiros braços, ele tinha certeza - Havia um pouco da blusa amarela que ela estava usando, e mais abaixo, a grande verruga marrom e peluda dela - que piscou para ele.
Maeli enterrou a cabeça no coelho de pano, enquanto uma lágrima corria pelo seu rosto. “Por favor, Avacyn”.
O anjo apareceu a ele uma vez antes. Ela o havia ajudado. Quando ele estava assustado e perdido. Sua mãe lhe tinha dito que Avacyn tinha vindo porque ela havia orado pela ajuda do anjo, orou com tanta força que Avacyn não pôde ignorá-lo. Maeli não sabia como uma oração poderia ser mais forte do que outra; ele não sabia como fazer sua oração tão forte que Avacyn não poderia ignorá-la, mas sabia que tinha que tentar.
Ele gritou sua oração tão alto quanto podia contra os pelos sujos e maranhados do coelho.
"POR FAVOR, Avacyn! AJUDE-ME!"
"Avacyn se foi!" A voz gelou o estômago de Maeli, e o medo gelado vazou, penetrando-lhe a espinha e a parte de trás do seu pescoço. Como dedos frios sob o seu crânio, agarrando a sua cabeça e voltando os seus olhos para o céu.
Um anjo.
Por um breve momento, a esperança pulsou no coração de Maeli - Uma esperança falsa, uma mentira, pois ele sabia que o anjo que pairava acima não era Avacyn.
"ELA está aqui agora", disse o anjo, olhando diretamente nos olhos de Maeli. "ELA está se erguendo! Se erguendo!" O anjo jogou a cabeça para trás e gritou, com uma risada estridente que encheu o céu. Então, de repente ela deixou de rir e se manteve completamente imóvel como se congelada no céu.
"Eu..E'amrakul!" Ela mergulhou, sua lâmina cortando através do ar à sua frente. Maeli fechou os olhos.
“Por favor.”
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A Costa de Nephalia
“Por favor. Por favor, me escolha”.
Edith plantou os dedos do pé com força contra a pedra lisa, molhada, firmando sua posição. Ela estava tão perto quanto ela podia de conseguir agora. Tão perto quanto ela podia, até o surgimento, até a vinda.
No entanto, ela queria estar mais perto.
“Por favor, me escolha”. Ela tinha provado que ela era devota. A mais devota. "A mais devota."
“Me escolha”. Ela lançou um olhar apressado primeiro debaixo de um lado de seu capuz e depois do outro... Sim. Ela confirmou que as rochas mais próximas dela eram desprovidas de outros adeptos. Ela era a única. Ninguém mais estava lá. Ninguém mais estava tão perto. Ela era o mais próximo. "O mais perto." Ela queria estar mais perto.
"Escolha-me! Eu'mrakul." Ela levantou os braços, espalhando-os para o céu, abrindo-se para o que estava por vir.
As ondas caíram sobre ela. Ela podia senti-lo.
Finalmente, havia chegado a hora.
"Emrakul!" O nome, o poder, a plenitude desfraldou-se dentro dela quando a água se agitou.
"Emrakul!" A totalidade abraçou-a, entrelaçando-se com ela, tornando-se ela. O mar inchou para cima em direção ao céu. "Escolha-me, Emrakul. Leve-me. Emrakul."
Outras vozes se levantaram atrás dela, cantando junto com ela, no mesmo tempo com o pulsar magenta abaixo da superfície da água. "Escolha Eu'mrakul. Tome Eu'mrakul. Euso'mrakul."
O brilho ficou mais forte, mais brilhante, mais poderoso, e tornou-se uma luz inabalável constante.
Edith se esticou em sua rocha, na ponta dos dedos dos pés. Ela estava acima de tudo. O mais perto. Mais perto agora. Ainda mais perto.
Em torno dela, os grandes pilares de pedra torcida iluminaram-se no meio da noite. Raios violeta de energia descarregavam-se a partir das bordas pontiagudas, saltando de um para o seu vizinho e, em seguida, para o próximo.
O poder DELA! Era o poder DELA!.
Tudo era ELA.
Mais perto.
Mais perto.
A subida da água enviava ondas quebrando-se. Não havia mais uma distinção entre o mar e a terra. Edith se aproximou. Nunca antes ela tinha sido a vencedora. A melhor. Nunca antes. Mas nunca antes tinha importado. Importava agora, e ela era agora. A melhor. O mais perto da melhor. "Euso'mrakul!"
Uma explosão no mar - subindo como um espessa coluna de pedra, caindo sobre si, desintegrando-se e crescendo ao mesmo tempo, o caos em movimento. E então parou, como se o tempo tivesse parado, também.
E aquilo ficou ali, como uma montanha rochosa no céu.
Da base, surgiu um som.
E então Emrakul chegou.
Edith não conseguiu conter o choro que irrompeu de seu peito.
O som da voz dela misturou-se com a ondulação do poder DELA, e ela se fundiu completamente com a ressonância do abraço DELA.
Emrakul viu Edith. Ela olhou para Edith com um enorme olho magenta brilhante.
E Edith viu Emrakul. Ela olhou, paralisada, no brilho, caindo cada vez mais profundamente na intensidade DELA. Havia tanto para ver, tanto para se tornar. Ela tinha sido escolhida.
"Euso'mrakul."
Ela se inclinou mais perto.
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As profundezas de Ulvenwald.
Ela se inclinou mais perto, pressionando as suas costas contra as de Alena - Elas estavam cercadas.
Hal sentiu vontade de se render, de se jogar no chão. Mas em vez disso, concentrou-se no calor irradiando dos braços de Alena, a sensação deles contra sua própria carne úmida. Ela agia como se o mundo não estivesse à beira do colapso.
"Por onde quer começar?" Ela casualmente perguntou sobre o ombro.
Passo a passo elas giraram juntas, sem sair do lugar, avaliando o tamanho do problema diante delas. Eles estavam em um bosque em Ulvenwald, mas Ulvenwald não era mais a floresta que tinham conhecido - Tudo tornou-se distorcido e terrível: as árvores agora tinham braços com dedos longos e finos que estendiam as mãos para puxar o cabelo de Hal, os arbustos tinham bocas que falavam e gritavam, os musgos tinham pernas e corriam como ratos, e agora até mesmo o habitantes da cidade, que andavam na floresta, tinham cedido à força coercitiva e tornar-se coisas que eram muito piores do que as piores coisas que Hal já tinha visto.
"Devemos começar com o povo da cidade", disse Alena.
Hal assentiu.
Havia três, tão transformados que suas formas humanas eram quase irreconhecíveis.
"venh'mrakul. Fiq'mrakul." Eles falavam.
Hal sentiu a força de suas palavras. Eles tinham atendido ao chamado que Hal tentava ignorar. Eles haviam desistido e agora eles não tinham mais para combatê-lo.
"Som'mrakul. Nos'mrakul."
As orelhas de Hal zumbiam e suas entranhas se contorciam. Seria tão fácil. Ela podia- “não!”
O batimento cardíaco constante de Alena disse "não".
"Vou começar com um dos nervosos e você pegar o grosso". A voz de Alena não vacilara, nem sequer uma vez.
Hal se forçou a ignorar a constrição na garganta, o aperto em sua cabeça. "parece um bom plano."
Ela iria tentar. Ela iria lutar. Ela agarrou sua espada e fechou sua mente para o cântico truncado.
O grosso. Ela se focou no grosso e, em seguida, ela engasgou.
"Alena. Alena, aquele é-" Hal não conseguiu finalizar.
Alena olhou por cima. "Elder Kolman. Que o anjo o salve."
Hal foi tomada por vertigens, sua visão turvou-se. Impossível.
"Somos'mrakul." A abominação atacou. Tudo que Hal pode fazer foi brandir sua espada e bloquear o braço grosso e ramificado.
"Ven'mrakul. Fiq'mrakul." As palavras de Kolman giravam pela mente de Hal. Como poderia este monstro ser o homem que ela tinha conhecido uma vez?
Ele a atacou com um braço que era como o tronco de uma árvore. Hal cambaleou para trás, sua mente girando.
"Somos'mrakul." "Fiq'mrakul." As palavras pareciam amarra-la. Era como se elas dissessem para não pensar, para não se preocupar, apenas se render. Sej'mrakul. Euso'mrakul.
"Hal?" A voz de Alena. "Hal! O braço dela. À direita!"
Hal ouviu as palavras, mas não as entendeu. De repente, um flash de prata dividiu o braço do ancião. A lâmina de Alena. Hal sabia que ela devia brandir sua espada também. Mas era tão pesada... Ela não queria ser brandida...
Se'mrakul. Um'mrakul. Ela sentiu como se estivesse flutuando.
"Hal!" Alena parecia preocupada. Mas ela estava longe. Tão longe.
Sej'mrakul.
"Fique comigo, Hal."
Somo'mrakul.
"Eu preciso de você."
Sou'mraku-
"Por favor!"
Foi o toque de Alena, os dedos suados agarrando o pulso de Hal, que a puxaram para longe do abraço sufocante. Ela olhou para a mulher que amava.
"Hal? Oh, por favor, Hal."
Ela não queria preocupar Alena. Ela não queria afastar-se de Alena. E ela não queria deixar Alena sozinha.
Ela teve que lutar. Foi difícil. Mais difícil do que qualquer coisa que ela já tinha feito. Mas ela tinha que fazê-lo. Ela empurrou a tensão fora de sua mente e encontrou, dentro de si, a força para levantar a lâmina.
"Eu estou bem, Alena", disse ela. "Eu vou ficar bem."
"Claro que vai." Hal sentiu a tensão sair do corpo de Alena, quando Alena a ajudou a ficar de pé.
"Sej'mrakul." A papada do ancião estalou.
Hal olhou para ele, não, essa coisa não era ele, não era o Elder Kolman. Era um monstro. Um que ameaçou arrancar Hal da mulher ao seu lado. Ela não permitiria isso.
"Devemos ataca-lo juntos, eu acho." Alena acenou para o monstro.
"Sim, eu acho que seria melhor."
Eles estavam lado a lado, ombros pressionado perto. Alena inalou. "Ao meu sinal."
Hal não precisava que Alena dissesse quando; ela sentiu o movimento dos músculos de Alena e dela respondeu instintivamente. Juntas, elas se moveram como um machado de duas pontas - atacando em ambos os lados, mas sempre ligado no meio.
Alena cortou o ombro esquerdo do monstro e a lâmina de Hal o direito. Apêndices contorcendo-se caíram no chão, aos seus pés, mas a abominação não pareceu notar.
Ele se lançou para elas. "Somo'mrakul!"
Hal atacou novamente, decapitando o homem, um dia santo.
Ainda assim, ele continuou a cantar, "Sou'amrakul, Somo'mrakul, Emrakul!"
Hal não podia suportar ouvir as palavras mais tempo. "Cale-se!" Ela levantou a lâmina e trouxe-a para baixo com tanta força que ela bandou a cabeça do ancião em duas. Uma massa do que parecia ser raízes entrelaçadas saltou, como se tivessem sido embaladas sob pressão.
O canto cessou, finalmente.
Hal estendeu a mão e a mão de Alena estava lá. O imediatismo com que seus dedos entrelaçaram-se, disse a ela que Alena estaria sempre lá. Ela silenciosamente fez uma promessa de dar o mesmo em troca.
"Somo'mrakul." Era a voz de outro dos habitantes da cidade por trás. "Sej'mrakul."
Hal queria gritar. E então ela viu. Uma abertura, sobre o corpo do ancião caído, que levava para fora do bosque de horrores. "Vem!" Ela puxou a mão de Alena. "por aqui!"
Alena seguiu Hal, através da massa de apêndices contorcendo-se, tentando agarrá-las, até as árvores. Onde o ar não tinha cheiro de carne podre. Onde os arbustos permaneciam enraizados e o musgo não se movia em manchas doentias por todo o terreno.
Eles correram até que não podiam mais ouvir o canto, até que já não podiam sentir a pressão em suas cabeças. E então elas correram mais longe, até que seus músculos cederam e seus pulmões gritaram.
Eles pararam na borda de um penhasco, caindo uma sobre a outra, testa contra testa, mãos segurando os ombros, tendo respirações coalescentes no espaço, que ia encolhendo, entre seus lábios.
"Hal".
"Alena."
Elas nunca abririam mão disso; elas nunca desistiriam disso.
__
Céu de Innistrad.
Elas nunca abririam mão disso, nunca mais. Eles tinham visto a luz, sentido o poder. A verdade as havia abraçado. As tinha feito.
Bruna não existia mais.
Gisela não existia mais.
Em vez disso, elas se tornaram DELA. Um. Um'mrakul.
O anjo de Emrakul tinha quatro asas, dois braços, e dizia, com uma única voz que surgia de duas bocas, "Somos Emrakul!"
Elas eram a imagem DELA, a imagem da verdade eterna, e a sua voz era DELA.
"Somos Emrakul!"
Sua chamada atraiu outros. "Nós som'mrakul!" Vozes levantaram-se no mundo abaixo, fundindo-se em um som, uma verdade. "um'mrakul, ser'mrakul, nos'mrakul!"
Foi glorioso. Era tudo. Era DELA.
O anjo de Emrakul guiou todos abaixo que seguiam sua forma radiante. O que antes era escuro estava agora banhado em sua luz, a verdadeira luz que estava se espalhando cada vez mais longe, um nascer do sol que em breve iria tocar cada canto do mundo.
"Todos são Emrakul! Somos Emrakul!"
__
A Estranha estrada para Thraben
“Somos Emrakul. Todos são Emrak- Arrrgh, não!." Jace empurrou as palavras para fora de sua mente com um golpe severo. "Fora!"
Tamiyo havia lhe ensinado como combater o toque enlouquecedor de Emrakul, mas manter a defesa mental, era mais difícil do que o moonfolk fazia parecer. Isso era um problema. Um grande problema para seu plano.
Toda vez que ele se concentrava por muito tempo em algo que não fosse o Eldrazi, ELA rastejava de volta em sua cabeça, corrompendo suas defesas e infiltrando-se nos recantos mais profundos de sua mente.
Desta vez, tinha sido a visão do anjo deformado no céu que havia distraído Jace. Ele tinha feito bem em manter os olhos nas costas de Tamiyo, mantendo seu foco em sua jornada através das rochas; eles estavam seguindo até o que ela chamou de “ponto de nexus”.
Mas a presença do anjo tinha sido demais para ignorar. Tão impossivelmente estranha era sua forma que a curiosidade de Jace tinha vencido. Ele tinha olhado para cima e foi fisgado instantaneamente - tinha que analisar o que ele estava testemunhando.
No começo, ele tinha pensado que era um demônio, mas era muito pior do que isso. E, quando já tinha decifrado as múltiplas asas, o tecido conjuntivo, a estrutura entre as duas cabeças, a fusão da voz ecoando, ele já estava perdido novamente...
Isso era inaceitável. Ele precisava ser capaz de confiar em sua mente para o que ele estava prestes a fazer.... Mas ele estava realmente prestes a fazê-lo? Será que ele realmente conseguia justificar trazer o resto deles aqui, para serem atacados por esta loucura?
A pergunta caiu no seu estômago e virou uma onda de náusea. Ele tinha pensado que era a coisa certa, não tinha? Sim, ele tinha chegado a ela como a única solução. Ele estava certo de - quase certo... Perto de certo....
"Argh!" Jace ergueu os braços.
"Shh!" Tamiyo lançou um olhar de repreensão por cima do ombro.
"Desculpa." Jace levantou as mãos defensivamente.
Tamiyo voltou-se para o caminho, para sua lanterna mágica e seus passos suaves. Ele deveria dizer a ela. Dizer a ela para esperar aqui, que ele iria trazer ajuda. Isto não era algo com o que eles dois pudessem lidar sozinhos.
Na verdade, nunca fora, mesmo quando Jace pensou que era apenas o anjo louco, Avacyn - Se não fosse por Sorin, lá na catedral..
Sorin...
Jace amaldiçoou o antigo vampiro que havia trazido Innistrad à beira da destruição e, em seguida, sumira, deixando a sujeira para Jace para limpar. Mas uma titan Eldrazi não era algo que ele poderia limpar sozinho.
Gideon tinha dito a Jace para voltar à Zendikar se ele tivesse notícias da titan. Bem, Jace tinha feito melhor do que isso; ele a tinha encontrado. Gideon ficaria bastante satisfeito.
À frente, Tamiyo parou na praia e segurou a lanterna no alto. Jace seguiu os tentáculos de luz magicamente reforçada, levantando os olhos para o céu.
Assim que ele fez, ele desejou que não tivesse.
Foi a primeira vez que ele viu ELA: a titã, Emrakul.
Jace estava paralisado.
Emrakul era maior, ele poderia jurar, que qualquer um dos outros.
E, à sua maneira, muito, muito mais poderosa. Ela só tinha estado neste mundo por um curto período de tempo, e quase tudo já parecia pertencer a ela. Todos em Innistrad largaram tudo para segui-la. Cultistas, deformados em sua semelhança, arrastando-se sobre as rochas, abandonando tudo o que tinham sido em suas vidas anteriores. Animais e monstros da mesma forma, na terra, no céu e no mar se reuniram atrás dela enquanto ela passava. As árvores, musgos e arbustos espinhosos, mesmo as algas arrastavam-se da água para estar mais perto de sua presença.
Jace, também, sentiu o desejo de ir até ela. “Euso'amrakul”...
“Não”.
Ele queria acordar. Ele tinha de limpar a mente. Ele tinha que pensar. Ele não podia deixar ELA ter o que queria. Ele, mais uma vez, imitou o que Tamiyo havia lhe ensinado, cerrando os punhos com o esforço.
O processo de assegurar que não havia nenhum resíduo de delírio não era muito diferente de espanar teias de aranha, a partir de dentro a cabeça. Grossas teias de aranha, lançadas por uma Eldrazi monstruosa, determinada a consumir a mente de todos os seres vivos neste mundo.
Jace estremeceu.
Isto é o que ele teria de ser capaz de fazer por eles, por Gideon e Chandra e Nissa. Ele teria que proteger suas mentes junto com a sua própria. Ele não podia trazê-los aqui e, em seguida, deixá-los serem consumidos por ela. Ele não faria isso. Então a pergunta era: Será que ele poderia fazê-lo? Ele já se perguntara isso centenas de vezes, e ele ainda não tinha a resposta.
"Você diz que ela é chamada Emrakul?" a voz curiosa do Tamiyo tirou Jace de seus pensamentos. Ele olhou para ela; seu rosto era um estudo de serenidade, como se proteger sua mente da loucura fosse tão difícil quanto respirar.
"Sim", disse Jace. "Esse é um dos nomes dela."
"Fascinante que tal coisa tenha um nome." Tamiyo ergueu o telescópio de seu cinto e colocou-o a seu olho. "Eu me pergunto se é disso que ela se chama."
Jace nunca parou para fazer essa pergunta. Ele nunca teria pensado nisso como algo que valia a pena perguntar; o moonfolk via as coisas de forma muito diferente. Ele olhou para a frente, para a forma maciça de Emrakul, tentando enxerga-la da forma que Tamiyo a enxergava. Ele olhou nos seus enormes olhos magenta. Eram quentes e acolhedores. Ele se perguntou o que iria encontrar se ele cedesse. Ele estava na ponta dos pés, no precipício.
“Qual é o seu nome?” Ele perguntou “do que você se chama?”
Um dilúvio de palavras ecoavam de todos os cantos de sua mente:
A fome infinita - esse mundo é meu.
O absoluto – tudo será meu.
O início – Eu serei tudo.
O ser - tudo é'mrakul.
O fim.
O fim.
O fim.
Jace retrocedeu, ofegante. Este não era o fim. Este não seria o fim. Não para ele, e não para Innistrad. Ele tinha que parar de duvidar, parar de procrastinar; ele tinha que confiar em sua mente. Ele olhou novamente para Tamiyo, serena; se ela poderia fazê-lo, ele poderia fazê-lo, ele poderia fazer isso por eles. Sim. Era hora de trazer o Gatewatch para Innistrad. Ele limpou a garganta. "Tamiyo, eu tenho que ir."
"O que?" Tamiyo se virou, seus olhos cor de lavanda arregalados.
"Há três outros. Planeswalkers. Eles são poderosos, eles são os melhores que há, e eles podem ajudar. Eu tenho que ir buscá-los. Em um outro mundo, nós matamos dois desses - " Ele acenou para Emrakul sem realmente olhar para ela.
Tamiyo apareceu relutante em acreditar nele. "Dois?"
“Foi preciso todo o nosso poder, mas sim."
Tamiyo inclinou a cabeça e olhou em seus olhos. Jace queria desviar o olhar-se, sentia culpado sob o olhar dela, embora ele não tivesse certeza do porquê.
Então, de repente, ela sorriu. "Você o fez. Sim, você realmente e verdadeiramente o fez. Uau, essa é uma história que eu vou ter que ouvir".
Ela suspirou.
"Mas em outra hora. Se a história deste mundo espera um fim que não seja a escuridão, cada um deve fazer a sua parte."
"Você vem comigo?"
"Não, Jace. Esse não é o meu caminho."
"Você vai estar aqui quando voltar?"
"Vamos todos estar onde devemos estar."
Jace abriu a boca para discutir, mas então ele sentiu um toque calmante sobre a sua mente. Tamiyo. Ele não tinha mais que lutar para manter sua sanidade; ele não tinha percebido que ele vinha se esforçando desnecessariamente. Era como se uma dor de cabeça terrível tivesse finalmente passado.
Alívio.
Ele relaxou.
"Eu vou proteger a sua mente para que você possa Planeswalk", disse Tamiyo. "Agora, vá."
Naquele momento, não havia nada que Jace queria mais, do que fazer o que ela disse.
Ele queria ir, deixar este mundo, deixar a titan. Voltar ao mundo que já tinha salvo: Zendikar. Sea Gate. O tritão o KOR e os vampiros juntos. Nissa estaria lá, os olhos verdes brilhando. E Gideon com seus ombros largos e sorriso pronto, e-
"Bem, olha quem decidiu aparecer. Ei, Gideon, aqui!"
-Chandra.
"Já era hora!" As passadas de botas materializaram-se nos ouvidos de Jace, e a imagem de Emrakul deu lugar ao rosto sorridente de seu amigo.
Finos fios de metal penduravam-se nas pontas do véu.
Liliana Vess quase podia ver seu reflexo nos vasos de coleta espectral sob os fios, e na treliça da orbe witchbane no peitoril da janela, e nos tubos condutores que iam da janela para o telhado.
As gravuras em seu rosto era visíveis através do véu. As linhas em sua pele combinavam com a luz ameaçadora das nuvens de tempestade lá fora. Relâmpagos cintilavam adequadamente.
Dois demônios ainda precisavam morrer. Mas ela tinha que ter certeza que ela não morreria quando ela os enfrentasse. O Véu era uma arma potente, mas potencialmente mortal para seu portador. Se isso funcionasse, ela poderia usar o véu de forma segura. Ela não iria precisar da ajuda de nenhum mago mental que teimava em perseguir algum mistério qualquer através das províncias.
E ela poderia livrar o Multiverso dos seus credores. De uma vez por todas.
"Estamos prontos?" Liliana perguntou - Os outros na torre com ela não tinham exibido sequer uma fração do intelecto do escoteiro azul, mas eles teriam que bastar.
O geistmage, Dierk, listava itens para si mesmo em um micro-sussurro, enquanto ajustava uma série de bicos e grampos no orbe. O assistente de Dierk, Gared, estava na janela, seu olho maior vagando entre o equipamento e a tempestade de raios fora da torre.
Gared repousava sua mão em uma alavanca de tamanho considerável.
"Os coletores estão levantados, senhora", disse o geistmage. "E a tempestade está chegando a seu pico. Mas me sinto obrigado a ressaltar que estaremos canalizando uma enorme dose de energia espectral diretamente para o artefato ..."
"Você não tem que ressaltar nada", disse Liliana.
"... gerada pela força de uma tempestade."
"Sim."
"Enquanto você está usando o artefato."
"Eu sei."
"Na sua cara."
Liliana revirou os olhos. "O fluxo de energia Geist através do orbe, assim, agirá como uma espécie de antena espectral, cortando as manobras de contra-ataque do objeto, sublimando a reação como estática atmosférica inofensiva, contornando todas as repercussões e permitindo assim a livre utilização do artefato."
Dierk olhou para Gared, batendo com os dedos na boca. "Essa é a teoria."
"Olha, Dierk", disse Liliana. "Minha amiga recomendou-lhe porque ela achava que você sabia algo sobre manipulação de espíritos. Você entende disso ou não?"
"Claro que sim, senhora", disse Dierk, surpreso.
"Então-?"
"Então, vamos continuar." Dierk ajustou os óculos sobre os olhos. "Devo acrescentar ... isso vai doer."
"A dor é temporária", disse Liliana, sentando-se na cadeira. Os fios pendurados a partir das pontas do Véu. "Além disso, não aprenderíamos nada, testando isso em Gared."
Gared sorriu. Seu olho maior fechou-se por um momento, como o de um réptil. Dierk acenou para ele, e ele bateu o grande alavanca.
O orbe witchbane vibrou. Liliana podia sentir os elos do véu tocando as curvas de seu rosto.
"Está ativado", disse Dierk. "Agora tudo o que temos a fazer é esperar por um -"
Relâmpago.
Os dentes de Liliana apertaram-se involuntariamente quando a onda veio. Contorcendo-se, laços de energia floresceram nos fios a partir dos coletores do telhado, e os espíritos dos mortos, seguiram imediatamente. Geists gritavam através dos tubos, enchendo a esfera e o vidro reforçado com gritos eletro-espectrais. Um spray de faíscas escapava do equipamento, mas o circuito aguentou.
Uma explosão de energia uivante irrompeu do Véu. Liliana podia sentir o peso dele levantar de suas bochechas ligeiramente. Elos flutuantes, contra a força da gravidade.
Ela olhou para os outros. Dierk tinha desistido de tentar ajustar grampos e interruptores e pressionou as costas para a parede, protegendo o rosto com os braços. Gared esticou um dedo em direção a uma onda a de energia e recuou quando a tocou.
Entre eles, ela podia ver as marcas brilhando no equipamento, o contrato demoníaco gravado em sua pele, formando um halo em torno dela.
Esses eram os momentos em que Liliana se sentia mais bonita - quando ela estava prestes a exercer um poder que fazia os outros terem medo.
Ela agarrou os braços da cadeira e chamou o poder do véu.
A reação foi imediata e total. As milhares de almas que residiam no véu a encheram de poder, mas o poder vinha acoplado com a dor, e a dor era ofuscante, Inextricável da magia que concedia. O circuito de Geist não tinha impedido nada.
Provetas estalaram e os coletores explodiram.
"Eu estou acabando com o experimento!" Dierk disse, estendendo a mão para a alavanca.
"Não", disse Liliana, sua voz um punhal. Dierk retirou sua mão.
O aposento tremeu. Liliana agarrou a cadeira, tentando acalmar o lugar, tentando segurar o grito que queria desesperadamente sair, tentando ver além da dor.
“Dor é temporária.”
Quando ela não se pôde conter mais, ela gritou. Fusíveis explodiram e a torre ficou escura. O uivo espectral declinou, até Liliana só ouvir sua própria respiração exausta.
Gared riscou um fósforo e acendeu uma lanterna. O laboratório era uma zona de desastre. O equipamento foi arruinado. Chuva batia no peitoril da janela.
Liliana soltou o véu e deslizou-o fora de sua cabeça. O sangue escorria de suas gravuras.
"Eu mencionei os riscos, senhora", disse Dierk.
Ela olhou para ele, imaginando a pele do geistmage secando e seu esqueleto batendo, os dentes dizendo as palavras "Sinto muito."
Mas, em vez disso, ela acenou com a cabeça em direção à porta. "Você, saia. Entregue a esfera de volta para seu dono." Um boom do trovão foi o ponto final da fala.
Dierk rapidamente recolheu o orbe witchbane e alguns outros itens em sua bolsa e partiu. Os ecos de seus passos foram sumindo na escada em espiral.
Gared empurrou de lado uma pilha de vidro quebrado com o pé, mas não partiu.
Liliana pos o véu em um bolso da saia. Os melhores e mais brilhantes de Innistrad não tinham sido de ajuda. Tomos e grimoires de remédios espectrais espalhados pelo aposento. Nem mesmo o especialista em Geist de Olivia tinha sido capaz de domar o véu.
Liliana olhou pela janela para a tempestade que explodia sobre o campo de Stensia, limpando as palavras em sua pele com um lenço.
Na escuridão, Thraben brilhava como uma vela distante.
Ela detestava depender de outra pessoa.
Mas não era que ela precisasse dele, ela disse a si mesma. Era apenas que ela precisava que as pessoas precisassem dela. Assim, ela teria alguns corpos quentes para ficar entre ela e a dupla de senhores demoníacos que a esperva.
Se ao menos ele devesse algo a ela de alguma forma...
Do andar de baixo veio o grito de um homem. Um rosnando e o som de algo se quebrando, em seguida.
Liliana jogou o lenço pontilhado de vermelho de lado e desceu as escadas.
Ela os ouviu e os farejou. antes que ela os visse. Os rosnados guturais e seus ganido famintos. O fedor de pelo úmido sobre o fedor de sangue.
Lobisomens. Toda sala do trono de Liliana, tomada por lobisomens.
E eles pareciam - não exatamente doentes, mas deformados, como se a sua carne e ossos fossem massa de vidraceiro, nas mãos de alguma força de mutação não natural. Suas extremidades em formas estranhas, dobradas e enrugadas, como uma esteira de algas.
Mas eles ainda eram lobisomens, e eles ainda tinham garras. Dierk estava deitado no chão, o peito aberto. O conteúdo de sua bolsa e suas costelas, ambos derramados sobre o piso. Seu rosto estava pálido, travado em um olhar de surpresa, e ele estava exalando seu último suspiro como um balão se esvaziando.
Os lobisomens viram-se para Liliana, farejando. Um deles gritou, e tinha os olhos onde a sua língua deveria estar.
Um conjunto de magias, mortíferas, cada uma adaptada a cada um dos lobisomens na frente dela, era disso que ela precisava. Bastava energia suficiente para lidar com cada um, apenas para limpar o caminho para a porta da mansão.
"Gared!" Liliana gritou por cima do ombro. "Pegue seu casaco."
O véu não se moveu de seu bolso.
__
Horas mais tarde, a tempestade havia diminuído, mas os campos de Stensia haviam se tornado um circo de aberrações. Liliana observou que cada transeunte tinha algo “remodelado” sobre eles. Os corpos de vampiros errantes tinham as silhuetas erradas, sempre com muito pouco de alguma coisa, ou muito de outra coisa. Viajantes Anatomicamente improváveis, deliravam profecias sobre pedra e mar enquanto vagavam em movimentos diagonais.
Finalmente, Liliana, Gared (e um Dierk capenga), chegaram na porta monumental.
Lurenbraum Fortress estava acima deles, um penhasco íngreme, com uma cidadela que se projetava diretamente da face da rocha. Mais acima, a arquitetura utilitária, mais suave e alongada, em camadas de janelas de chumbo ornamentadas, cada uma com seu próprio lustre flutuante de velas cintilantes. Em muitas das janelas, vampiros olhavam para baixo para eles, vestindo armaduras reluzentes ancestrais.
Liliana fez um gesto para Gared bater.
Gared foi até a porta. "Você realmente conhece a dona da casa?" ele perguntou.
Dierk, por sua vez, fez um barulho borbulhante. O pescoço do homem estava quebrado, então a cabeça descansava em um ângulo estranho e sua garganta parecia irregular. Mas, pelo menos, as pernas estavam boas, e, pelo menos, seus braços tinham sido capazes de carregar o orbe witchbane gasto.
O casaco longo de Gared foi amarrado ao redor barriga de Dierk, fazendo o seu melhor para manter o restante do interior do homem morto dentro dele.
Liliana levantou a mão um pouco, e Dierk endireitou os ombros, mas sua cabeça ainda pendia para um lado. A língua ressecada não ficava completamente dentro de sua boca, contribuindo para o borbulhar.
Liliana deu de ombros.
"Eu procuro saber quem exerce o poder", disse Liliana. "Assim como ela."
Gared bateu na porta e ficou para trás.
A porta se abriu, e uma mulher imponente em um vestido ornamentado (ou, possivelmente, uma mulher ornamentada em um vestido imponente) apareceu. Ela estendeu um cajado, que irradiava como brasas quentes, ao rosto de Liliana.
"Ela não está recebendo visitantes humanos", disse a mulher, mostrando suas presas enquanto falava. Suas íris eram poços negros que pareciam arder.
"Estou retornando algo que pertence a ela", disse Liliana.
A mulher fez uma pausa, inspecionando visualmente Dierk e o orbe witchbane que ele carregava. "Deixe-o aqui. Então, vá-se embora desta propriedade, antes que eu chame uma invocação para cima de você."
Gared fez um movimento para confrontar a sacerdotisa vampírica, mas Liliana o deteve com um toque. Em uma fortaleza cheia de vampiros, um não lutava quando ainda havia uma chance de convencer.
"Eu falo com Olivia diretamente, por favor. Diga a ela Liliana Vess gostaria de vê-la."
"Eu te disse, ela não está recebendo mortais."
"Mortais!" Liliana riu. "Ah, abençoado seja esse coração sem sangue."
A vampira ergueu seu cajado, o símbolo irregular na ponta distorcia o ar com calor.
"Oh Liliana, minha querida!" Olivia Voldaren apareceu na porta de repente, descartando a sacerdotisa com um sibilo breve, mas maligno. A sacerdotisa ficou de lado, inclinando a cabeça, mas seguindo Liliana com os olhos.
Olivia estava gloriosa na armadura segmentada preta. Como de costume, seus pés não tocavam o chão. "Você veio para celebrar a boa notícia?" ela perguntou, guiando seus convidados. "Vem! vem!"
"Só devolvendo seu orbe", disse Liliana. "E o seu geistmage. E esperando que você possa saber o paradeiro de um conhecido meu." Ela sorriu agradavelmente para a sacerdotisa, enquanto ela passava. "O que exatamente estamos comemorando?"
Olivia pegou o braço de Liliana, flutuando ao lado dela e puxando-a mais profundamente na cidadela. "Ora, a longa espera acabou! Você não ouviu?"
Eles entraram em uma ampla galeria, onde elegantes vampiros estavam de pé, ou pairavam em cada escada, cada pouso. Centenas de olhos observavam Liliana e seus assistentes enquanto Olivia os guiava pelos corredores inferiores da fortaleza. Cada vampiro que já tinha carregado o nome Voldaren parecia estar no edifício, carrancudos em uníssono.
Liliana fez um movimento furtivo com uma mão. O cadáver de Dierk arrastou-se até uma velha cadeira dourada, caiu nela, e ficou ali, estatelado, com o orbe em seu colo. O casaco em torno de seu meio rasgado, segurando o seu conteúdo da melhor maneira possível.
Olivia se inclinou conspiratória, apertando o braço de Liliana. "Foi o arcanjo! Poof!" Ela gargalhou. "Virou uma mancha no chão da Catedral Thraben. Oh, é simplesmente bom demais."
"Avacyn está morta?" Um pequeno pensamento de Jace desceu sobre ela, como uma mariposa pousa em seu cabelo. Ele estava no encalço de Avacyn quando conversaram pela última vez...
Olivia fez uma varredura expansiva com o braço. "Nós da noite podemos nos alegrar, pois o mundo é nosso novamente! Eu fiquei bem chateada quando eu ouvi falar que ela tinha sido libertada de sua pequena gaiola."
Liliana levantou as sobrancelhas um milímetro.
"Mas Sorin teve finalmente bom senso, e se livrou daquela coisa. E agora, devo dizer, tudo funcionou muito bem, não foi?" Olivia riu.
Ela levou Liliana diante, através de galeria após galeria. Gared desapareceu no labirinto.
Liliana manteve-se com Olivia. "E agora você está levantando um exército."
"Bem, minha querida, acontece que quem abriu a Helvault-"
Liliana manteve o rosto corretamente imutável.
"-soltou mais do que apenas o arcanjo", Olivia continuou. "E mais do que apenas ... aqueles seus amigos demônio. Também soltaram aquela outra... Um drink?" Ela sinalizou para um vampiro nas proximidades. "Você aí, traga um drink para nossos convidados."
Um vampiro em uma armadura ornamentada empurrou um copo de vinho na mão de Liliana – vinho de verdade, e depois retirou-se.
Fora Liliana, é claro, quem tinha aberto a Câmara Infernal e derramado o seu conteúdo por toda Innistrad. Ela havia matado o demônio Griselbrand. As outras consequências da sua abertura não tinham nenhuma importância para ela. Ela não tinha visto nenhuma razão para deixar o seu círculo social vampiresco saber de nada disso.
"E ela parece bastante ofendida, agora que ela está livre", Olivia continuou. "Não posso dizer que eu a culpo. Como eu disse, eu estava furiosa antes, mas agora eu adoraria saber quem abriu a vault, só para expressar a minha gratidão absoluta!"
Liliana não sabia quem mais poderia ter escapado da Câmara Infernal, que fosse tão importante para Olivia. Mas ela tinha uma intuição que ela estava conectada com as mudanças que ela tinha visto em toda Innistrad. Os lobisomens deformadas em sua mansão. O campo de vampiros retorcidos, os andarilhos delirantes.
Este era o tipo de coisa que fascinava o escoteiro. Liliana só queria alguns demônios mortos. Mas talvez os caminhos dos dois poderiam se conectar, no final das contas.
Elas emergiram em um amplo salão, densamente acarpetado. Um vampiro alto, de cabelos brancos, trajando um longo casaco, estava de costas para elas, olhando pelas janelas altas para a noite.
Liliana sentiu garras cravando em seu braço.
"Sabemos que foi você", Olivia sussurrou, de repente, em sua orelha. "Nós sabemos que você os libertou." Ela acrescentou, "Não é verdade, Sorin?"
Sorin Markov virou-se para enfrentá-los. E ele vestia o ódio como uma roupa de gala.
"Você", disse ele.
"Olha quem está nos fazendo uma visita", disse Olivia. "Sorin, eu acredito que você conhece Liliana Vess?"
"Você fez isso", disse Sorin. "Você libertou a Lithomancer e trouxe isso sobre nós."
Liliana arrancou seu braço longe de Olivia. Ela andou até Sorin e o olhou de cima a baixo. Finalmente, ela riu, pegando num grão de poeira da lapela de Sorin.
"Eu tinha negócios a resolver", disse ela. "Não é minha culpa se o seu armário estava cheio de esqueletos."
"Você não tinha o direito", Sorin disse, cada palavra como uma lâmina faiscando em uma pedra de amolar.
"Sorin, você e eu temos outro assunto para atender", disse Olivia, flutuando em torno deles. "Mas eu seria negligente se eu não permitisse que vocês dois botassem a conversa em dia, não seria?"
Sorin trouxe seu rosto perto de Liliana. "Tudo isso é por causa de você. A Lithomancer está livre, e agora temos de enfrenta-la."
"Você tem um exército vampírico montado", disse Liliana. Ela sorriu para ele. "Ou, deixe-me adivinhar... Seriam mais uma força de defesa? Você menosprezou ela, não é?"
As presas de Sorin brilhavam. "Eu lhe disse, quando você veio aqui como um filhote - Innistrad é minha. Você se intromete em meus assuntos, você morre."
Liliana olhou-o nos olhos, os dedos, descendo para tocar os anéis do véu em sua cintura. As gravuras começaram a brilhar em sua pele e seu cabelo flutuou ligeiramente.
"Innistrad pode ser o seu domínio, Sorin", ela sussurrou. Então, deu um tapinha no braço dele. "Mas a morte é o meu."
Sorin rosnou, batendo o braço fora e pressionando a testa na dela. Seus olhos viraram-se, apenas brevemente, para o pescoço dela.
"Agora, meus amigos!" Olivia riu levemente, colocando-se entre eles. "Ainda que eu fosse adorar ver os dois se destruindo em meu salão ... Sorin, parece que chegou a hora. Junte-se a mim lá fora. Nahiri aguarda." Ela fez um gesto em direção às janelas altas, para a noite.
Liliana se assustou com o que viu através do vidro. O remanescente da tempestade de raios era agora um amontoado de nuvens agitadas ao longo da costa de Nephalia. Garras de névoa estendendiam-se em todas as direções. Não eram apenas alguns lobisomens ou vampiros que estavam sendo deformados. Seja qual fosse a força que tinha chegado, ela ameaçava rasgar toda Innistrad.
Olivia deslizou uma espada da bainha. "Liliana, minha querida, eu receio que você já esgotou o meu estoque de especialistas Geist e brinquedos espectrais. Mas talvez você gostaria de se juntar a nós? Afinal, você foi quem libertou Nahiri. Ela pode até querer agradecer você."
Liliana apenas observava as nuvens. Isso era magia antiga, profunda, alteradora de mundos e vingativa...
"Ela causou isso?"
"O ato mesquinho de um mago mesquinho", Sorin murmurou. "Com um sentido equivocado de justiça."
"Então foi você quem causou tudo isso", disse Liliana. "Você a atacou!"
"E agora nós vamos ataca-la de novo", disse Olivia com um sorriso cheio de presas.
Enquadrada nas janelas da fortaleza, a massa atmosférica deslocova-se lentamente desde a sua origem ao longo da costa Nephalia, inclinando em direção à província Gavony e às luzes de High City. O céu parecia amassado e rasgado, como os lobisomens, Liliana pensou. Era como se o plano – o lar de Sorin - tivesse sido maculado de propósito, deformado de horizonte a horizonte, só porque Sorin se importava com ele. Quem quer que fosse aquela Nahiri, Liliana teve que admitir, ela não fazia as coisas pela metade.
"Você não está nem um pouco preocupado com o que a vingança dela está fazendo com Innistrad?" Liliana perguntou. "Jace está", ela se endireitou - "há milhares de pessoas lá fora."
"Este mundo está em ruínas", disse Sorin. "Ela tem a certeza disso. E o seu Jace vai morrer em Thraben com o resto deles."
"O que Sorin está dizendo," Olivia disse brilhantemente, "é que parar Nahiri, certamente irá parar o mal que ela está fazendo. Nós estamos em uma missão heróica!"
Liliana olhou para fora, em seguida, olhou para Olivia, agora com uma ternura terrível. "Oh, doce criança."
Sorin deslizou sua espada da bainha, preguiçosamente, como uma reflexão tardia. "Vamos, Olivia." Ele virou-se e saiu da sala e para fora da mansão sem outra palavra.
Olivia flutuava atrás dele, e fileiras de vampiros Voldaren a seguiram, suas armaduras ecoando pelos corredores.
Liliana seguiu-os para fora. Quando ela viu Gared novamente, ela disse, "Gared, pegue o seu casaco."
Gared olhou com tristeza para o casaco e começou a tarefa de desembaraça-lo de Dierk.
___
Eles saíram para a noite.
O vento uivava, grandes cones chocavam-se o céu. Um brilho sobrenatural tingia as barrigas inchadas das nuvens.
Liliana tirou o cabelo de seu rosto. Ela olhou para as colinas distantes de Gavony, enquanto grandes sombras se reuniam sobre ela.
“Isto é o que Jace está tentando parar”, ela pensou.
Sorin mal olhou por cima do ombro enquanto ele e os vampiros se organizavam. Ele apontou com a espada. "Vamos, Olivia", entoou sobre o vento. "É hora de você cumprir sua parte no trato."
Olivia sorriu alegremente e subiu ao ar. O exército de vampiros marchou descendo a colina, espadas e lanças e símbolos em brasa adentrando nas névoas, para a batalha contra Nahiri.
Não para combater os horrores que Nahiri fizera sobre este mundo. Não para ajudar aquele Jace meio enlouquecido.
Este mundo estava destinado a morrer, então, pensou Liliana. Seus protetores tinham abandonado ele. Era hora de dizer adeus. "Adeus, Mansão Vess."
O céu soltou um som insondável que sacudiu os ossos de Liliana.
Na distância, Thraben brilhava como uma estrela caída descansando no horizonte. "Adeus, escoteiro".
Mas quando percebeu, ela estava andando, descendo a colina, em um caminho diferente dos vampiros. Ela estava na estrada. Ela passou por uma cova coletiva, onde os criminosos eram jogados após a execução de suas sentenças. Ela os chamou. Cadáveres arrastaram-se para fora da terra. Ela continuou andando. Os cadáveres a seguiram.
Ela passou por outro cemitério, e outro. Um pequeno santuário de beira de estrada, o mausoléu de um cathar honrado. Cada vez, ela estendeu a mão. Cada vez, os mortos a obedeceram, acordando de seu descanso e balançando-se atrás dela.
Enquanto caminhava na direção de Thraben, ela estendeu a mão até a cintura.
Ela quase podia ouvir as dezenas de essências espectrais zombando dela, cantando para ela de dentro do véu-sobre o som dos zumbis obedientemente cambaleando pelo caminho na estrada, atrás dela.
Sorin e Olivia não iam fazer nada sobre a crise que Nahiri tinha causado. E a única pessoa que ela sabia que entendia - ele e seu cérebro quebrado, irritante, insondável, estava seguindo sua curiosidade diretamente à uma morte confusa, dolorosa, e quase certamente inevitável.
Não era que ela precisava dele. Era simplesmente que ela precisava de alguém que precisasse dela.
"Bem, Gared", ela disse em voz alta contra o vento.
Ela levantou os braços, sentindo as gravuras como vasos sanguíneos quentes em sua pele.
"Parece como se eu sou ..."
Uma dúzia de zumbis mais cambaleou para fora da terra, obrigados a seguir em seu rastro de poder necromântico.
"...a última esperança."
Os cadáveres não pareciam distorcidos, pelo menos não mais distorcidos do que os seus ossos desgrenhados já haviam se tornado por seus anos no solo. Os mortos pareciam estar livres dos efeitos do que quer que fosse que estivesse distorcendo o plano.
Eles não estavam errados, estes fanáticos e sectários, que a tinham seguido até aqui, ainda crescendo em números, enquanto ela se concentrava em seu trabalho em Innistrad. Eles eram seus devotos, e eles lembravam Nahiri que a única coisa que valia a pena em todo este mundo maldito era a sua vingança.
O coro monótono de centenas de cultistas ecoava pelos corredores, enquanto ela olhava para o rosto do vampiro. Ele era uma coisa feia, com os lábios curvados para trás, revelando dentes horríveis, afiados e impiedosos. Dois olhos, lascas de âmbar nadando em poças escuras, olhavam para ela, ou melhor, além dela. O sanguessuga estava vestido luxuosamente, e ele, como as dezenas dos seus em torno dele, estava incrustado na parede.
Todos eles mortos.
Todos mortos por ela.
Ela odiava este lugar, Mansão Markov. Como tantos lugares deste plano, ela fedia a Sorin. Mesmo quebrada, torcida, e reformulada, como tinha feito, não foi o suficiente para purgar a sensação dele, dali.
Mas aqui estava ela - preparativos haviam sido feitos, e o trabalho tinha que ser verificado.
É um negócio complicado, essa coisa de vingança, mas Nahiri tivera mil anos para planejar os detalhes.
Um. Mil. Anos.
Foi tempo suficiente para considerar sua vingança de todos os ângulos, para desistir, ajustá-la e desistir outra vez, até que tudo estava em seu lugar, até que era um plano.
E agora, enquanto Nahiri passava através do esqueleto retorcido da Mansão Markov, ela se permitiu um leve sorriso. Tudo estava de fato em seu lugar, todas as peças onde ela queria, menos Sorin.
Mas ele estaria aqui em breve.
Ela tinha trazido algo especial com ela desta vez, também, algo que tinha reunido quando a notícia chegou a ela que Sorin estava trazendo um exército para enfrentá-la. Claro, ela tinha seus sectários, mas não havia tempo para desleixo na vingança.
A primeira das forças de Sorin a chegar foram os estandartes, bandeiras antigas que pendiam de hastes de madeira preta, transportadas por Cavaleiros vampiros em armaduras polidas.Centenas de vampiros seguiam atrás deles, espalhando-se por toda a colina em frente à mansão.
Nahiri assistiu a procissão da entrada arqueada da mansão.
Quando Sorin finalmente saiu na frente de suas forças, a mandíbula de Nahiri trincou. Sorin estava dizendo algo para os vampiros mais próximo dele, mas ela não conseguia distinguir o que.
Não importava o que ele dizia, porém. Tudo iria acabar logo. Espada na mão, Nahiri saiu para a luz do dia, para a ponte despedaçada, e deu boas vindas a Sorin.
Um guincho metálico cortou os sons da batalha da batalha quando Nahiri arrastou a lâmina de sua espada fora do peitoral ornamentado de um vampiro morto.
O cadáver era apenas um, um dos vários que estavam ao seu redor em um semicírculo.
Pulmões queimando, ela atirou-se sobre o monte sem vida para recepcionar uma leva de novos atacantes.
Tantos deles.
Mas ela só precisava de um.
Um machado entrou em vista, vapor vermelho formando uma trilha atrás da sua lâmina preta.
Nahiri abaixou-se, fora do alcance, e empurrou a ponta de sua espada na garganta de outro atacante que atacava à sua direita. Em um impulso descendente da sua mão livre, o chão diante dela, de repente afundou, de modo que quando o machado se arqueou em um segundo ataque, ele atingiu a borda da depressão.
Lascas de pedra voaram com o impacto, Nahiri as apanhou com a sua magia e as lançou no rosto desprotegido do portador machado.
Outros a cercaram. Um deles, uma mulher toda em armadura branca esmaltada, saiu do meio deles. Ela segurava a espada em guarda baixa, e Nahiri notou a arma tinha um par de lâminas que torciam-se em uma hélice até que se reuniam para formar uma ponta mortal.
O vampiro falou, sem tirar os olhos de Nahiri, "Você não vai escapar."
Nahiri inclinou a cabeça e levantou uma sobrancelha. "Escapar?"
"Quando isso acabar," o vampiro em branco continuou, "eu vou beber o seu sangue de-" Mas o vampiro ficou em silêncio quando um aparador de mármore explodiu em sua boca, pulverizando os seus dentes grotescos.
Nahiri o tinha arrancado do entulho que estava suspenso acima deles. Ela tinha ouvido o suficiente. Quando o vampiro em branco caiu no chão, Nahiri usou um paralelepípedo contra os sanguessugas mais próximo dela, explodindo crânios e esmagando peitorais.
Quando os corpos pararam de se mover, o bloco ensanguentado de pedra girou no ar, e as gotas vermelhas voaram em todas as direções.
Nahiri limpou uma mancha de seu queixo. Se o plano de Sorin era cansá-la antes de se enfrentarem, então ele era um tolo. Mil anos na Câmara Infernal foi bastante descanso para várias vidas. Se isso significava acabar com todos os outros sanguessuga daqui para chegar até ele, então ela já estava em um bom começo.
Ele estava aqui em algum lugar, ela sabia.
Em torno dela, a batalha se desenrolava, no que ela se lembrava tinha sido o grande salão da mansão. A câmara estava inundada, agora, com vampiros e sectários, todos no trabalho macabro de abater uns aos outros. Seus olhos corriam sobre o caos, na esperança de encontrar os cabelos brancos, ou ...
Aqueles cruéis olhos amarelos!
Por um instante, eles estavam olhando para ela antes de serem engolido no tumulto.
A garganta de Nahiri, subitamente, ficou seca.
Seu coração batia contra o interior do seu peito, e toda a raiva dos últimos mil anos brotaram, até que tudo o que pôde fazer, foi gritar o nome ", Sorin!"
Nahiri olhou para o chão de pedra, para cada uma das enormes lajes, e as puxou severamente. Suas mãos viraram para cima, e, de cada lado dela, paredes paralelas levantaram-se, uma dúzia de pés do chão. Quando parou, ela havia criado uma espécie de passagem, isolada da disputa principal.
Ela estava em uma extremidade, Sorin na outra.
Entre eles, ficara uma pequena parte da batalha – um grupo de vampiros e pelo menos o dobro de cultistas, todos ainda emaranhados em seus combates.
Um dos vampiros se lançou para Nahiri, mas sua vingança estava muito perto agora para essas distrações. Uma contração de dedo, e uma lança de pedra surgiu repentinamente do chão. Com um gemido estridente, o vampiro foi empalado. Nahiri passou por ele, enquanto ele afundava lentamente pela lança de pedra.
"Sorin", ela chamou de novo, sua voz forte e fria como a pedra que ela controlava. E então ela estava caminhando para a frente, seu caminho direto e constante, à medida que mais lanças surgiam para empalar vampiros e sectários, igualmente.
Então, eram apenas a dois deles.
A última vez que ela tinha visto Sorin, ele tinha sido a última coisa que ela viu no mundo antes de ser consumida pela solidão da Câmara Infernal. Agora que ela olhava para ele, de pé, uma dúzia de passos distante, ele se parecia mais com o que ela se lembrava dele, sem nada da fragilidade de sua reunião anterior.
Ele usava a mesma armadura, mas manchada com sangue, o que acrescentou um brilho cruel à pedra vermelha que adornava seu peitoral. Sua espada também carregava provas de sua violência. Seu rosto, tão acostumado a exibir aquele sorriso sarcástico que ela conhecia tão bem, ao invés disso, estava enrugada com linhas severas que ela nunca tinha visto.
Agradava-lhe vê-lo tão perturbado.
"Você trouxe tantos amigos", disse Nahiri, saindo de entre duas lanças. "Mas, mesmo assim, nem todo mundo pôde vir..."
Ela sabia que a menção de Avacyn iria atingi-lo, mas não houve resposta sarcástica. Sorin apenas levantou uma mão pálida, e jatos de energia negra dispararam. A morte estava nessas trilhas de sombra, morte procurando Nahiri. Parecia que ele não desejava nenhum dos protocolos, ou a poesia, de um duelo adequado. Seu fim seria suficiente, e ela observou Sorin, imóvel, enquanto a morte se aproximava dela.
Mas a morte nunca a tocou. Os raios se separaram, e voaram em várias direções. Sorin desencadeou uma segunda torrente de magia de morte, que também foi dispersa.
Então, energia negra colidiu com o vampiro numa sequência rápida, seguida por urros de dor.
Sorin caiu sobre um joelho, mordendo o lábio em angústia, e de entre as placas de sua armadura, vapor escuro subiu de feridas invisíveis.
"Você deve pensar muito pouco de mim, mesmo, se você pensou que isso iria funcionar", disse Nahiri, no momento em que o segundo disparo o atingiu também.
"Magia flui através de linhas ley. Linhas ley podem ser canalizadas por pedra. E, bem, nós dois sabemos o que posso fazer com isso. Então, por favor, Sorin, tente novamente esse lixo de ataque." Ela disse, circulando-o. "Eu trouxe Emrakul à sua porta, e você ainda acha que eu sou uma criança."
Por um momento, nenhum deles falou. Mais de seis mil anos de história tinham trazido ambos até aqui. Olhando nos olhos de Sorin, Nahiri perguntou-se se ele estava pensando a mesma coisa. Eles tinham sido amigos, ela acreditava, uma vez. E agora ... agora ela teria sua vingança.
Por fim, Nahiri disse: "Mil anos, Sorin. Você trancou-me por mil anos."
"E, no entanto, você ainda está aqui." Sorin tossiu, enviando uma nuvem de névoa negra no ar. "Você deveria ter partido."
"Eu fiz isso. Voltei para Zendikar, apenas para vê-lo sendo eviscerado pelos Eldrazi. Você deixou isso acontecer." Ela levantou a espada, nivelando-a com a garganta de Sorin. "Você condenou a mim e ao meu mundo."
"Você conhecia os riscos quando você concordou em prender os titãs em Zendikar. Você sabia que sua fuga era uma possibilidade."
"Eu também sabia que tínhamos um acordo." Nahiri sentiu a pele ficar quente. "Se eles escapassem, você e Ugin deveriam vir. Quando o fizeram, você sumiu. Até onde eu acreditava, nós três estávamos juntos nisso. Mas era só eu. Todo esse tempo, era sempre apenas eu ".
"Então você decidiu condenar este plano."
"Eu não serei mais uma carcereira, e Zendikar nunca mais vai ser uma prisão. Emrakul tinha que ir para algum lugar. Você só tornou a decisão mais simples".
"Sorin, eu estou inclinada a assistir o desfecho disso", veio uma voz de mulher, melódica e sarcástica, a partir de cima.
A cabeça de Nahiri inclinou-se, para encontrar uma vampira, vestida toda em uma elegante armadura de placas preta, flutuando no ar, acima da cabeça de uma dúzia de vampiros semelhantemente adornados. Ela não usava capacete, e seu rosto pálido e cabeleira vermelha brilhante se destacavam contra o metal escuro. Havia um ar de graça que parecia irradiar-se dela, e Nahiri reconheceu um poder que era semelhante ao de Sorin - A mulher era um sanguessuga de uma linhagem antiga.
"Sem dúvida, Olivia", Sorin disse de sua posição ajoelhado.
Olivia acenou para Nahiri com uma espada delicada forjado em aço preto. "Esta é ela, eu presumo."
Sem esperar por uma confirmação, ela simplesmente continuou. "O que quer que Sorin tenha feito para incorrer em sua ira, eu tenho certeza que ele fez por onde. Mas ele também fez por onde, para ter a minha ajuda. Então, eu não posso permitir a sua vingança."
"Outro anjo da guarda, Sorin? Este foi um pouco apressado, eu acho", disse Nahiri. Ela estendeu a mão, e as lajes de pedra antes dela começaram a ficar vermelhas com o calor.
Olivia sorriu. "Eu gosto dela Sorin, devo dizer. Mas, no entanto ..." Ao seu sinal, os vampiros desceram sobre Nahiri.
As pedras na frente da lithomancer haviam se tornado branco-quente, e, antes que os sanguessugas pudessem alcançá-la, ela puxou o conteúdo das pedras. Quatro lâminas fundidas, idênticas à que ela empunhava, cada uma pulsando com a energia de sua forja de pedra, surgiram. Ela pegou uma, de modo que ela tinha uma lâmina em cada mão. As outras se espalharam por cima dela como a plumagem de uma Fênix.
"Minha vingança não é sua, para conceder. Eu a mereço. Sorin é meu."
"Nunca se esqueça", Sorin sussurrou, "Eu a poupei. A Câmara Infernal foi uma cortesia."
"Uma cortesia?", Nahiri repetiu, seus dedos se contraindo. Ela poderia rasga-lo em pedaços. "Os horrores com os quais você me trancou por tanto tempo, eles se tornaram meu mundo."
Nessa última palavra, Nahiri afundou as pontas de suas espadas em uma das lajes de pedra. Ela cerrou os punhos, e as armas começaram a vibrar. O tremor ressoou através do chão, crescendo em força, enquanto se espalhavam. O que começou como um baixo zumbido, virou um estrondo que abalou a estrutura circundante. Fitas brilhantes de energia floresceram de suas mãos em pulsos rápidos, descendo pelas lâminas, irradiando para fora, ao longo da alvenaria, até alcançar cada pedra no solar.
Um punhado de pedras ley brotaram em torno dela, todas apontando para fora, formando uma espécie de estrela.
Em seguida, a mansão deu uma guinada. As paredes que ela criou para isolar ela e Sorin caíram, e todo o salão começou a girar independentemente do resto da arquitetura. Enquanto girava, a fundação estalou, como as juntas de algum deus antigo, levantando-se pela primeira vez em milênios.
Era um som ensurdecedor, e oscilava à beira do suportável.
Logo outro som penetrou em sua audição. Com cada polegada de rotação do corredor, o som crescia. Era um som áspero, não muito diferente do coro dos cultistas, mas esse não era feito nem para, nem por pessoas.
A entrada arqueada do salão moveu-se com a câmara enorme, de forma que não mais levava à ponte quebrada além do portão da mansão. Quando o movimento circular parou, a porta de entrada repousava na frente de uma parede de pedra com traços característicos. O som aumentou. Sem o barulho de pedra em movimento, não havia mais nada para abafa-lo, e ela sentiu-o nas raízes de seus dentes.
Era hora - Nahiri estendeu a mão e, com a sua magia, camadas da parede afastaram-se em direções alternadas.
Antes de ela afastar a última camada de lado, ela explodiu em uma chuva de escombros, e eles surgiram - Dezenas de monstros, bulbosos e distorcidas, com somente sugestões vagas das pessoas e animais que tinham sido uma vez. Eles eram de Emrakul agora, tocados pela titan Eldrazi, sua carne esticada sobre suas formas mutantes.
Nahiri tinha reunindo-os aqui desde a chegada de Emrakul, trancando-os em sua própria câmara, um presente para o seu velho amigo.
Nahiri assistiu-os jorrando a partir de sua câmara negra, inundando o corredor em direção a ela.
Ela não vacilou, porém. Pesadelos não eram novidade para ela. Eles se aproximaram, e, quando a terrível horda deveria se chocar contra ela, eles se separaram em torno dela.
Os monstros eram cegos para ela, dentro de seu círculo de pedras ley. Cryptoliths, ela ouviu-os sendo descritos pelos cultistas, embora eles estavam longe de ser crípticos.
Eldrazi seguiam leylines, a rede de mana que todos os mundos têm. Assim como ela tinha feito em Zendikar seis mil anos atrás, Nahiri usou estas pedras para dobrar as leylines de Innistrad à sua vontade. Para estes horrores, ela não existia.
Tal não era caso para os vampiros porém. Os Eldrazi correram em direção a eles, e a vampira ruiva, juntamente com os seus lacaios, não perderam tempo e atacaram as monstruosidades com toda a fúria de sua espécie.
Nahiri afastou-se do caos, pedaços de pedra deslizando com cada passo para trás, criando uma escada improvisada que disparava para as alturas do solar, levando-a acima do choque das lâminas e membros deformados.
Sorin esperava vencê-la usando aliados, mas Nahiri estava pronta. Sorin tinha tentado derruba-la com sua magia de morte, mas Nahiri estava pronta para isso também.
Estaria ele pronto para ela, porém?
Ela sentiu seus olhos sobre ela, e quando ela encontrou Sorin no tumulto abaixo dela, ele estava olhando para ela. O sangue escorria pelo seu queixo, uma cultista pendurada molemente nos punhos do vampiro. Não era a primeira vez que ela o via alimentar-se, mas ele nunca pareceu tão monstruoso como naquele momento.
E isso é o que ele era, um monstro.
Os olhos de Sorin nunca saíram dela, mesmo quando ele começou sua escalada. Ele se moveu como um relâmpago, a cultista balançando violentamente quando ele subiu as paredes retorcidas, e pulou para os pedaços de pedra suspensos no ar. Ele era um gato na caça, rápido e de pé firme. No momento em que Nahiri chegou nos restos quebrados do teto abobadado da mansão, Sorin estava em seus calcanhares.
Mas Nahiri era um kor de Zendikar, acima de tudo. Saltar de lugar precário para lugar precário era sua segunda natureza. Ela também era a lithomancer, e aqui, ela estava em seu elemento.
Ela estava sentada no parapeito de uma janela alta e estreita, em um pedaço de parede que pairava no ar, desafiando a gravidade. Suas espadas orbitavam acima de sua cabeça, uma coroa de lâminas que marcavam este lugar como seu domínio.
Era hora de ver do que Sorin era feito.
"Agora podemos terminar o que começamos, sem interrupções," Nahiri chamou Sorin, que estava em uma varanda, ainda acoplada a uma ampla escadaria. Um longo tapete vermelho ainda se agarrava aos degraus restantes, antes de cair sobre o espaço vazio, como a língua de algum animal morto.
"Você está tão ansiosa para morrer?" disse Sorin. "Da última vez que nos encontramos, minha força estava quase esgotada. Você não terá essa sorte desta vez, eu receio." Ele jogou o cadáver da cultist em Nahiri como se fosse um pano úmido, e ela ouviu algo quebrar no interior do corpo, uma vez que bateu na pedra ao lado dela. "E eu tenho toda a intenção de matá-la."
"Você acha que me assusta?"
"Se ainda não, eu vou." Seus olhos eram somente crueldade, pura e antiga.
"Eu não vou partir até acabar com isso, Sorin."
"Nisso estamos de acordo, minha jovem".
Minha jovem. Sem outra palavra, Nahiri deixou suas espadas voareram, todas, menos a que ela empunhou. Sorin esquivou-se das lâminas, que enterraram-se profundamente na pedra sob seus pés, e antes que pudesse equilibrar-se, Nahiri assumiu o controle da varanda, e a virou.
Por um momento, Nahiri ainda teve receio de que ele iria segurar-se, no entanto seus dedos não conseguiram encontrar apoio, e ele caiu.
Mas o tapete vermelho virou-se com o movimento, e Nahiri observou quando os dedos de Sorin fecharam-se em torno do tecido, e, de repente, ele estava balançando no ar, em vez de cair.
Nahiri puxou as lajes que formavam a varanda, desmembrando toda a estrutura. Enquanto ela se desfazia, Sorin tomou impulso e se lançou a uma parede quebrada, e depois para um mastro que se inclinava diagonalmente no ar.
Tudo no espaço de uma batida do coração, Nahiri mal conseguia acompanha-lo.
Então ela não conseguiu mais. Ele era muito rápido, e quando ela mudou de posição em sua janela para seguir seus movimentos debaixo dela, ela o perdeu de vista.
Por vários momentos seus olhos corriam em volta furiosamente, procurando qualquer sinal de movimento. Em seguida, um flash de prata e tudo Nahiri pode fazer, foi deslizar para dentro da própria parede, de modo que a lâmina de Sorin bateu na pedra com um som ensurdecedor, que reverberou através da pedra.
Envolta em pedra, Nahiri ouviu as palavras de Sorin abafadas, mas venenosas.
"Nahiri, Nahiri, todo este problema por conta de uma estadia na Câmara Infernal. E ainda assim você parece tão em casa na pedra."
Depois, houve um estalo alto, e a dor atravessou seu lado como um ferro quente. A pedra tinha sido violada. E ela sentiu o aço em sua carne. Arranhando na pedra, a lâmina recuou, e antes que pudesse atacar novamente, Nahiri saiu da proteção da parede, e, de repente, ela estava caindo através do ar aberto. Sua mão foi tocou a queimação na sua lateral, e ela encontrou algo molhado lá.
Alguns pedaços de uma balaustrada vieram ao seu encontro. Ela tentou agarra-los, mas sua mão, manchada de sangue, escorregou, e ela continuou caindo. Seus olhos se agitaram, e o mundo girava em torno dela até que parou tudo de uma vez, quando ela bateu com força contra a superfície de uma torre enorme que estava na horizontal ao longo do comprimento do teto aberto.
Quando ela foi capaz de encontrar força suficiente, Nahiri reuniu seus pés debaixo dela e levantou-se lentamente. Ela inclinou-se com força contra alguma pedra que se projetava a partir da superfície da torre. Ela estava sem fôlego, e sua boca estava seca, apesar do gosto de sangue na boca.
Ao som de botas na espiral na frente dela, ela levantou os olhos para encontrar Sorin endireitar-se após aterrissar.
Ele deu um passo para frente e ficou sobre ela, sua espada levantada e ameaçando, assim como mil anos atrás, quando ele condenou-a para a Câmara Infernal. Mas não havia mais uma Câmara, agora.
"Você teve a chance de me matar, jovem. Você deveria ter aproveitado essa chance quando pôde." Não havia sarcasmo nas palavras de Sorin. Era como um mentor falando com seu protegido, uma lição final para transmitir.
"Talvez", Nahiri disse, embora mais para si mesma. Sua espada pendurada frouxamente em sua mão, com a ponta tocando o chão. Dor irradiava a partir do corte em sua lateral. A mão livre estava cobrindo a ferida.
Tanto sangue.
Um pouco mais não faria diferença.
Ela respirou fundo, e falou. "Independentemente do que acontecer aqui, se eu conseguir sair daqui ou não, eu ganhei, Sorin. Olhe ao seu redor." Nahiri varreu sua mão fracamente para indicar a mansão. "Olhe atentamente para o que eu fiz a tudo que você reivindica como seu."
Ela apontou para a esquerda. Fora, na distância, sobre a cidade de Thraben.
Emrakul.
"Nenhum anjo de estimação vai vir para o resgate desta vez."
A espada de Sorin atingiu Nahiri. "O que você tirou de mim em Avacyn, vou tirar de você sangue."
Antes que um músculo pudesse se contorcer, ela sentiu os dentes do Sorin rasgando seu pescoço. Todo o sangue em seu corpo mudou de curso. Sorin estava clamando-o, e ele queimava em suas veias. Ele bebeu profundamente, e Nahiri encontrou seu momento.
Ela se inclinou na pedra em suas costas, e ela respondeu acolhendo cada lado dela. Cada batida do coração era tormento, mas ela superou a dor e sussurou, "Eu posso morder de volta, Sorin, e eu tenho dentes maiores do que você."
A pedra engoliu os dois, e fileiras de presas de pedra irregulares rasgaram Sorin das pernas às costelas.
Sua espada voou de sua mão, e um grito de agonia explodiu de seus lábios.
Nahiri livrou-se dele, atravessando a pedra sólida, de modo que apenas Sorin permaneceu. A pedra apertou-se sobre ele, moldando-se.
Quando Nahiri terminou seu trabalho, Sorin estava pendurado no ar, preso pela magia de Nahiri.
Não havia como fazer um planeswalking - Os dentes de pedra que o prendiam, mastigavam seus ossos e órgãos, mantendo-o em uma angústia perpétua, sabotando a concentração que ele precisaria para deixar este lugar.
Então Nahiri girou Sorin e sua pedra, de modo que eles ficaram de frente para as planícies abaixo da Mansão Markov.
Sorin tentou falar, um murmúrio ininteligível, quando Nahiri subiu no casulo que ela tinha criado.
O que ele tinha a dizer não importava, porém - Ela queria que ele ouvisse suas palavras.
Com uma mão agarrando-se na pedra, Nahiri abaixou-se para que pudesse sussurrar essas palavras no ouvido de Sorin.
"Eu o poupei", disse Nahiri. "Uma cortesia retribuida."
Na distância, Emrakul aproximava-se.
Então, Nahiri partiu de Innistrad.
__
O horizonte era Emrakul.
Não havia nada que Sorin pudesse fazer, senão observar enquanto o fim de Innistrad flutuava lentamente de Gavony, em direção à Thraben.
As pessoas lá em baixo eram de pouca importância agora, mas Innistrad era dele, e Thraben foi onde ele criou Avacyn para protegê-la. Vê-la agora, no limiar da sua ruína, enviou uma pontada através dele que doía mais do que os dentes de pedra da lithomancer que se prendiam em suas entranhas.
Sorin sentiu, um momento antes de ouvir - metal contra pedra, um longo, lento, raspar que atravessou a parte traseira de seu sarcófago de baixo para cima.
"Eu acho que eu gosto mais desse", veio uma voz cheia de zombaria. E então Olivia desceu em vista, bloqueando o caos além.
Ela estava segurando a espada.
"Olivia", Sorin disse entre dentes, "liberte-me."
"Mesmo se eu pudesse, por quê? Avacyn está morta. Nahiri foi embora. Nosso negócio está cumprido." Ela riu cruelmente. "Eu chamo isso de uma vitória. Faça um esforço para aproveita-la. Markov Manor é sua, afinal de contas. Quanto a mim," ela levantou a espada de Sorin para inspecionar sua borda, "eu gosto bastante o som de 'Olivia, Senhora de Innistrad. ' "
Qualquer pingo de paciência que ele possuía foi subitamente deixado de lado por uma onda de desespero. Este mundo estava condenado. Olivia era a sua única saída. "Veja!" disse ele, lutando contra a pedra inflexível. Olivia olhou por cima do ombro, mas não disse nada. "Você vê", continuou ele, "isso é o que está vindo! Você viu o que ela faz, o que ela é capaz." Ele estava falando mais rápido agora, e sua voz falhou. "Você vai precisar da minha ajuda para lidar com isso!"
Sorin não gostou da maneira como Olivia olhou para ele enquanto ele falava. Ela era uma aranha, e ele era uma mosca. "Escute-me!" ele tentou novamente. "De que adianta ser senhora de um lugar que não existirá mais amanhã?"
"Avacyn está morta. E você", disse ela, pressionando o ponto de sua própria espada contra sua bochecha, "você está onde você está. Para mim, já adiantou muito."
E tudo Sorin pôde fazer, foi observar enquanto Olivia flutuou para fora de vista, de modo que Emrakul e o fim que ela prometia preencheram sua visão mais uma vez.
"Eu ouço tão poucas notícias", disse Grete, "e metade delas é contraditória."
Thalia balançou a cabeça, suspirando.
"Às vezes nossos batedores não voltam", disse ela, "e às vezes eles não tem condições de reportar nada, quando voltam."
Algo se revirou em seu estômago ao pensar em Halmig, que tinha voltado na manhã de ontem ... mudado.
Ela tinha sido forçada a matar... ele? Aquilo?, ela não sabia dizer. Era mais uma coisa se contorcendo do que um homem. Ela não conseguia nem conceber o que ele tinha encontrado em sua missão de reconhecimento, e o que tinha acontecido com os soldados sob seu comando.
"É verdade que Hanweir foi destruída?" Grete perguntou.
"A verdade é muito pior." Thalia correu os dedos através do revestimento brilhante de sua montaria, fingindo não ver sobrancelha arqueada de Grete.
Grete não insistiu no assunto.
Seguiram em silêncio por um tempo, perdidas em seus próprios pensamentos. A última vez que um exército tinha marchado sobre Thraben, Thalia lembrou, tinha sido uma horda de fantasmas e skaabs criados pelos irmãos Cecani. Agora, ela era parte da marcha de uma horda -se é que tão poucos soldados poderiam ser chamado de uma horda. Eles estavam tão abatidos e maltrapilhos como os zumbis, desgastados pelas batalhas constantes das últimas semanas. O mundo parecia ter sido engolido pela loucura, mas enquanto respirassem, enquanto eles pudessem agarrar-se a um mero fragmento de esperança, eles iriam lutar.
Ou a maioria deles iria.
Odric tinha ficado para trás, seu espírito quebrado depois que ele virou-se contra o Conselho Lunarch e libertou Thalia de sua prisão. Thalia lamentava tudo, mas ela não podia usar sua fé para reforçar a dele.
"Ouvi dizer que Seeta e seus inquisidores estão continuando seu trabalho", disse Grete depois de um tempo.
Thalia bufou. "Deixe-a nos encontrar agora", disse ela.
Após Thalia ter confrontado o Conselho Lunarch e fugido de Thraben com Odric e Grete, uma inquisidora fanática chamada Seeta, os estava caçando. O grito de guerra de Seeta era "Purgar a maldita!" e ela viajava à frente de uma procissão de guilhotinas sobre rodas. Os instrumentos de execução, puxados por bois, tinham, até então, diminuído o ritmo de avanço dela o suficiente para que não localizasse a Ordem de São Traft, e agora a ordem tinha crescido suficientemente para que Thalia percebesse que eles tinham pouco a temer do que restava da inquisição.
Grete sacudiu a cabeça. "Eles chamam-se os Sempecado agora", disse ela. "Eles afirmam que a transformação é o resultado do pecado ser removido de seus corpos."
Thalia mordeu o lábio, em desgosto. "Eles estão tentando fazer uma virtude de ... disso?"
Grete balançou a cabeça, olhando para o caminho áspero adiante.
"Quão fundo nós caímos...", disse Thalia, meio para si mesma.
"Então o que é?" Grete perguntou. "Quero dizer, uma vez que não é uma virtude. O que está causando isso?"
"Se há uma resposta a ser encontrada, Thraben é onde vamos encontrá-la."
Ela se perguntou o que eles achariam na cidade, na catedral. Seu coração acelerou e seu estômago embrulhou-se mais violentamente quando pensou em Thraben, sua casa durante tantos anos. Teria tido o mesmo destino de Hanweir? Pessoas e vila fundidos em uma única entidade?
E se não havia mais nada para salvar?
E se Avacyn realmente estivesse ...
Uma figura solitária, ao lado de um cavalo, surgiu no caminho à frente.
Thalia assentiu para Grete, que esporou seu cavalo e correu para a frente.
Ela Inclinou-se para frente, a Gryff abriu suas asas e, graciosamente, flutuou no ar, subindo, passando pelo cavalo de Grete e pousando lado de Rem Karolus, sem levantar um grão de poeira no chão.
Rem tinha sido outro servo devoto da igreja, a lâmina dos inquisidores.
Mas a loucura dos anjos o tinha mudado. Ele sempre tinha sido sombrio, desempenhando as suas funções com eficiência macabra. Mas ele renunciou ao seu título ainda no início de tudo, virando a sua renomada lâmina contra a verdadeira ameaça em Innistrad - "Assassino dos Anjos", eles o chamavam agora, embora ele não usasse o título.
Embora ela não tivesse falado com ele sobre isso, Thalia tinha uma forte suspeita de que a sua fé tinha morrido, junto com o primeiro anjo que ele havia matado.
Quando Grete parou seu cavalo ao lado deles, Rem cortou duas tiras no lado da sela, e um pedaço longo de metal caiu no chão, com um baque pesado.
Mesmo com a ponta quebrada em uma linha irregular, a lança de Avacyn era inconfundível.
"Então é verdade," Thalia sussurrou.
"Você a matou?" Grete desabafou.
Rem bufou. "Você me dá muito crédito", disse ele. "Não me interpretem mal, Eu teria feito isso se eu pudesse, mas parece que alguém chegou antes de mim."
O coração de Thalia estava pesado como chumbo. Ela deslizou da parte traseira da Gryff e caiu de joelhos ao lado da lança, como se arrastada para baixo pelo peso em seu peito. Sua Gryff esfregou seu rosto, seu próprio rosto molhado de lágrimas-? Estaria a Gryff de luto por Avacyn,como ela?
Ela inclinou-se para a frente e pegou a lança.
Rem gritou: "Eu não fa -"
Um clarão de luz sagrada irrompeu no ponto em que sua mão tocou o metal, e Thalia puxou a mão para trás, enquanto a dor disparava por todo o seu braço.
"-ria isso", Rem terminou categoricamente. "Eu tive muito trabalho para pendura-la no velho Jedda aqui. Não é possível tocá-la."
Thalia o ignorou. “Você pode fazer isso?” ela perguntou ao espírito que ela carregava.
Sua mão começou a brilhar com luz branca e macia, enquanto o poder de São Traft percorria sua coluna vertebral. Ela sentiu-se mais leve.
Com ou sem Avacyn, o mundo ainda não estava perdido.
Ela pegou a lança de novo, e desta vez a mão fechou-se firmemente em torno do punho. Ela ficou de pé e levantou a lança sobre a cabeça, e sua cabeça brilhava como o sol sob o céu nublado.
A boca de Rem estava aberta, e Thalia tentou não sorrir para ele.
"Grete, você pode pegar o estandarte em minha sela, por favor?" Thalia disse.
Grete desmontou e se aproximou da Gryff - nervosa no início, mas logo que ela estava perto o suficiente para tocá-lo, Thalia viu o medo derreter.
Gryffs tinham o dom de acalmar.
Grete habilmente removeu a longa lança que segurava a bandeira de Saint Traft sobre a cabeça de Thalia enquanto cavalgava, e Thalia colocou a lança de Avacyn em seu lugar.
"Nós montamos sob esta bandeira agora", disse ela.
Rem ainda estava pasmo. "Como você-?"
"Você deveria andar mais comigo, Rem. Você ia ver muitas coisas surpreendentes."
"E coisas para lhe dar esperança", acrescentou Grete.
"Bem, vamos ver ", disse Rem. Mas ele estava olhando para a lança, ainda brilhando à luz do sol ofuscante, e algo brilhou em seus olhos, mesmo que não houvesse esperança.
Thalia subiu de volta na sela, virou a Gryff em direção ao exército que se aproximava, e levou-a de volta para o ar. Ela voou sobre todo o exército desorganizado, certificando-se que todos tivessem a oportunidade de ver a lança de Avacyn.
Alguns aplausos se levantaram - gritos dos soldados reconhecendo o seu líder.
Mas quando eles perceberam o que estavam vendo, e o que aquilo significava, os aplausos viraram gritos de desespero.
Ela pousou a Gryff no meio deles. Apelando novamente ao espírito que ela carregava, ela levantou a lança com as duas mãos, içando-a acima de sua cabeça. Era muito pesado para ela, mas era um símbolo poderoso.
"Avacyn se foi!" ela gritou.
Gemidos de desespero, gritos de descrença aumentaram em torno dela. "Sua igreja está corrompida além da redenção. E horrores inomináveis rastejam e se contorcem por toda nossa terra."
Ela parou por um momento, seu coração dolorido. A dor que viu nos rostos ao redor dela espelhando a sua própria. Todos aqui tinham perdido família, queridos amigos, lares, e estavam à beira de perder a esperança.
O peso da lança queimava os músculos do seu ombro.
"Mas continuamos!" ela gritou. "Nós que lutamos contra estes horrores, nós que nos colocamos contra o mal e a loucura na igreja, nós, que nos agarramos à fé em desafio ao desespero - nós continuamos! E se o arcanjo não vai iluminar o nosso caminho através desta escuridão, devemos ser nossa própria luz. Se nenhuma barreira irá impedir os terrores que nos cercam, então nossas espadas devem fazê-lo. Se não pudermos encontrar fé em Avacyn, teremos de ter fé nos ideais que Avacyn defendia, antes de sua loucura ".
Enquanto ela falava, ela viu cathars caírem de joelhos, lágrimas escorrendo livremente pelos rostos endurecidos pela batalha, olhos erguidos para o céu ou rostos pressionados contra o chão. Cada um deles, pensou, iria lidar com sua dor em sua própria maneira, em seu próprio tempo. Ela sofria por eles, e, no topo de sua dor - uma carga muito mais pesada do que a lança que ela se esforçava para manter no alto.
Lembrando do que ela havia dito para Odric, meses antes, ela disse que tudo o que ela sabia que poderia levantar a dor do coração deles. "Antes de tudo isso, a luz suave da lua deteve os terrores da noite. Antes de tudo isso, os laços entre nós expulsaram o medo que tentou nos separar. Antes de tudo isso, aspirávamos ser mais do que meramente humanos -Nós aspirávamos à santidade, a uma perfeição que nos foi mostrada pelos anjos.
"E iremos novamente. Queridos amigos, nós permanecemos! E por isso que lutamos - Pela memória de Avacyn, pela luz e a bondade que fugiram do mundo, nós lutamos! Por Innistrad e todas as suas pessoas, nós marchamos!"
Eles aplaudiram através de suas lágrimas; ergueram-se do chão e levantaram os rostos para o céu nublado e levantaram suas espadas e lanças. Thalia tocou a cabeça do Gryff e elevou-se acima deles, circulando mais uma vez acima dos soldados – o seu minúsculo exército.
Então, ela pousou novamente, à frente da formação, ao lado de Grete, e eles marcharam: para Thraben, para uma gloriosa última resistência desesperada contra o pesadelo que tinha dominado o mundo.
As torres e ameias de Thraben erguiam-se acima da foz do rio Kirch, no ponto onde ele caía sobre as falésias recortadas e no mar. A planície que dominava a maior parte de Gavony fazia com que, sob um céu limpo, a Cidade Brilhante pudesse ser vista de muitas milhas de distância.
Mas Thalia não conseguia se lembrar da última vez que tinha visto um céu claro, e quando névoa e chuva cessaram e permitiram se ver a cidade, eles estavam a uma hora de marcha de seus portões.
E o caminho à frente deles estava cheio de horrores - não seria uma marcha fácil até Thraben. Eram massas de carne entrelaçada e tentáculos nodosos, características distorcidas e corpos mal formados, que antes eram animais de fazenda, animais selvagens, ou o tipo mais comum de monstros.
Alguns eram irreconhecíveis, como se nunca tivessem sido uma criatura natural. E muitos, a maioria deles, tinha sido uma vez humana, trazendo graus variados de qualquer coisa que poderia ser chamado de um rosto, em meio às características monstruosas.
Em comparação, os skaabs hediondos que Geralf Cecani tinha enviado para Thraben - fusões de partes humanas e animais, organizadas de acordo com a sua imaginação pervertida – pareciam normais. Pelo menos parecia que uma inteligência clara os tinha formado - com uma abominável estética e totalmente desprovidos de qualquer norte moral, mas uma mente, pelo menos.
Essas coisas, porém, só poderiam ter sido imaginadas por uma consciência totalmente estranha, algum deus louco sonhando no sono agitado de eternidades.
Eles iam convergindo para Thraben, também, bamboleando as pernas desossadas ou contorcendo tentáculos, ou a si próprios, puxando o chão com o que costumavam ser mãos.
Alguns voavam desajeitadamente através do ar com asas membranosas, e alguns simplesmente estavam à deriva no vento, como se a gravidade fosse apenas mais uma lei natural que eles poderiam alegremente ignorar.
Inicialmente, os horrores pareciam mais interessado em fazer seu próprio caminho em direção à Thraben, do que em parar Thalia e seus cathars. Ela ordenou que os soldados conservassem sua força, lutando somente se fossem atacados. Tão nauseante quanto fosse deixar os monstros vivos, ela tinha certeza de que seus soldados precisariam de sua força total, uma vez que atingissem a cidade.
Mas, então, ela chegou muito perto de uma coisa cambaleante, do tamanho de um grande cavalo, e ela a atacou.
A coisa tinha sido, um dia, um cavalo, ela imaginou. Não! Um cavalo e cavaleiro, agora fundidos em uma massa hedionda de carne. Algo como seis pernas apoiavam a coisa, e cordas entrelaçadas de carne magenta cobriam seus lados, fundindo o que havia sido cavaleiro e cavalo. Dentes irregulares se projetavam a partir de várias estruturas mandibulares sob uma crista macabra, e um brilho laranja emanava debaixo de um chapéu de três pontas, onde seria o rosto do cavaleiro.
Ele portava uma alabarda, quase engolida no emaranhado de tentáculos.
Antes mesmo que ela pudesse virar sua montaria para enfrentar a criatura, ela empinou-se em três patas traseiras e bateu com um casco em seu ombro, derrubando-a da sela.
Sua Gryff levantou no ar com um bater de penas eriçadas, e Thalia aproveitou a distração momentânea do cavalo-criatura para firmar seus pés e estabelecer-se em uma posição de combate.
À medida que a criatura se aproximava, sua lâmina brilhou e cortou dois talhos longos através do que deveria ser o pescoço do cavalo. Alguma coisa marrom pingava das feridas - não era sangue. Era algo que se contorcia como vermes debaixo de uma pedra.
Um casco, no final de algo que não era uma perna, atacou ela.
Ela defendeu o golpe, fazendo corte na carne logo acima do casco, que desta vez trouxe cascata de pus amarelado. E, quando ela bloqueou um ataque na lateral, um tentáculo - talvez um dos braços do cavaleiro, a atingiu do outro lado.
O seu rosto pinicava ... e então a sensação parou. Sua pele ficou dormente e fria, onde a massa lhe atingira.
Ela cambaleou para trás dois passos, mudando sua espada para a outra mão, enquanto a dormência espalhava-se pelo pescoço até o ombro.
A coisa empinou-se para golpeá-la outra vez, mas, em seguida, seu Gryff desceu e impalou a criatura com seu bico.
Um uivo subiu de várias bocas no corpo.
Ela afundou a lâmina profundamente na coisa, logo acima de um pé ainda descansando em um estribo, ela percebeu com um choque de repulsa, e o volume do grito aumentou.
Vários outros cathars chegaram em seu auxílio, e eles atacaram com espadas pesadas e machados, até o horror virar uma massa contorcendo-se em seus pés.
E Dennias, que há um ano tinha sido um estagiário ingênuo nas Elgaud Grounds, ajoelhou-se no chão segurando a cabeça, como se estivesse tentando manter algo dentro de si. Sua boca estava aberta num grito silencioso e seus olhos arregalados, olhavam para nada.
Seu amigo Mathan caiu de joelhos ao lado dele, colocando um braço em torno do ombro e murmurando palavras vazias destinadas ao conforto.
Thalia se virou.
Em seguida, Mathan gritou.
Thalia viu Mathan caindo para trás, com o rosto branco como um Gryff. Dennias não se moveu, mas longos tentáculos, como fitas magenta, sobressaíam entre os dedos de uma mão. Outros projetavam-se de fora de sua orelha.
Seu rosto ficou pálido, e parecia que ele ia vomitar. Sacudindo a cabeça tristemente, Thalia deu alguns passos em direção a ele. Ela sabia o que estava por vir.
Ele se dobrou como se para esvaziar o estômago, mas mais dos tentáculos saíram de sua boca, em vez disso. Algo grande contorceu-se debaixo de sua armadura.
Ele estava perdido.
Sua lâmina tirou a vida dele rapidamente, muito mais rapidamente do que o cavalo e cavaleiro tinham caído, e certamente mais rapidamente do que essa corrupção consumiria a vida dele.
Ela assumiu o fardo de sua morte para que ninguém mais tivesse que lidar com isso. Ela iria deixar, porém, outra pessoa reivindicar o papel mais nobre de confortar o amigo dele.
A Gryff acalmou-se, quando ela subiu de volta na sela. Seu pulso desacelerou e ela conseguiu uma respiração profunda.
Ela não conseguia olhar para a lança.
Thraben parecia estar atraindo todos eles.
A mente de Thalia estava clara e seus olhos focavam nos pináculos da cidade alta, mas ela ainda sentia a atração.
Os soldados que marchavam ao lado e atrás dela mantinham os olhos sobre a lança de Avacyn, apontando para o céu, de sua sela, mas sentiam isso também, ela sabia. Pessoas da cidade, com picaretas e forcados, juntaram-se à sua multidão, como se sabendo que esta era a sua última oportunidade de lutar pelo destino do mundo.
E as aberrações cambaleantes ao redor deles, não sabiam de nada, apenas seguiam o a atração.
Alguns ainda eram quase humanos, habitantes da cidade outros estavam vestidos com as vestes dos cultos costeiros, ostentando garras de caranguejo, ou tentáculos , ou bocas de sapo.
Alguns tinham sido claramente humanos, ou animais, mas não o eram mais. Alguns estavam tão deformados, que ela não poderia começar a descrevê-los.
Mas Thraben estava atraindo todos eles.
Não, não todos. Uma tropa de cavaleiros montados em cavalos blindados veio na direção de Thalia e suas forças, não para a cidade. Uma companhia de soldados marchava atrás deles.
"Grete, Rem," ela disse, tirando-os de seus estados de transe. Ela apontou. Rem assentiu tristemente, enquanto Grete franzia a testa.
"Mais inimigos?" Grete perguntou.
"Os Sempecados, talvez", disse Rem.
"Não os chame assim," Thalia disse. "Mas eu não acho que é a equipe de Seeta."
"Quem, então?" Grete perguntou.
"Eu vou descobrir." Thalia nem sequer teve tempo para atiçar sua montaria, antes que ela levantasse do chão, como se soubesse seus pensamentos.
Enquanto ela voava na direção dos cavaleiros que se aproximavam, uma figura na frente da cavalaria, levantou-se no ar também - apenas uma figura humana, sem nenhuma montaria transportando-a no ar.
Ao se aproximar, Thalia podia distinguir cabelos vermelho-fogo, armadura negra e uma longa saia preta, que parecia completamente inadequada para a batalha. A figura tinha a pele pálida, quase branca e carregava uma lâmina absurdamente grande, tornada leve pela retirada de seu centro, de modo que o céu cinzento era visível através dele.
Não era humano, então. Um vampiro.
O vampiro segurou as duas mãos para sinalizar uma negociação, embora ela ainda segurasse a lâmina – o que não surpreendeu Thalis, que não conseguia imaginar uma bainha para aquela coisa.
Thalia devolveu o gesto, e embainhou a sua própria lâmina fina ao seu lado. Elas lentamente seguiram uma para a outra, até que estavam perto o suficiente para falar.
Era ridículo, de certa forma, mas, ainda assim, mortalmente sério. Thalia montada em um Gryff cujas asas agitavam-se ligeiramente para mantê-la no ar, cara a cara com um vampiro suspenso no ar por sua própria magia.
E, agora, elas iriam falar.
"Nós temos uma causa comum, humano," a vampira disse. "Eu sou Olivia Voldaren, senhora de Lurenbraum e progenitora da linha Voldaren."
Thalia perdeu a fala por um momento.
Flutuando no ar, a poucos passos de distância dela, estava um dos vampiros mais poderosos de Innistrad. Thalia já tinha ouvido os rumores - um ser recluso, excêntrico, conhecido por abrigar festas extravagantes em que ela raramente fazia mais do que uma breve aparição. E aqui estava ela, em vestes de combate. A imagem da aristocracia mobilizada para a guerra.
Com uma respiração profunda, Thalia encontrou sua voz. "Saudações, Lady Voldaren. Eu sou Thalia, Herdeira de Saint Traft."
"Sério? Eu o conheci uma vez, você sabe. Eu devo dizer, você faz-lhe jus, sentada no seu Gryff, com a lança de Avacyn ao seu lado."
Foi sutil, o lembrete de que Olivia era muito mais antiga do que Thalia podia compreender. Um aviso delicado, misturado com uma nota do que quase soou como respeito.
"O que pretendes, vampiro? Eu não vou ficar assistindo, enquanto meus soldados se tornam mais um dos lendários festins Voldaren."
"Relaxe, querida." Ela riu, um som musical que só fez a situação parecer mais absurda. "Como eu disse antes, temos uma causa comum. Acho que estamos todos aqui para o mesmo fim... Para salvar o mundo, já que seu anjo precioso, claramente, não está em posição de fazê-lo."
Thalia reprimiu uma resposta dura. Se os vampiros estavam aqui para ajudar, ela não poderia recusar. Sim, se algum deles sobrevivesse à marcha sobre Thraben, sem dúvida, os vampiros iriam caça-los, em seguida, com fome por causa do esforço da batalha. Mas isso era um problema puramente teórico, em comparação com a dura realidade dos monstros se arrastando em direção à Cidade Alta, enquanto elas falavam.
"Tudo bem", disse ela. "Nós vamos salvar o mundo juntos. Você com seu exército, eu com o meu. Eu não posso pedir aos meus soldados para lutar ao lado de vampiros, mas vamos lutar contra os mesmos inimigos."
Olivia tinha chegado mais perto enquanto elas falavam, e agora ela mergulhou perto o suficiente para estender uma mão. No lado direito da Thalia, com o Gryff entre ela e lança de Avacyn.
"Nenhum vampiro, seja por lâmina, ou presas, vai tirar sangue humano até esta luta estar acabada, Herdeira de Saint Traft. Estamos de acordo?"
Sem acreditar que ela estava fazendo isso, Thalia estendeu a mão e pegou a do vampiro.
"Nenhuma lâmina humana irá prejudicar os seus. Estamos de acordo."
Olivia mergulhou no ar e baixou o rosto para as mãos entrelaçadas. Ela respirou fundo o ar pelo nariz - farejando? - E, em seguida, encontrou os olhos de Thalia.
Suas presas apareceram claramente através de seu sorriso.
"Deliciosa", disse ela. Um aviso final, em seguida, virou-se e voltou para baixo, em direção ao seu exército de vampiros.
Thalia estremeceu e voltou para seus soldados, tentando pensar no que ela diria a eles.
Thalia vagou por um tempo com os olhos fechados, confiando na Gryff para seguir o caminho e alertá-la ao perigo. Ela meditava e comungava com o Geist que compartilhava seu corpo, e ela se lembrou:
Foi depois que ela confrontou Odric na catedral que ela conheceu o santo, o Geist. Sem ter para onde ir, apenas cavalgou à esmo, fora das encruzilhadas, até que ela se viu em um caminho cheio de mato. Algo a puxou ao longo do curso sinuoso, até que descobriu uma antiga capela perto do sopé das colinas iam até o Geier Reach de Stensia.
Uma pintura dentro chamou sua atenção. Ela mostrava Traft, ela sabia agora, ou o Geist, de pé atrás de uma mulher de cabelos vermelhos que segurava uma espada na mão esquerda de quatro dedos. Sua mão estava em seu ombro.
Essa mulher fora a primeira Herdeira de Saint Traft.
Ainda uma criança, tinha sido capturada e torturada por cultistas demoníacos, a fim de atrair o santo para uma armadilha. Os sectários haviam cortado um de seus dedos, e o enviaram para Traft.
Depois da morte do santo, ele manteve uma vigilância especial sobre ela, enquanto ela se transformava em uma grande guerreira e uma exterminadora de demônios por seu próprio mérito. E como os anjos tinham favorecido Traft, assim também eles sorriam para ela e lutavam ao seu lado.
Enquanto Thalia olhou para a pintura na capela solitária, a forma etérea do Geist do santo parecia se mover. Seu rosto sereno se virou para ela, seus olhos se encontraram, e então sua mão se estendeu em sua direção. Sem hesitar, ela a tocou - parecia tão sólido como carne e osso, mas fria, tão fria.
Ela caiu de joelhos, olhando para longe daqueles olhos em branco, mas ele manteve-se segurando a mão dela, e deu um passo mais perto, como se estivesse saindo da pintura. Ajoelhou-se no chão em frente a ela, e sua outra mão gentilmente levantou o queixo.
"Você me aceita?" ele sussurrou.
Ela assentiu com a cabeça, ele sorriu, e seu medo se foi. Ela respirou fundo e encheu seu nariz e boca e pulmões, fogo frio queimando-a a partir de dentro, e ela jogou a cabeça para trás enquanto ele corria por suas veias, cada polegada sua, em chamas.
Essa chama fria não a tinha deixado nos meses desde então. Na maioria das vezes, era uma espécie de nó na parte de trás de seu crânio, de tempos em tempos enviando arrepios pela sua coluna como se o Geist quisesse alembrar de sua presença.
Às vezes, como quando ela segurou a lança de Avacyn, o fogo corria por ela novamente, e já não era ela que se movia, mas o Geist.
Ele a tinha levado tão longe, ela sabia. Ele tinha ficado com ela quando confrontou Jerren e o Conselho Lunarch. Ele a ajudou a reunir esses outros cátaros, os chamados hereges, para lutar contra os males que afligem a igreja - de fora e de dentro.
E ele não iria abandoná-la quando ela os levasse para Thraben. De alguma forma, ele a fez saber disso.
Mas ela podia sentir alguma hesitação, mesmo nele.
Será que a sua ajuda será suficiente? Ele não podia prometer-lhe isso. Mas era toda a esperança que ela tinha.
O Gryff estremeceu debaixo dela, e ela abriu os olhos, olhando em volta para o que tivesse perturbado. As paredes do Thraben estavam perto agora. O exército de vampiros, que tinha se juntado à medida que se aproximavam da Cidade Alta, estava no seu flanco esquerdo agora. Não era mais possível fugir dos horrores - todos eles estavam no mesmo lugar, e os combates iam se espalhando por toda a frente de sua coluna de soldados.
Mas seus soldados estavam sentindo o peso de tudo aquilo. Ela podia ver em seus olhos - o desespero nascido de uma crescente convicção de que o fim do mundo estava se aproximando, que estavam marchando para uma última batalha apocalíptica.
Ela voou com a Gryff, circulando ao longo das linhas de frente, gritando palavras de encorajamento para os desesperados. Mas era mais do que desespero, ela percebeu. Tão terrível quanto fosse combater monstros deformados, que tinham sido seres normais, alguns deles humanos, isto não era a única coisa empurrando-os para o precipício do desespero.
Havia algo mais, algo que ela mesmo sentia - uma espécie de pressão sobre sua mente. Forçando-a a formar pensamentos estranhos, desejos estranhos, percepções estranhas. Nos cantos de sua visão, monstros pareciam humanos e os soldados pareciam monstros. O céu parecia se contorcer com tentáculos azuis e malva agitando as nuvens. O chão se dobrara debaixo dela, sua Gryff estava virada do avesso.
Então, a lança de Avacyn virou-se, apontando para seu peito.
“Não.”
Ecoando como um sino em sua mente, uma palavra de poder falada pelo espírito de um santo morto há muito tempo. Seus pensamentos clarearam, suas percepções voltaram ao normal.
Clareza.
Mas, aos soldados abaixo, dela faltava a proteção de Traft, e ela podia ver a loucura levando-os, à medida que olhavam em suas voltas, com medo.
"Eles não estão prontos", Traft sussurrou em sua mente.
"Não importa", disse ela em voz alta. "Nós temos que fazer isso agora."
"Eles vão se ferir".
"Esta loucura vai matá-los, ou eles vão matar uns aos outros. É hora."
"Faça-o, então".
Seu fogo corria por ela novamente, e ela agarrou a lança de Avacyn, enquanto circulava, mais uma vez, ao longo das linhas de frente.
"cátaros de São Traft!" ela gritou. "A loucura que se apossou de nosso mundo está pressionando em torno de nós. Vocês sentem isso, eu sei. Vocês estão questionando seus pensamentos, duvidando de seus olhos e ouvidos. Ouçam-me!"
Para alguns deles, ela percebeu agora, era tarde demais. Ela viu cathars se contorcendo no chão, segurando suas cabeças ou caídos em posição fetal. Ela havia esperado muito tempo. Mas ainda havia cathars que ela poderia salvar.
"Vocês sabem que o Geist de São Traft vive dentro de mim", ela clamou, e, quando ela o disse, o Geist fez uma auréola de luz brilhar em torno dela. " Ele que foi o amado dos Anjos, e protegido por eles, como a igreja de Avacyn um dia nos protegeu. Mas Avacyn se foi, seus anjos são perdidos à loucura, e só os mortos permanecem."
Foi Traft que chamou-os e eles responderam ao seu chamado. Vindos do chão, descendo do céu turvo, subindo em direção a eles a partir da Cidade Alta, vieram centenas de formas brancas brilhantes. Fora dos mausoléus e dos Grafs Abençoados, não mais presos por amarras cuja magia tinha sumido com a morte de Avacyn, os espíritos dos mortos vieram em auxílio dos vivos. Alguns montados em cavalos espectrais, alguns carregando lanças e espadas espectrais, alguns eram idosos e aguerridos, e alguns eram crianças pequenas.
"Eis que os espíritos dos fiéis vieram até nós," Thalia gritou. Ou talvez fosse Traft gritando com sua voz. "Bem-vindos sejam. Honrem os sacrifícios que eles fizeram para que pudéssemos lutar hoje. Abram-se a eles, e deixem-nos protegê-los
Então, ela viu seus soldados – os cathars desesperados, enlameados, abençoados, da Ordem de São Traft – em chamas.
Alguns deles, entendendo logo o que ele disse, estenderam os seus braços e receberam os geists que os preencheram. Thalia podia ver o santo êxtase tomando-os, e os outros rapidamente entenderam também.
Havia geists suficientes para todo o seu exército esfarrapado, e outro exército de sobra para marchar ao lado dos vivos.
Com o fogo rugindo dentro deles, eles voltaram para a batalha, e gritos levantaram-se das linhas da frente enquanto eles cortavam seu caminho através dos horrores monstruosos à frente.
“Há alguns que não pode receber os espíritos”, Traft disse, dirigindo os olhos dela para os soldados que ainda estavam segurando suas cabeças ou encolhidos no chão.
Ela poderia salvá-los. Ela poderia dirigir os espíritos para possuí-los contra a sua vontade, expulsar o loucura, limpar suas mentes. Seu estômago se atou com compaixão e pesar.
"Não", disse ela. "Eu não posso fazer essa escolha por eles. Os outros vão ajudá-los, como forem capazes."
Ela dirigiu seu Gryff para o chão novamente, pousando entre Grete e Rem Karolus. Ela podia ver o fogo branco ardendo nos olhos de Grete, mas Rem estava com o rosto impassível e sombrio.
"Sem Geists para você, Rem?"
O soldado grisalho sacudiu a cabeça. "É como colocar uma sanguessuga em seu pescoço para manter vampiros longe", disse ele.
Ela começou a protestar, nervosa sobre o que poderia acontecer se ele, e os soldados em torno dele, perdessem os sentidos no meio da batalha. Porém, mais uma vez, ela não poderia forçar a escolha.
E se qualquer soldado aqui poderia manter a cabeça em toda essa loucura por pura teimosia, era Rem Karolus, Lâmina dos inquisidores e Assassino de anjos.
A marcha tornou-se uma batalha interminável, cada passo em frente contestado por algum novo horror.
As monstruosidades, mesmo os que ainda pareciam quase totalmente humanos, lutavam como javalis de Somberwald, rosnando e avançando, apesar de dezenas de feridas, antes de finalmente caírem no chão.
Mas os geists sagrados haviam tornado os soldados de Thalia quase tão ferozes, e ela viu soldados gravemente feridos, calmamente levantarem-se enquanto os geists dentro deles fechavam feridas e restauravam suas forças.
Ela mal percebeu quando eles atravessaram a parede exterior, marcando sua entrada em Thraben. Um pensamento passageiro – O final se aproxima - passou pela sua mente, antes que ela abatesse uma criatura que uma vez tinha sido um lobisomem e, em seguida, virar-se para cortar um tentáculo estranhamente articulado que estava tateando em direção a ela.
Eles estavam lutando ombro a ombro com os vampiros agora, abrindo seu caminho através das ruas da cidade. Os vampiros eram aliados terríveis, matando com o mesmo prazer frenético os humanos deformados e corrompidos, como matavam os seres humanos normalmente. Cada remanescente de rosto humano que Thalia via em um monstro que caía sob sua lâmina, aumentava o peso sobre seus ombros. Mas, para os vampiros essas criaturas eram apenas mais presas. Ela até viu alguns vampiros se alimentando antes de continuar o avanço.
Lutando contra uma onda de náusea, ela se forçou a desviar o olhar.
Uma grande praça aberta estendia-se diante da Catedral de Thraben, um lugar onde, em tempos mais felizes, grandes multidões de pessoas se reuniam para ouvir o Lunarch nos dias santos.
Multidões estavam reunidas ali, hoje. Multidões tomadas pela loucura, contorcendo-se, coisas sobrenaturais, em uma batalha com o que sobrara dos soldados da Cidade Alta e guardas da catedral.
Thalia fez o Gryff ir para cima, e circulou a praça para fazer um balanço da batalha.
Cidadãos desesperados brandiam pás e foices, tentando conter hordas de cultistas deformados. Cathars valentes , lançavam um ataque para tentar quebrar as fileiras de monstros sem rosto, apenas para serem tragados por todos os lados. Um pequeno bando de lobisomens, liderado por duas bestas de pelo branco, rasgava as fileiras dos seus parentes totalmente corrompidos. Um skaab gigante se detinha sobre o cadáver de um estudioso, defendendo seu criador com seu último resquício de força.
Morte -tanta morte.
Circulando de volta para os soldados avançando, ela viu um grupo de soldados fortemente armados vestindo as máscaras de garça dos inquisidores do Lunarch. Suas deformidades se projetavam sob seus capuzes e vestes, e eles estavam cercando um grupo de habitantes aterrorizados. Thalia viu alguns dos cidadãos caindo de joelhos, implorando pela misericórdia da igreja que deveria protegê-los. E então ela reconheceu Seeta, líder dos chamados Sempecado.
Espada na mão e raiva brilhando em seu peito, ela desceu para o cathar da blasfêmia.
Então ela viu uma lâmina irregular explodir no peito de Seeta, que caiu de joelhos. Atrás dela, Thalia viu o rosto pálido de Olivia Voldaren sorrindo para ela.
"Tudo bem", ela murmurou, e ela dirigiu o Gryff para cima de novo, examinando o caos em busca de Rem Karolus ou Grete.
“Por que isso te incomoda tanto?” A voz de Traft sussurrou em sua mente. “Seu inimigo está morto, era preciso que fosse você?”
"Eu não sou nenhum santo", ela disse em voz alta.
Rostos viraram-se para cima, em direção a ela, e ela viu o terror nos olhos de seus próprios soldados. Finalmente ela viu Rem, de rosto pálido e de olhos arregalados. Sua espada caiu ruidosamente sobre os paralelepípedos e ele apontou para cima, atrás dela.
Ela virou a Gryff e viu a fonte do terror. Flutuando no ar na frente da catedral - uma grande abominação formado por carne retorcida, contorcendo-se, tentáculos ... e asas de penas.
As duas cabeças do anjo soltaram um grito dissonante que perfurou seus ouvidos e tirou seu equilíbrio. Abaixo dela, os monstros avançavam, enquanto seres humanos não corrompidos cobriam as orelhas. O anjo-coisa varreu um dos seus grossos tentáculos inferiores através da multidão na praça, o arremessando longe humanos e horrores, ou esmagando-os no chão.
Se alguém iria enfrentar esse pesadelo, Thalia percebeu, teria que ser ela. As asas de seu Gryff eram mais do que qualquer um no solo tinha. Ela firmou-se na sela, ajustou seu aperto em sua espada, e levantou-se ao nível dos olhos do anjo, acima do telhado quebrado da catedral.
Apesar do tamanho enorme da criatura, suas cabeças não eram maiores do que a de Thalia, e um pouco de suas feições angelicais permanecia, incluindo uma esteira emaranhada de cabelos avermelhados.
"Abominação!" ela gritou, engolindo seu medo e pavor. Ela quis emitir algum tipo de desafio formal, mas as palavras fugiram do alcance dela e ela finalmente apenas mergulhou para atacar.
Um dos impossivelmente longos braços do anjo-coisa atacou sua lateral, mas o Gryff desviou-se e Thalia conseguiu atingi-lo.
As duas cabeças abriram a boca e gritaram novamente, de uma só boca, de uma só cavidade no pescoço do monstro.
Mas o som cessou, quanto Thalia atingiu com sua espada, algo parecido com um ombro, onde pelo menos três braços convergiam no lado esquerdo da criatura. Ao mesmo tempo, o bico da sua Gryff rasgou a carne no lado de uma das cabeças monstruosas.
Em resposta, o anjo trouxe seu outro braço para cima e cortou o Gryff, com uma meia dúzia de dedos- garras, arremessando-os para baixo em direção aos degraus da catedral. O Gryff tentou desesperadamente estabilizar-se, mas uma asa estava claramente quebrada. Ele só conseguiu colocar-se entre Thalia e os degraus de pedra dura.
O corpo inteiro de Thalia doía, e sua perna estava presa sob o Gryff em um ângulo estranho, enviando choques pelo seu corpo, ao menor movimento. Sua cabeça estava girando. Ela deitou-o sobre a pedra e olhou para seu fim.
Pareceu oportuno, de alguma forma, que seu fim viesse nas mãos de um anjo, a encarnação de tudo do que ela dedicara a vida para servir. A corrupção do anjo parecia espelhar todas as maneiras em que sua vida tinha corrido mal nos últimos meses. Os anjos fundidos caíam em direção a ela, com a intenção de terminar o trabalho que tinham começado.
Mas antes de Thalia poder levantar a mão para se defender, algo brilhante interpôs-se entre ela e o anjo-coisa.
"OLÁ, minha irmã", disse o anjo-coisa em voz dupla horrível que ecoou com a ressonância de eternidades incontáveis.
"Você já não são minhas irmãs", uma voz pura, clara respondeu. Thalia viu uma figura no meio da luz, um anjo segurando uma foice, cuja ponta era a cabeça de uma garça.
"Sigarda", ela sussurrou. O arcanjo do esquadrão das Garças nunca tinha se voltado contra a humanidade, mesmo no auge da loucura de Avacyn. Mesmo agora, ela se levantava contra suas...
irmãs-???
Isso significava que o anjo-coisa era a fusão de Bruna e Gisela, os arcanjos líderes dos outros dois esquadrões.
O desespero bateu no intestino de Thalia como uma pedra.
"Você deveria ter respondido ao chamado."
"Então, eu poderia ser parte desta... grande obra "? Sigarda respondeu.
Sigarda estava comprando tempo para ela se recuperar, Thalia percebeu.
Com toda a sua força restante, ela empurrou a Gryff morta para fora de sua perna, enviando uma onda nauseante de agonia através dela.
"SIM. A GRANDE OBRA se aproxima de sua conclusão."
O anjo-coisa estendeu ambas as suas enormes garras em direção Sigarda, e quatro mãos pequenas perto de seu peito estenderam-se, também, lembrando Thalia estranhamente de um bebê procurando sua mãe.
"O seu trabalho aqui está terminado, irmãs", disse Sigarda. "Vocês se tornaram o que nós fomos criadas para destruir."
Thalia podia sentir Traft trabalhar dentro dela, aliviando a dor, fechando as feridas, e até mesmo curando ossos. Se Sigarda mantivesse suas irmãs distraídas apenas um pouco mais, Thalia estaria pronta para lutar novamente. Ela procurou sua espada.
Ele tinha sumido. O golpe que derrubara ela e o Gryff poderia ter enviado a arma ao outro lado da praça. Como ela poderia lutar contra isso sem uma maldita espada?
"Você não pode nos ferir, irmã", disse o anjo-coisa.
Sigarda levantou a foice, que pegou um feixe errante de luar e parecia brilhar.
"Eu devo", disse ela, e ela varreu a foice em um enorme arco, mortal, dos braços ao peito de suas irmãs.
Mas um daqueles enormes braços, estranhamente bifurcados arrebatou Sigarda fora do ar.
Thalia engasgou de horror, quando a grande mão levou o anjo até a mandíbula brilhando no peito do anjo-coisa, onde os quatro braços menores agarraram Sigarda. Tentáculos longos de carne se contorciam para fora e enrolaram-se em torno dos braços de Sigarda, imobilizando-a.
"Não, não, não," disse Thalia. Ela não podia ficar de braços cruzados e assistir o último anjo são ser absorvido por essa monstruosidade. Ela procurou por qualquer coisa que pudesse servir como uma arma.
"Nós vamos estar juntos novamente", disseram os anjos fundidos.
Traft dirigiu o olhar de Thalia para a lança de Avacyn.
"É muito pesada", disse ela.
"Não para nós dois", o geist do santo respondeu.
"Ok." Ela deu um passo em volta da montaria caída e se abaixou para pegar a lança. Um arrepio subiu-lhe a espinha, enquanto o poder de Traft percorria seu corpo mais uma vez, protegendo-a da magia da lança. Ela estremeceu em um instante de êxtase e asas brilhantes, translúcidas abriram-se em suas costas - a bênção de um anjo invisível.
“Eu fui o Amado dos Anjos, um dia”, Traft lembrou.
A lança quebrada parecia quase a brilhar à luz das tochas e pequenos incêndios espalhados ao redor da praça. Ela agarrou-a com as duas mãos e levantou-a ao céu.
Tão suavemente como seu Gryff, suas asas angelicais a ergueram no ar. Traft tinha razão, é claro, com sua força auxiliar, a lança era tão leve quanto sua lâmina fina.
Ela subiu até estar cara a cara com o anjo-coisa. Sigarda, agora era pouco visível sob uma camada de carne fibrosa.
Quando viu a lança de Avacyn brilhando nas mãos de Thalia, Bruna-Gisela soltou outro uivo perfurante. Uma daquelas garras monstruosas atacou Thalia, que a bloqueou com o cabo da lança, e, então, levou a lamina santa de encontro à carne azul.
Outro uivo, em outro tom - de dor. Dor física.
Thalia então atingiu o mesmo ombro que tinha perfurado com sua espada.
A outra garra veio arqueando em direção a ela, e Thalia virou a lança, cortanto profundamente na carne do que deveria ter sido uma palma. Ela torceu e alavancou a lâmina para rasgar a ferida, cortando através da teia de carne e osso que formava o membro impossível.
Sigarda parecia estar recuperando sua força, enquanto suas irmãs fundidas enfraqueciam, lutando contra os tentáculos que a mantinham no lugar.
Thalia cortou o peito de o anjo-coisa, libertando Sigarda, e, em seguida, mergulhou a lâmina através do emaranhado de costelas e tendões para o brilho vermelho no abdômen. Ela sentiu o golpe em seu próprio intestino enquanto ela esfaqueou o anjo da blasfêmia.
Atacando em agonia reflexiva, o anjo-coisa atingiu Thalia com a sua garra menos ferida, enviando-a para o chão novamente.
Mas, desta vez, suas asas angelicais impediram sua queda. E em um arco ela foi às costas do anjo, onde ela afundou a lança de Avacyn através de asas, cravando-a profundamente na coluna e quaisquer órgãos que estivessem no abdômen da coisa. Mais uma vez, agonia sacudiu através de seu próprio peito.
Mas terrível uivo do anjo cessou.
Ela contraiu-se e contorceu-se. Suas garras monstruosas, tentando chegar nas suas costas. Asas fustigadas, e o emaranhado de tentáculos, que tinham sido as pernas dos anjos, soltos no ar.
Sigarda explodiu no peito de suas irmãs, manchada com sangue e linfa, como um nascimento abominável, e caiu ao chão na praça abaixo.
Thalia agarrou-se à lança, cavalgando o anjo-coisa como um corcel indomável, enquanto ele se debatia em agonia.
"Irmã", o anjo-coisa resmungou.
Então, ele seguiu Sigarda à pedra dura da praça abaixo, enrolando-se como uma aranha morta no chão.
Thalia rolou de costas e caiu no chão ao lado dele, olhando para cima na escuridão.
A mão de Sigarda levantou Thalia a seus pés, e sua dor fugiu e sua visão clareou. O bendito anjo, o último arcanjo, sorriu para ela.
Vitória - a palavra passou pela sua mente, e ela devolveu o sorriso do anjo.
Em seguida, o rosto de Sigarda tornou-se solene de novo, e ela balançou a cabeça como se consciente de pensamento fugaz de Thalia.
Thalia se virou para examinar a cena. A batalha ainda transcorria, mas um olhar atento sugeria que a maré tinha virado, que os seres humanos, vampiros e lobisomens, lutando em uma aliança improvável estavam derrotando a horda da loucura.
Então seu olhar subiu para o céu.
A coisa no ar era incrivelmente enorme. Ele parecia vagamente com os anjos fundidos, Bruna-Gisela. Seu corpo em forma de cúpula, sobre uma massa de tentáculos estranhos, e uma luz avermelhada brilhava em seu núcleo.
Mas não havia nenhum vestígio de qualquer vida natural, e muito menos da beleza e majestade de um anjo, na forma desta criatura. Sua existência desafiava a ordem natural das coisas, violava as leis físicas, e blasfemava contra a natureza sagrada da vida. Sua presença era um convite à loucura, pressionando na mente de Thalia, como uma faca cega, apesar da proteção do santo.
À medida que se aproximava, uma nova onda de monstruosidades corrompidas inundou praça.
A maré virara, mais uma vez, em direção à aniquilação.
Jace estremeceu involuntariamente, quando abriu os olhos.
Innistrad.
O ar estava um pouco mais frio aqui. Tinha um cheiro diferente, também, quase metálico, e quando ele exalou o seu último sopro de ar de Zendikar e respirou o de Innistrad, ele sentiu - o ar aqui parecia mais espesso.
Aquela primeira inspiração doera um pouco.
O céu parecia estar se rasgando. Nuvens de tempestade passavam, como se o vento soprasse em todas as direções, e nenhuma luz solar escapava no horizonte. O crepúsculo eterno do plano havia dado lugar a um brilho púrpura.
Seus olhos não queriam ajustar-se à escuridão; e lutavam com ele incessantemente.
Ele olhou para o horizonte, em direção ao buraco na realidade, e tentou se concentrar. Foco! Foco! Sua mente estava pesada, como se um saco de arroz molhado estivesse em cima do seu pescoço...
Havia um assovio em sua mente. Ou a memória de um. Um lembrete de si mesmo, então, seus olhos ficaram claros.
Ele estava no topo de uma colina, olhando para baixo sobre os campos ondulados que rodeavam Thraben. Ele podia ver a cidade agora, e metade dela estava em chamas. As ruas tomadas por batalhas violentas.
Tochas.
Gritos.
Ele não tinha certeza se ele estava ouvindo os gritos a esta distância, ou os sentindo. E, acima de tudo, em cima no céu ...
Ele não podia olhar para aquilo. Ainda não.
Um conjunto de sons trouxe o foco da Jace a um problema mais claro e presente. Rosnados, seguidos de olhos brilhantes de um verde maligno no escuro.
"Lobisomens novamente," Jace murmurou para si mesmo.
Ele estendeu a mão para a escuridão e tocou as mentes que ele encontrou lá. Três delas, devastadas pela loucura, haviam se transformado em algo que ele mal podia reconhecer.
À medida que se arrastaram para fora das sombras, ele pôde ver os lobisomens claramente. Sua pele era desigual, fundida com o mesmo padrão de treliça que parecia ter tomado o material orgânico de Innistrad.
Jace fez uma sondagem. Não havia mentes suficiente para conseguir nada.
Não houve nenhuma sutileza em seu ataque mental - ele se apossou dos sentidos deles e sobrecarregou cada luz, som, e cheiro até que eles entraram em colapso.
Não foi bonito de se ver, mas ele precisava estabelecer uma base segura aqui, para quando os outros chegassem.
Dois dos lobisomens ganiram e caíram no chão; primeiro tendo espasmos, e, depois imóveis.
O último dos três, porém ... riu?
Ele podia sentir a sua mente mudando, adaptando-se, em resposta ao ataque. A conexão mental se quebrou, e ele observou como a pele da criatura ondulava, seus membros e suas garras alongavam-se, e sua pele parecia escorrer.
Jace tropeçou para trás. O que ele tinha feito havia provocado algum tipo de mutação reflexiva. Agora, ele não tinha nem ideia do que ele estava na sua frente.
Com um gesto rápido, ele dividiu-se em uma dúzia de reflexos, e o monstro passou um momento farejando o ar, antes de fixar o olhar em seu corpo real, ignorando as ilusões.
Jace olhou ao redor procurando uma rota de fuga e não a achou. Opções correram através de sua mente, e foram descartadas, uma por uma. As ilusões de Jace, semi-substanciais, tentaram distrair a besta, comprando-lhe mais tempo, para ...
... Um flash de luz, o som de chicote cortando carne e um ganido.
O horror caiu, uma pilha de carne mutilada.
Gideon.
"Está tudo bem, Jace. Eu cuido disso."
Jace endireitou seu casaco. "Você se perdeu no caminho? Deu uma parada em Ravnica para fazer uma boquinha?"
"Não é fácil segui-lo para um lugar que eu nunca estive. Hmm." Gideon olhou para a colina em direção Thraben. (Se ele estava tendo algum problema para adaptar seus sentidos, ele não estava demostrando isso.) "Maior do que os outros dois. E tem muito mais luta entre nós e ele. Qual é o plano?"
Uma cintilação distorcendo o ar com calor apareceu, e uma mulher saiu dela.
Chandra esfregou as mãos. "O mesmo plano da última vez, certo? Fogo? Eu acho que não era o plano no momento, mas serviu. Normalmente serve." Ela colocou as mãos nos quadris enquanto ela olhava para a cena caótica abaixo.
A colina rangiu um pouco, o único sinal da chegada de Nissa.
Ela franziu a testa enquanto se ajoelhou, colocando a palma da mão contra o chão. "O mana aqui é escuro. Distorcido. O solo, as árvores ... uma parte é obra de Emrakul, mas ..."
"Esta é a sua primeira vez em Innistrad, certo? “Escuro e distorcido é o padrão por aqui." Jace continuou, "Então, nós basicamente temos o mesmo cenário da última vez, com algumas pequenas diferenças. Emrakul está indo para Thraben, e precisamos chegar lá primeiro. Nissa usará seu glifo planar para entrar na rede de leylines . Gideon irá abrir um caminho para chegarmos perto. Nós canalizamos a energia do plano através de Chandra, e ela faz o que sabe fazer. "
Nissa sacudiu a cabeça. "Não vai funcionar. As linhas ley já foram redirecionadas. "
Jace tentou forçar um sorriso. "Bem, sim. A rede de cryptoliths. Ela está direcionando todas as linhas ley em direção à Thraben, agora. Isso, mais o fato de que Thraben é a a maior densidade populacional de Innistrad, significa que Emrakul será quase certamente atraída para lá. Esse ponto central deve amplificar os efeitos do glifo. Bastante semelhante à rede Hedron, na verdade. "
"Se pudermos chegar perto o suficiente de lá. Mas se chegarmos tão perto, Emrakul vai nos destruir." A voz de Nissa estava calma, mas firme. "E se não chegarmos tão perto, eu vou ser capaz de tocar em uma ou duas linhas ley. Três, no máximo. Não vai ser suficiente."
Chandra colocou a mão no ombro de Nissa. "Ei, uma linha ou vinte, você me passa elas, e nós vamos fazer ser o suficiente."
Gideon suspirou. "Nissa, você acredita que você pode fazer isso? Nós não vamos tentar um plano em que não estamos todos comprometidos."
Nissa pegou um punhado de terra e deixou escorrer entre os dedos. Ela olhou para os rostos de seus companheiros. Gideon, preocupado. Jace, impassível. Chandra, animada. Ela fechou os olhos e ouviu durante vários segundos. O seu batimento cardíaco, o solo marcado debaixo dela, as suas memórias.
"Sim."
__
"Olhe, Gared. Bonito, de uma certa maneira. Seu mundo está acabando." Liliana observou quando Thraben começou a queimar e tentáculos desceram das tempestades para remexer a terra abaixo. O céu fervilhava de anjos, e o chão sob o titã apenas fervilhava. Desta distância, ela podia ver apenas o movimento, uma massa sem fim de criaturas, contorcendo-se, amontoando-se tão perto da fonte de fim do mundo quanto podiam.
"Sim, senhora. É o que se costuma fazer por aqui, principalmente." O aprendiz de geistmage, com seu olho protuberante, olhou desamparadamente para o caos abaixo.
"Ah, lá estão eles. Tá vendo aquele fogo e os flashes de luz? Aqueles devem ser os amiguinhos de Jace. Parece que eles estão indo direto para o centro de tudo."
Gared inclinou a cabeça, um efeito interessante coroando seu corpo já assimétrico. "Sim, senhora. Eu não pude deixar de notar, a senhora levantou este pequeno e adorável exército para ajudar, mas estamos aqui em cima, e os outros estão lá embaixo."
"Hmm... verdade."
__
Chandra estava gritando.
Os outros não poderiam dizer se eram gritos de dor, alegria ou raiva, eles só ouviam os gritos e sentiam o calor esmagador - Ela estava incandescente, um inferno ambulante, projetando fogo em todas as direções, queimando a pele de seus companheiros com o calor e carbonizando os mutantes que os cercavam. Fileira após fileira deles.
O grito parou, e o fogo se apagou.
Chandra caiu de joelhos, e Gideon saltou para frente para cobri-la. Eles foram cercados no que tinha sido uma praça do mercado, duas das quatro entradas bloqueadas por escombros e edifícios caídos. Uma torre em ruínas, inclinava-se tenuemente sobre a estrada de paralelepípedos que levava mais longe no coração da cidade, mas tanto a torre quanto a estrada estavam bloqueadas por fileiras após fileiras da legião de Emrakul.
Alguns deles ainda eram basicamente humanos. Suas vozes eram um turbilhão brusco de gritos e gemidos, alguns eram o que restava de animais, dos anjos.
Outros eram coisas irreconhecíveis.
Muitos tinham a carne derretendo como cera de vela.
E por trás deles, pairava a tempestade.
O corpo da titan ainda estava na maior parte escondida da vista, mas sua presença estava em todos os lugares.
Emrakul.
A tempestade tornou-se mais violenta, e impossíveis relâmpago bifurcados cortavam a cidade abaixo. Tentáculos que emergiam das nuvens negras, raspando baixo ao longo do chão, vibrando enquanto blocos da cidade eram reduzidas a cinzas e pedra.
"Opções. Preciso de opções." Gideon examinou o quadrado, sural desfraldada. "Nissa. Elementais?"
O elfo sacudiu a cabeça. "Eu poderia chamar, mas nós não gostaríamos muito do que iria responder."
Gideon grunhiu sua frustração. "Chandra? Está pronta para outra rodada?"
Chandra estava arqueada, com as mãos sobre os joelhos, respirando com dificuldade. Ela levantou a mão e deu um fraco gesto de polegar para cima. "Claro que sim, chefe. Tou apenas começando." Ela tossiu e endireitou-se. O rosto estava coberto de fuligem e cinzas, mas o sorriso parecia genuíno suficiente.
"Jace. e aí?"
Jace examinava a área novamente. "Nós não vamos ir pra frente. Temos um espaço aberto defensável para trabalhar. Eu digo que devemos usar o glifo aqui."
Gideon assentiu. "Nissa, você pode fazê-lo?"
Nissa se ajoelhou, colocando ambas as palmas das mãos no chão. Um brilho verde serpenteou-se do chão, envolvendo os braços em uma luz verdejante. "Duas linhas ley. Três se eu forçar."
"Faça." A voz de Gideon disse sem a menor hesitação. "O resto de nós, temos de cobri-la. A resistência que enfrentamos até aqui tem sido incidental. Eu nem tenho certeza de que ELA tenha nos notado."
Jace gesticulou em direção à torre que dava para uma das entradas para a praça. Duas marcas ilusórias apareceram.
"Chandra, eu preciso que você atinga a torre ali e ali. Quando a mutação transforma pedra, ela fica bastante resistente a danos, mas se expande quando exposta ao calor extremo. Isso deve derrubar a torre e bloquear a rua."
"O que?" Chandra olhou para trás, mãos já em chamas.
"Eu li em um livro. Confie em mim."
Chandra apontou os punhos em direção à torre, e duas bolas de fogo dispararam, atingindo precisamente onde Jace tinha marcado. Segundos depois, toda a estrutura desabou, bloqueando a maior parte da rua, enquanto esmagava a estalagem do outro lado.
A praça do mercado parecia viva – Vegetação crescia novamente da terra batida e das pedras, e o ar, azedo e sujo, limpou-se ligeiramente. Nissa ficou imóvel no centro de tudo, runas brilhantes apareceram no chão em torno dela, serpenteando seu caminho de seus pés até que o glifo complexo estava concluído.
Houve um som estridente das hordas em torno deles. Como um, eles se viraram e correram em direção de Nissa.
Gideon correu para interceptá-los.
Ele os atingiu com cortes poderosos, e afundou-se em suas fileiras, faíscas douradas elevavam-se no ar da noite enquanto golpes desviavamm-se de seu corpo. Ele rugiu e balançou suas laminas em um grande círculo, tentando infligir o máximo de dano possível e chamar tanta atenção para si mesmo quanto pudesse.
Mas as criaturas não caíam facilmente, e aquelas que caíam, não permaneciam caídas.
Mesmo as criaturas totalmente desmembradas ficavam paradas apenas por um momento; então, novos membros hediondos brotavam de cada ferida fresca, e elas iam diretamente para Nissa e o glifo.
"Nissa, já? Porque eu realmente, de verdade, acho que agora é uma boa hora." Chandra passou pela borda do glifo, que começou a queimar enquanto Nissa murmurava sílabas incompreensíveis, de olhos firmemente fechados.
Chandra deu um grito de alerta para Gideon antes de lavar toda a rua em uma onda de chamas. Ela olhou por cima do ombro para ver Nissa, conectando-se com a terra e puxando para cima o que parecia ser uma videira espectral, da largura de um tronco de árvore. Ela se esforçou para puxa-la para cima da terra, e ela engasgou em estado de choque quando os espinhos espectrais cortaram seus braços.
Nissa resmungou entre os dentes. "prepare... se... Quase ... lá." Ela estendeu a mão novamente, e levantou uma segunda videira. Este repuxado e dobrado, debatendo-se para frente e para trás, como uma serpente. Com um esforço de dor, ela conseguiu amarra-la em torno de sua cintura, como uma âncora, e começou a puxar uma terceira.
Chandra não sabia o que fazer a seguir. Não havia nada que pudesse fazer por Nissa, e Gideon estava fazendo o que podia para parar um enxame de criaturas que se deslocava para elas. Ela olhou para cima, e imediatamente se arrependeu. Braços, tentáculos, e outras extremidades tomadas por mutação estavam começando a surgir sobre os edifícios e entulho, em todas as direções.
Ela olhou de volta para Nissa, e a viu cair de joelhos.
A terceira videira espectral era mais escura do que os outros dois, as farpas mais cruéis, o seu movimento mais sinuoso e caótico. Nissa estava tentando pô-lo sob controle, mas ela tinha conseguido envolver-se em volta do pescoço, e parecia estar tentando arrastá-la para o chão.
"A vida não pode parar ... mesmo quando ele sabe que deve ... mesmo quando ele sabe que é errado! Sozinha e discordante! Mesmo quando sabe!" A voz de Nissa ecoou, seus olhos brilhavam um roxo maligno, e então ela caiu no chão.
As videiras sumiram, o glifo foi instantaneamente apagado. E as hordas de criaturas continuaram o ataque.
"Recuar!" Chandra gritou enquanto ela correu para o lado de Nissa, pegando a cabeça tão gentilmente quanto podia. "Vamos lá, vamos lá, você precisa acordar!"
"Não há lugar para recuar, Chandra!" Jace tomou posição ao lado delas, e estendeu a mão para tocar a testa de Nissa. "Ela ainda está aí dentro. Só um pouco atordoada. Ela vai ficar bem em alguns minutos."
Gideon veio correndo de volta para os outros, enquanto a multidão de criaturas lentamente os cercava. "Eu vou cuidar dela até que ela acorde. Vocês dois Planeswalk de volta à segurança."
Chandra estava de pé, mãos em chamas. "Não vai rolar. Ou saímos daqui todos juntos, ou ..." Sua bravata desapareceu com as suas palavras finais.
"Ou não saímos", completou Jace. "Juntos ou nada?"
Chandra abriu a boca para responder, então inclinou a cabeça para o lado. "Espere ... o que é isso?"
Os Planeswalkers os ouviram antes que os vissem, gemendo, quebrando, e rasgando - fileiras de mortos-vivos invadiram a praça, movendo-se em formações apertadas, jogando-se contra, mordendo e arranhando as criaturas mutantes que rodeavam os Planeswalkers, rasgando-as com uma força terrível.
Carne morta e membros mutantes em um confronto explosivo, ambos os lados sem se importar com a dor ou perdas.
Mas os zumbis moviam-se com precisão e finalidade. Quando suas fileiras eram retalhadas, elas eram imediatamente repostas. E quando chegaram aos Planeswalkers, eles se separaram, formaram um perímetro defensivo em torno deles, e começaram a afastar o inimigo.
Então, seu general apareceu.
Liliana.
Como se flutuando, braços abertos, o véu pontas dos dedos. Suas tatuagens brilhavam e sangue brotava delas. Em um movimento ocasional de seu pulso, raios de energia necromântica varriam os mutantes, reduzindo seus cadáveres à cinzas. Todo o crescimento canceroso, toda a vida distorcida ia sendo simplesmente obliterada.
Em um campo de vida eterna, não natural, uma esfera de quietude e de morte chegou, e lá reinou.
A expressão de Liliana passou de fúria exultante a um sorriso recatado em um instante, quando ela caiu graciosamente ao chão. Suas tatuagens apagaram-se, e o véu pareceu diminuir.
"Oh, Jace. Cheguei aqui o mais rápido possível."
"O que você está fazendo aqui?" Gideon ainda estava em uma posição do combate, seu sural brilhando com poder.
"A simpática senhora com o vestido desconfortável acabou de salvar nossos traseiros, Gideon. Acalme-se um segundo." Chandra virou as costas para Liliana e se colocou entre eles.
Nissa esforçou-se para ficar de pé. "Essa ... coisa que ela carrega. É uma abominação!" Nissa tirou virou o rosto, recusando-se a olhar para o véu.
O sorriso de Liliana abriu um caminho curvado através de seu rosto. "Essa é uma forma estranha de dizer 'obrigado, Liliana, você salvou a minha vida, e eu sempre estarei em dívida com você.'"
Gideon grunhiu, e retraiu sua sural.
"Liliana, estou ... Eu não achava que eu iria vê-la novamente. Mas você está aqui." Jace puxou o capuz para trás, o brilho desapareceu de seus olhos. Os círculos escuros debaixo deles ficaram evidentes.
"Eloquente como sempre. Sim. Você está resgatado, você me deve uma, e agora você deve realmente dar um Planeswalk para algum lugar seguro."
Jace balançou a cabeça. "Nós não podemos fazer isso. Temos que acabar com isto. Nós estamos tão perto. E com você nos dando cobertura, eu acredito que nós podemos fazer isso. Eu sei que nós podemos."
Liliana passou a mão na testa. "Este não é o momento de ser ridículo, Jace. O que precisamos fazer é fugir."
"O que você precisa fazer é pegar essa maldita coisa e ir embora." Nissa estava instável, sua espada estava na mão. "Eu não vou lutar ao lado disto."
Gideon levantou uma mão em sinal de advertência. "Você lutou no Portão do Mar ao lado de vampiros, piratas, e pior, Nissa. Tomamos os aliados que podemos, se eles provarem-se confiáveis."
"Ah, o “Bife” pode raciocinar!" Liliana provocou.
"Mas eu não sei se você é confiável. Os instintos de Nissa raramente erram, e eu estou inclinado a concordar com ela. Esse objeto é ... um problema. Mas eu não te conheço. Ele sim."
Gideon virou para Jace.
"Então você vai decidir. Diga-me, Jace. Ela pode é confiável?"
Liliana riu, alto e claro, antes de Jace pudesse responder.
"Essa é uma pergunta ridícula, e você sabe disso. Olhe ao seu redor. Bastava eu estalar os dedos, e pronto. Você está confiando em mim, agora. Mas se vocês não vai sair, não posso forçá-los. Então me digam, bravos heróis, qual é o plano agora? "
Ela olhou para cada um de seus rostos. Gideon, exasperado. Chandra, exausto. Nissa, furioso. E Jace, aflito.
"Oh, maravilhoso..." Liliana sorriu por falta de uma expressão melhor. "Não tem como dar errado...."
Foi um prazer assistir a tal de Gatewatch contorcer-se agonizar - A frustração mal contida de Gideon; O desconforto de Nissa; A impaciência de Chandra; a indecisão dolorosa de Jace...
Jace estava em sua posição favorita – preso no meio de algum problema que, de alguma forma, ele mesmo causara, e se perguntando por que as decisões da vida são sempre tão difíceis.
“Você nunca vai mudar, não é?”
Liliana não poderia dizer se divertiu com ele ou o achava patético.
Às vezes, ambos.
A moonfolk voou para a clareira, os olhos arregalados e respiração controlada. Ela não tomou conhecimento do grande anel de zumbis protegendo-os contra os servos de Emrakul, apenas do grande espetáculo que era Emrakul; era impossível não o fazer. Ela aterrissou ao lado de Jace, falando rapidamente, embora baixo demais para Liliana ouvir. Ela parou de falar abruptamente e Liliana teria achado aquilo estranho, se ela não já tivesse passado uma grande parte da vida com um telepata.
Devia ser a tal moonfolk que Jace tinha mencionado.
Jace e Tamiyo continuaram sua conversa silenciosa, e Liliana fez uma careta.
“Outro mago mental inútil, exatamente o que precisávamos...”
Ela queria algum tempo sozinha com Jace, para descobrir qual a situação atual. Seus zumbis tinham trazido um alívio temporário. Mas eles precisavam sair daqui, para longe de Thraben, longe de Innistrad, longe de Emrakul.
Enquanto pensava no nome, os olhos de Liliana foram atraídos para cima, para a figura imponente que pairava fora do Thraben.
“Por que está simplesmente parada ali?"
O ar estava pesado, parado, com o cheiro de ... não eram os mortos. Liliana estava confortável com os mortos e seu cheiro. Mas havia uma qualidade podre nesse cheiro que até Liliana achou ofensiva.
Houve uma súbita mudança no ar, como o cheiro e a pressão de um dia de primavera antes de um temporal, e nessa mudança Emrakul começou a se abrir. Seus longos tentáculos multiplicaram-se, de centenas a milhares, dezenas de milhares, mais, até. Uma esfera de poder invisível partiu de Emrakul, ondulando e batendo em cada um dos planeswalkers.
Náuseas assaltaram seu estômago; vertigem torceu sua mente. Ela tinha sentido aquela combinação nauseante de desespero e doença apenas algumas vezes em sua vida. Quando os olhos de seu irmão Josu abriram-se sem vida, esferas de azeviche anunciando a desgraça; quando ela contemplou pela primeira vez o sinistro olhar de Bolas, ouvindo sua risada maldosa enquanto prometeu uma redenção-armadilha; quando a energia do véu atravessou pela primeira vez as suas veias, dividindo sua pele e abrindo-a como uma casca seca, para deixar o sangue, o sangue dela, brotar.
Nenhum desses momentos se comparava com o que ela sentia agora, na presença de Emrakul.
Liliana Vess tinha passado toda a sua vida buscando não morrer, e pela primeira vez em sua longa existência, ela se perguntou se ela tinha perseguido o objetivo errado. Na sombra do desabrochar de Emrakul, a morte parecia apenas mais uma das mentiras superficiais da vida, uma falsa esperança que mal conseguia esconder o verdadeiro horror que aguardava todos os que existiam.
"Emrakul. Emraakull. Emraaa ..."
Ela sacudiu a cabeça com força, tentando limpar sua mente. Ela tinha vivido muito tempo, superado muitas coisas, para sucumbir agora.
“Devemos fugir deste plano. Isso ... é loucura ficar."
Não eram seus pensamentos, mas o homem do corvo falando diretamente em sua cabeça, parecendo ... com medo. Liliana tirou algum prazer daquilo. “Então você pode sentir medo”.
Seus zumbis grunhiam em uníssono.
"Veículo de destruição. Raiz do mal. Fugir."
Liliana foi surpreendida. Ela estava acostumada com o véu falando bobagens sobre veículos e raízes, mas fugir? Seja o que fosse que Emrakul era, até o véu tinha medo dela.
A pressão no ar espessou-se, induzindo uma dor de cabeça que molhou seus olhos. Os outros Planeswalkers caíram, todos, exceto Jace, que lançou algum tipo de feitiço para se proteger.
Ela inclinou a cabeça, sua agonia multiplicando-se. Emrakul fora. Véu dentro. O maldito Homem Corvo, onde quer que estivesse.
Ela não iria sucumbir.
“Estes são os meus zumbis, meu véu, a minha cabeça. Meus!”
Ela olhou para Emrakul, seu medo se afastando, substituído por ira.
“Como você ousa...”
Houve outra explosão de energia a partir de Emrakul, que fez a onda anterior parecer uma breve chuva de primavera. Liliana caiu de joelhos enquanto gritava de raiva. Seus zumbis grunhiram uma única palavra.
"Em-ra-kuuuull."
Jace
“A torre parecia roxa, através do vidro chuvoso. Raias de fogo pesadas, com obscuridade superior caindo. Emrakul como uma argola de metal alça fria ...”
Uma voz cortou o devaneio caótico, uma voz familiar.
“Isto não está indo bem. Eu não vai sucumbir a isto. Eu sou mais forte do que isto.” Jace respirou de forma uniforme e lentamente. Pensamento reorganizados.
Ele tentou recordar as palavras sem sentido que dominavam sua mente, apenas alguns segundos atrás, mas elas já tinham desaparecido, como orvalho na madrugada.
Ele estava no topo de uma longa escada em espiral, degraus de mármore branco ornamentados com detalhes em azul. A escadaria era muito bem iluminada, embora não houvesse nenhuma fonte de luz óbvia, e se estendia até muito além de sua visão.
Acima, uma torre de pedra alta.
O lugar parecia com os seus aposentos em Ravnica - Mesa de pedra grande com pilhas de livros, mapas e várias ... engenhocas que zumbiam e zumbiam. Estantes recheadas de livros em todos os lugares que os olhos podiam ver, e ele admirou a cena com saudade. Não era parecido com seus aposentos em Ravnica ... eram eles!
Exceto que, em Ravnica, não havia uma escada palaciana em espiral no meio.
E, em Ravnica, certamente, não havia uma força monstruosa de destruição acima de seus aposentos.
Centenas de pés no ar acima, Jace viu grandes blocos de pedra da torre desmoronando, ou sendo agarrados e arremessados. Todo o telhado da torre já tinha sido destruído, revelando um céu escurecido, inundado com um nublado roxo ameaçador. Enquanto Jace observava a destruição, ele percebeu que a coisa roxa não era uma nuvem. Era uma coisa. Uma criatura. A criatura era uma nuvem roxa gigantesca, de qual que se surgiam centenas de tentáculos, que se estendiam em direção à torre, acompanhados de relâmpagos e estrondos ensurdecedores.
E a criatura tinha um nome ...
Emrakul.
O nome soava estranho, até quando ele o disse - uma palavra que ele não deveria saber, uma palavra que ele não poderia saber.
Ou talvez essa a palavra fosse a palavra por baixo da palavra ... Jace parou, decepcionado com a facilidade de perder a linha de raciocínio.
Foco. Emrakul. Uma coisa. Um Eldrazi. O Eldrazi. A mente de Jace lutava para abranger a natureza da entidade. Sua cabeça doía, uma dor latejante que crescia a cada contemplação da titan Eldrazi.
Então não pense nisso. Onde estou? O que é este lugar?
Mais memórias - Ele não estava em uma torre. Ele estva em Thraben, cercado por inúmeras hordas de asseclas de Emrakul. Todos eles estavam. Gideon. Tamiyo. Nissa. Chandra. Liliana... Ela tinha feito uma aparição surpresa, levando uma tropa de zumbis para salvá-los das seitas e criaturas enlouquecidas por Emrakul. Liliana voltou. Ela...
O som alto de um trovão. O chão tremeu brevemente sob seus pés. À medida que a terra tremia, a cabeça de Jace começou a latejar. Relâmpagos, iluminando os tentáculos de Emrakul, enquanto eles arrancavam mais pedaços da estrutura de pedra.
A torre era grande e maciça, mas Emrakul ia desmantelando-a pedra por pedra.
Uma luz branca suave começou a pulsar mais abaixo na escada. A luz acenou. Normalmente Jace não confiaria em luzes brancas que acenavam de um lugar que ele não sabia onde ficava, levando-o para outros lugares que ele não sabia onde ficavam. Mas a maioria das situações normais não têm uma titã Eldrazi destruindo tudo.
O brilho branco parecia uma opção cada vez mais interessante.
Houve uma explosão brilhante do lado de fora, púrpura, seguida do barulho ensurdecedor de um trovão. Toda a torre reverberou enquanto um raio a atingia.
Jace caiu no chão com dor, a cabeça latejando de agonia. O que esta acontecendo comigo?, E, em seguida, outra voz, vindo de algum lugar de fora, falou com força de comando.
“Vamos. Mova-se agora. Desça as escadas.”
Jace olhou para cima através das ruínas da torre e viu o bucho roxo e voraz de Emrakul, seus infinitos tentáculos envolvendo-se em torno de mais e mais dos baluartes de pedra. Ele se levantou do chão e tropeçou para a escada. Ele decidiu que a voz, minha voz, estava certa -Era hora de partir.
Ele desceu às profundezas da torre.
Liliana
O sangue de Liliana estava em chamas, sua mente em pedaços. Uma força, porém, mantinha-a coerente - raiva.
"Esses são meus zumbis. Meus! Você não vai tê-los!"
Inconscientemente ela usou poder do Véu, e lutou contra o poder de Emrakul. Ela podia sentir o toque terrível do Eldrazi, um toque agora tão poderoso que afetava até mesmo os mortos. Mas mesmo aquele toque não era páreo para o poder necromântico de Liliana, apoiada pela força do véu.
Ela sentiu os zumbis voltarem para ela.
O poder correndo por suas veias era intoxicante. Cada vez anterior que ela usara o véu, houve agonia e ruptura, mas, de alguma forma, desta vez sua raiva inoculou-a do pior das lesões do véu.
Talvez essa seja a resposta para vencer o Véu Cadeia. Eu nunca quis que o suficiente.
Vozes ainda sussurrou para ela - de seus zumbis, e do véu diretamente em sua mente.
"Veículo de destruição. Raiz do mal."
Aquelas, porém, não eram as únicas vozes que ouvia - O Homem do corvo também estava lá - “Temos de sair daqui. Isso é loucura. Achei que você queria vencer a morte. A entidade que enfrentamos aqui é mais velha que o tempo, e mais poderoso do que você, mesmo se você empunhar cem véus! Temos de sair!” O Homem corvo tantava soar como se estivesse dando ordens.
Nunca tinha soado tão nu, tão vulnerável.
Liliana poupou um olhar para os outros Planeswalkers. Chandra, Tamiyo, e Gideon estavam deitados no chão, inconsciente. Ela usou brevemente com o seu poder, mas suas formas não responderam ao toque necromântico; todos eles ainda viviam.
Nissa estava enraizada no lugar, gritando, frase sem sentido que emanavam de sua boca. Energias verde e roxa reunidas em torno dela, chocando-se, fluindo e refluindo.
Jace era o único de pé e parecia estar consciente, embora ele não parecesse não a notar. Ela percebeu um brilho azul ao redor dele, uma penumbra que se estendia a todos os cinco dos outros Planeswalkers. Todos, exceto ela.
Seria isso que os estava mantendo vivos?
A penumbra não se estendia para ela. Mas ela não precisava de sua ajuda. Liliana tinha conhecido o poder real, o poder que vinha com a sabedoria, e o que vinha da crueldade, em suas duas centenas de longos anos de vida.
Portanto, ela sabia que nada disso a teria protegido do ataque mental de Emrakul. Ela teria sido destruída, se não fosse o poder do véu. Poder que agora era dela, e que ela exercia com prazer.
Ela riu com a emoção. Era o mais próximo que ela tinha chegado à onipotência do seu antigo eu. Eu posso fazer qualquer coisa.
Ainda assim as vozes do Véu sussurravam em sua cabeça. "Veículo da destruição. Devemos fugir da Destruidora de Mundos. Da criadora de mundos!" A voz de homem corvo sufocava com pânico. "Ouça o véu, sua idiota! Fuja!"
Seus zumbis.
"Raiz do mal. Veículo da destruição!"
Liliana riu, um riso impregnado de raiva e poder. "EU. NÃO.SOU.UM.VEÍCULO!"
Ela silenciou as vozes do véu e do Homem do corvo abruptamente. Ela podia sentir a fúria e impotência deles, enquanto protestavam contra ela.
“Tudo o que importa é a minha vontade. Meu desejo. Nada pode contra mim”. Ela concentrou-se no véu, absorvendo mais poder do que jamais ousara antes.
“Eu não pertenço a você. Você pertence a mim.”
Ela reuniu as energias do Véu, para seu próprio poder e experiência consideráveis. No meio de tal poder, ela já não mais sentia o assalto mental de Emrakul.
Ela virou a atenção para a gigantesca titan Eldrazi. Como se reconhecesse seu poder crescente, a titan estava se movendo lentamente em sua direção.
“Todo mundo parece ter medo de você, Emrakul”.
Ela riu de novo, uma gargalhada enquanto ela mergulhava ainda mais no poder.
“Ninguém pensa que eu posso vencê-la. Vamos descobrir.”
Jace
Enquanto descia, Jace, ocasionalmente, olhava para cima, mas sombras obscureciam tudo, logo atrás dele.
Eu acho que essas escadas só vão para baixo.
Ele pensou que deveria achar alarmante, ser guiado ao longo de um corredor desconhecido para as profundezas de uma torre alarmantemente estranha, especialmente, se acompanhado pelo assalto continuado e trovões que ele ainda ouvia acima. Mas ele estava calmo.
Aqui em baixo é definitivamente mais seguro do que lá em cima.
A parede de pedra ao lado dele começou a cintilar. Enquanto ele observava, a pedra virou vidro, ou, pelo menos, algum tipo de material transparente. A parede inteira ao lado dele, do piso ao teto, transformou-se em um painel claro. Através da janela, via-se uma cena, como um diorama de crianças feito para a escola, mas este diorama movia-se.
A figura central na cena era Gideon. Ele estava enfrentando algum tipo de ser celestial que se elevava sobre ele (Literalmente celestial - a figura era feita de um céu estrelado).
A figura tinha dois grandes chifres negros emoldurando um rosto azul, não-humano. Ele empunhava um chicote incrivelmente grande com um crânio no punho.
Gideon parecia adequadamente “gideonzado” - queixo quadrado, sural dourado e uma armadura brilhante intacta. Mas o olhar em seu rosto não era o do Gideon que Jace conhecia.
Este Gideon parecia preocupado, quase com medo. Havia raiva naquele rosto ... mas também medo. Interessante.
Ao redor de Gideon estavam os outros membros da Gatewatch. Chandra, mãos e cabeça em chamas. Nissa. Até mesmo um Jace.
Certamente eu sou mais alto do que isso...
A figura celeste abriu os braços, chicote para o lado. Ele falou com uma voz profunda e ressonante que parecia emergir do chão.
"E o que é que você, Kytheon Iora, mais deseja? O que você realmente quer?"
"Não!" Gideon gritou, o rosto contorcido em desafio e dor. "Não há nada que você pode me oferecer, Erebos, nada! Tudo que venha de você é veneno."
O ser, Erebos, levantou o chicote. "Não é uma oferta, mortal. Diga-me a verdade - o que você mais deseja! Ou eu vou matar seus amigos, um por um."
Os ombros de Gideão caíram, sua sural recuou na bainha. Ele olhou para Erebos, seu rosto uma mistura de raiva e desespero.
"O que eu desejo mais ..." ele fez uma pausa, respirando fundo, "que eu mais desejo é proteger os outros, salvá-los ..."
"Você mente." O chicote de Erebos estalou, atingindo o Jace ao lado de Gideon, que se desintegrou.
Eu realmente não gosto de me assistir morrer.
Gideon gritou e pulou, puxando sua sural, mas Erebos ficou impassível. Ele levantou a mão e Gideon foi arremessado para trás.
"Você não pode me derrotar, mortal. Você nunca pôde. Você nunca poderá. Diga-me a verdade e eu vou deixar que o resto de seus amigos viva."
Um trovão alto estourou.
“Emrakul, isso é Emrakul”, e Jace não podia ouvir a resposta de Gideon sobre o barulho. Seja qual foi a resposta de Gideon, Erebos não ficou satisfeito. Mais uma vez o chicote estalou, e agora Nissa se desintegrou com o seu toque. Gideon vacilou quando Nissa foi derrubada, mas não atacou neste momento. Chandra ficou olhando, as mãos em chamas ao seu lado sem fazer nada.
Esta cena não é definitivamente a realidade. Estou dentro da cabeça de Gideon?
A voz de Gideon disparou com raiva. "Eu quero derrotá-lo, rasgá-lo, destruí-lo para que você não possa mais ..."
"Não, você continua a falar mentiras." A voz de Erebos, em contraste, era plácida como um cemitério. Outro golpe do chicote, e Chandra desapareceu. "Você tem que perder todos antes de reconhecer a verdade, mortal? Toda a sua teimosia com que fim? Você está determinado a sentir mais dor." chicote de Erebos dançou com o toque de seu mestre. "O que você quer?"
Gideon levantou a cabeça para o céu e gritou: "Eu quero ..." mas antes que ele terminasse a frase a janela ficou escura.
Jace ficou parado, em silêncio, atordoado com tudo o que tinha testemunhado. Quem é Erebos? Que dor consome Gideon? Jace não fazia idéia de que seu amigo estava sofrendo dessa maneira. E a minha ignorância sobre Gideon é compensada pela minha falta de conhecimento do que está acontecendo aqui. Isso são sonhos? Estou dentro da cabeça de Gideon? O Emrakul acima certamente parece real.
As sombras chegaram mais perto de Jace. Eu preciso manter-me em movimento. As respostas estão lá em baixo.
Ele só tinha andado alguns passos quando outra parede ficou transparente.
Desta vez, a cena destacava Tamiyo.
Curvada sobre uma pequena bancada, debruçada sobre um grande rolo desfraldado sobre uma mesa empoeirada. A única iluminação na cena era uma vela, e era demasiadamente fraca.
Atrás de Tamiyo, prateleiras cheias de livros, e mais pilhas de livros ao lado deles. Jace sentiu uma pontada nostálgica - estar cercado por nada além de livros e todo o tempo do mundo para lê-los.
Sua vida não era assim há algum tempo, e não seria novamente em breve.
Sangue começou a vazar de um dos olhos de Tamiyo. Começou com um gotejamento lento, cada gota batia na mesa com um pequeno plip. Ela continuou a ler o livro, e o outro olho começou a pingar sangue, também, cada um alternando-se com o outro. PLIP-plip. PLIP-plip. PLIP-plip.
Jace assistiu com horror quando treliças de carne começaram a crescer sobre os olhos de Tamiyo, cobrindo-os completamente.
A marca de Emrakul - Jace tinha visto muito disso ao longo dos últimos dias.
O sangue continuou a escorrer através da nova camada. PLIP-plip. PLIP-plip. PLIP-plip.
As treliças floresceram em outros lugares. Crescimentos carnosos surgiram dos dedos de Tamiyo, cobrindo as duas mãos como uma teia de aranha. Eles se fundiram à mesa abaixo, ligando as mãos à ela.
O sangue continuava pingando de seus olhos. PLIP-plip. PLIP-plip. PLIP-plip.
Quando ela perdeu o uso de seus olhos e mãos, Tamiyo sussurrou, embora nenhum som audível emergiu. Os tentáculos carnudos começaram a cobrir sua boca.
Mesmo quando sua boca estava lacrada, a rede continuou a crescer, a mexer e se contorcer. Os tentáculos estendiam-se para longe de sua boca fechada, e agora, enquanto o sangue continuava a escorrer de seus olhos, os tentáculos recebiam as gotas, vibrando quando o sangue batia em sua pele oleosa.
PLIP-plip. PLIP-plip. PLIP-plip
Tamiyo estava imóvel, os olhos, boca e mãos congelados. Jace já tinha tocado a mente de Tamiyo, conhecia sua essência melhor do que a maioria dos seres. Sua capacidade de ver, de falar, de escrever, estas são as ferramentas essenciais de sua magia, de sua comunicação. São as coisas que a definem.
“Ela está sendo apagada!” Jace gritou e bateu na janela, mas nem Tamiyo nem qualquer outra coisa na sala moveu-se.
A janela desapareceu em pedra opaca.
Jace caiu. “O que é este lugar? Isso não pode ser a mente dos meus amigos. Pode?”
As sombras pairavam sobre ele. Ele estava cansado, muito cansado. Ele lentamente se levantou e continuou sua descida.
Liliana
“Este poder. É uma revelação.”
Tudo o que foi preciso, foi a vontade de Liliana. Seu desejo.
Por muito tempo ela fora radicalmente pragmática e focada em sua causa - Não morrer. Matar seus algozes demoníacos.
Mas agora ela sabia que ela não queria dar esse passo final, atravessar a última barreira.
Eu me contive, que tola...
Na sua frente Emrakul. Um titan Eldrazi. Uma criatura mais velha do que o tempo, se as vozes em sua cabeça disseram a verdade.
“Eu acho que você é uma coisa. Uma coisa poderosa, mas algo que vive. E se você vive, você pode morrer. E se você morrer”, ela sorriu. “ Então você pertence a mim”.
As energias do véu se contorciam e lutavam sob seu controle. Elas queriam ser usadas para secar, para matar.
Poder existe para ser usado.
Ela as concentrou, e enviou uma explosão da energia necromântica após a outra, para a figura imponente do Emrakul.
O titã recuou com a força de ataque.
Havia uma música na cabeça de Liliana, uma canção abafando tudo. Era a música de poder e tinha uma melodia tão doce.
Isto é o que eu nasci para fazer. Este é o meu destino.
Cada explosão que atingia Emrakul, deixava para trás cicatrizes que eram como trincheiras de material morto. Grandes tentáculos do tamanho de torres enrugaram e murcharam. Parte do material regenerava-se, mas não o suficiente antes de ser atingido pela próxima explosão de Liliana.
Pela primeira vez desde o seu desabrochar, Emrakul estava encolhendo. Ela estava sendo empurrada para trás. Liliana estava ganhando.
A voz homem corvo cortou seu prazer, um esguicho de água fria de esgoto.
“Você não sabe o que faz, com o que você lidando. Você não poderá conter esse poder por muito mais tempo.”
O desprezo de Liliana envolvia cada palavra que ela pensou em resposta.
“Não tente me conter com as suas pequenas expectativas, homenzinho. Hoje é o dia em que eu destruirei um titan Eldrazi. Por quê? Porque eu quero”.
Ela queria que o Gatewatch estivesse consciente para assistir a sua vitória.
Isto é poder, suas sombras patéticas de Planeswalkers.
Ela continou o ataque a Emrakul.
Jace
Jace não se surpreendeu ao ver a outra janela aparecendo.
Desta vez era Chandra. Ou pelo menos ele assumiu que era Chandra - Era uma menina, mas o cabelo vermelho e formato de seu rosto sugeriam a mulher que um dia se ela se tornaria.
Chandra fora cercada por um grupo ameaçador de guardas, as suas vestes ornamentadas e coloridas, de um lugar que Jace não reconheceu. A terra natal dela. Os guardas levantaram suas lanças, e Chandra estava chorando, lágrimas lutando com a respiração, pelo o controle de seu rosto.
Um dos guardas, alto e esguio, deu um passo adiante. Seu rosto tinha um sorriso largo sobre ele, em um contraste cruel com suas palavras terríveis.
"Nós matamos o seu pai, renegada. Nós matamos sua mãe. E agora iremos matá-la."
Jace suspeitou que a cena não fosse real, apenas um pesadelo na cabeça de Chandra, mas os seus punhos cerraram-se. Ninguém deveria ter de suportar este tipo de dor.
Os guardas avançaram com suas lanças e seu líder zombou:
"E a melhor parte, a melhor parte absoluta, é que não há nada que você possa fazer sobre isso."
Chandra parou de chorar e olhou para os seus perseguidores. Uma pequena chama acendeu em um olho.
"Você está errado", disse ela. Sua voz não soava como uma criança em tudo. "Há algo que eu possa fazer." Seu corpo estava mudando, crescendo, evoluindo diante de seus olhos para a Chandra que ele conhecia. "Algo que eu sempre poderei fazer. Posso queimar."
Fogo irrompeu em sua cabeça e as mãos.
Ela sorriu. Os guardas recuaram, incertos. Ela deu um passo para a frente. "Eu posso fazer você queimar." O líder explodiu em chamas. Ele gritou em agonia. "Eu posso fazer todos vocês queimarem." Agora os outros guardas estavam em chamas, peles crepitantes e borbulhantes, o gritos agudos perfurando o céu. "Eu posso fazer o mundo inteiro queimar." Calor e luz e fogo irromperam em uma brancura incandescente, tudo queimando, inclusive Chandra.
Chandra gritou, embora se era agonia ou prazer, Jace não podia dizer.
A janela desapareceu em pedra, mas Jace ainda sentia o calor. Era um dos princípios básicos de ilusões - Só porque está apenas em sua cabeça, não significa que não pode te matar.
Gideon, Tamiyo, Chandra ... mas não Liliana.
A urgência o impeliu escada abaixo e ele olhou ansiosamente para a próxima janela que apareceu. Seu queixo caiu quando viu a figura por trás da parede.
Oh, Nissa... Ele tentou não se decepcionar, embora ele achasse difícil de entender a elfa Planeswalker.
O fundo atrás Nissa parecia exatamente como o mundo lá fora – céu roxo, os flashes de luz, a sombra ameaçadora de Emrakul, Liliana e seus zumbis...
Nissa estava em agonia no centro. Ela gritava. Ela se contorcia. Ela tremia, e havia alguma coisa ... se contorcendo ... em suas mãos.
Quando Jace olhou mais de perto, ele notou que os dedos de Nissa tinham dedos minúsculos crescendo sobre eles, dezenas de minúsculos dedos estendendo-se de cada dedo. E então ele viu os dedos finos como cabelo crescendo dos dedos minúsculos.
Ele estremeceu, mas quando viu os olhos ele soltou um grito involuntário - De cada uma das órbitas de Nissa, projetavam-se vários pequenos brotos de olho, e de cada um deles, cresciam vários outros menores. Energia verde brilhava deles, mas não era um verde puro, era um verde com uma tom roxo.
“Emrakul é Emrakul é Emrakul para sempre.”
Jace não sabia de onde o pensamento viera, mas mesmo nonsense, parecia verdadeiro.
“Sempre e sempre e sem ...Ab'ahor pthoniki Negglish!"
Palavras sem sentido começaram a fluir de Nissa, em seguida. Não era nenhuma língua que Jace já tinha ouvido. Enquanto ela falava, sua cabeça tinha espasmos, e entre as palavras a língua pulava fora da boca...
O que são essas coisas em sua língua? Ah não. Não não não não. Estou atingindo o limite de detalhes que eu quero notar. Não, eu estou bem além do limite.
Enquanto o disparate e a saliva disparavam de sua boca, palavras racionais começaram a infiltrar-se na fala de Nissa.
Os espasmos diminuíram, sua voz ganhando força e equilíbrio. Agora, a energia que emanava dela era toda roxa, um profundo roxo, sem nada de verde para ser encontrado. Ela levantou a cabeça e os braços para o céu e gritou.
"Crescimento! Crescimento é a resposta! A única resposta! Entropia não pode perder. Mas devo ganhar? É claro que o sacrifício deve ser feito. Por que eles lutam? Eternidade sem sacrifício oferece apenas o torpor. O sangue deve ser batido, batido até engrossar. Por que eles temem a vida? Por que eles temem a verdade? "
Nissa proferir palavras reconhecíveis não teve nenhum impacto significativo sobre a capacidade de Jace entendê-la. Mesmo sabendo que era inútil, ele entrou na mente dela.
Nissa, me ajude. Me ajude a entender. O que você está dizendo?
Nissa mudou e trouxe o olhar para encontrar o de Jace, diretamente através da janela.
Ela pode me ver. Jace estremeceu, congelado no lugar. Ele não podia se mover, não conseguia desviar o olhar. Seus olhos brilhavam sombriamente roxos. Ela falou diretamente com ele:
"Eu posso fazer o que eu quiser. Qualquer coisa. Lembre-s: A única coisa poupando-lhe é ..." o brilho púrpura foi sumindo, "... que eu não quero nada."
Ela olhou para ele por longos segundos, o rosto distorcido e grotesco, seus olho extras continuavam a se contorcer.
A janela, felizmente, desapareceu em pedra.
Jace manteve-se congelado em frente à parede. Ele balançou, suor pingando de seu cabelo sobre o rosto e parte de trás do seu pescoço. As sombras continuavam a pressionar a partir de cima.
Quanto tempo eu estive nestas escadas? O que está acontecendo com os meus amigos? Lá, abaixo, outro sinal, bem iluminado e o chamando. Mas ele não queria se mover. Ele não quer fazer nada.
“Dormir. Eu poderia dormir. Eu poderia não acordar. Seria tão ruim assim?”
Seus olhos fecharam-se, e uma névoa agradável rastejou sobre sua mente. Ele sentou-se na escada.
“Eu estou tão cansado.”
Adormecer o fez pensar em Liliana. Ele não sabia onde ela estava, ou o que ela enfrentava.
“Ela não está aqui. Ela não está neste lugar.”
Mas se ele fosse honesto, ela nunca precisara dele, de qualquer maneira.
"Triste, por um tempo. E então eu vou superar isso." Isso é o que ela havia dito em seu castelo, comparando a possibilidade de sua morte com a de um cão. “Um cachorro! Ela realmente não se importaria mais com a minha morte, do que com a de um cão? Isso não pode ser verdade. Um cachorro.”
Ele ficou remoendo esse pensamento.
“Dormir, como eu poderia estar pensando em dormir agora? O que esta acontecendo comigo?” Ele não poderia dizer se era, na verdade, exaustão, ou um efeito mais maléfico. “Isso importa? A solução é a mesma.” Ele levantou-se.
“Continue descendo. Resolva isso. Não morra. Derrote Emrakul.
Ele pensou em Liliana enquanto ele continuou sua descida.
Liliana
O primeiro sinal de problemas foi uma interrupção de seu ritmo. Liliana nunca tinha manipulado tanta energia antes, e ela tinha sido capaz de arremessar explosão após explosão em Emrakul, a cada respiração.
Respire, dispare, respire, dispare.
Mas, apesar de seu poder não falhar, seu corpo estava falhando.
Ela hesitou por um segundo, respirou fundo, e nessa lacuna Emrakul subiu, o seu corpo e tentáculos regeneraram-se a um ritmo mais rápido do que Liliana pensou ser possível. Vároas tentáculos atacaram Liliana, apenas para murcharem e desintegrarem-se com o toque de sua magia, mas vários outros, mais rapidamente, seguiam. Se antes cada disparo de Liliana fez Emrakul recuar, agora tudo o que ela poderia fazer era ficar ali se defendendo.
“Você é mortal. Você tem limites. Isso não.” A voz de The Raven homem esfaqueou cérebro com sussurros frios. “Olhe para esta grama e terra, sua idiota. Você cavou sua própria cova.”
Ela gritou de raiva enquanto soltava mais disparos de energia. O avanço do titan foi interrompido com a violência do ataque. Mas, segundos depois, a energia diminuiu. Liliana tomou grandes respirações ofegantes e o avanço de Emrakul continuou mais uma vez.
“Eu não vou morrer hoje”, ela rosnou para o Homem Raven, para o véu, para qualquer coisa que quisesse ouvir. Para si mesma.
Emrakul e seus tentáculos continuaram seu ataque incessante.
“Eu não vou morrer hoje.”
“Se você tiver sorte, Liliana, morrer será o melhor resultado possível de hoje. Você nos condenou ambos.” O Homem corvo falou sem desprezo, sem ódio ou medo. Apenas com resignação.
Pela primeira vez desde o resgate da Gatewatch, Liliana estava com medo.
Jace
Jace esperava outra parede ficar transparente, para lhe mostrar uma cena da mente de Liliana.
O que ele não esperava era a escada terminar em uma porta.
Era uma porta grossa, de carvalho, com faixas com ferro, e nenhuma fechadura. Apenas madeira e ferro, enquadrada na mesma pedra grossa do resto da escada. Ele colocou a mão na porta.
Uma voz gritou, “não não não não não não”, e puro terror tomou seu cérebro. Mas a voz sumiu, o terror recuou. Jace olhou para as escadas. As sombras não se aproximavam mais, mas também não recuavam para revelar como ele tinha chegado ali. Se ele quisesse progredir, seria por esta porta.
Ele a abriu e entrou.
A sala era sem forma e incolor. Vertigem tomou conta dele, enquanto sua mente lutava para perceber o espaço. Jace sentiu o longo puxão da eternidade, uma recursão infinita do terror de nunca conhecer a paz do esquecimento, apenas para, apenas para só ...
Até que a realidade voltou.
O nada em torno dele se materializou em um campo branco.
Havia um anjo na frente dele.
Ela se aproximou, e Jace notou o espaço lentamente tomando forma em torno dela, em volta dos dois. Eles estavam em um lugar real, uma sala, uma cópia dos aposentos em que ele tinha começado esta viagem bizarra - Seu quarto.
O anjo era alto, mais alto do que qualquer anjo que tinha visto antes, mesmo Avacyn. E as suas asas eram gigantescas, espessas e densas. Eles enrolavam-se atrás dela, quase como uma nuvem de cogumelo ...
Jace eclodiu em um suor frio bombeado pelo coração acelerado.
“não não não não não não".
Seu rosto estava escondido por uma capa grande, mas à vista, estavam as duas espadas que ela trazia, uma em cada mão. A Túnica desdobrava-se em fitas, dezenas de fitas, não, centenas, e eles pareciam se multiplicar, enquanto Jace as observava. Elas se contorciam e se retorciam, como se tivessem notado Jace, sondando o ar na frente dele, vivas.
Se eu gritar, eu não sei se eu vou conseguir parar. Então é melhor eu não gritar. Chorar ajuda? Estou aberto a chorar se ajudar.
Jace riu, em uma combinação de diversão e medo.
Estou tão feliz de achar graça nisso. O riso rompeu a paralisia, libertando sua mente. Eu conheço este anjo. Eu a vi antes. Eu vi estátuas de ela antes, em Zendikar. "Emeria?" Ele resmungou, a palavra soou estranha em seus lábios.
Ela olhou para ele, mas ele não podia ver o rosto envolto pelo capuz. Jace observou as fitas e as espadas, mas nada mudou-se para atacá-lo. Sua confiança cresceu.
"Posso sentar?" A voz era uma voz feminina. Leve, quase um sussurro. Jace não podia ver quaisquer lábios se moverem através de seu capuz para produzir a voz, mas soava como uma voz... normal.
Jace estava tão ocupado analisando a voz, que levou um momento para analisar o que estava sendo dito.
"Você está me pedindo?"
De todas as surpresas deste dia, um pedido educado não deveria ter entrado no topo da lista. Mas este entrou.
"Esta é a sua casa", uma pausa, "Jace. Jace Beleren." Quando ela disse "Beleren", foi sílaba por sílaba.
Tenho muito medo agora. Eu também sou muito curioso. Que justaposição estranha.
"Eu sou apenas um visitante aqui. Então... posso?" Ela ficou esperando.
Quanto mais surreal pode este dia consegue ficar?
Ele estava confiante de que não queria uma resposta real para a questão.
Lembre-se que do que é importante - não morrer. Resolver isso. Derrotar Emrakul. Seu mantra. Ele acrescentou uma outra frase. Convidar Emrakul para um chá. Ele sorriu, e o sorriso atingiu seu rosto.
"Por favor, claro! Por favor, sente-se." Jace acenou alegremente para a mesa de pedra, e Emeria - não, eu não sei o que é isso, pare de assumir que sabe - o anjo se sentou à mesa.
Ela embainhou ambas as espadas nas costas. Quando suas mãos voltaram para a mesa, traziam um grande rolo, um rolo de papel com bandas de ferro.
Eu vi um rolo assim antes. Onde?
“Você não se importa se eu trabalhar enquanto falamos, não é?" Sua voz cadenciada parecia que poderia vir de um Guildmage Azorius querendo orientação sobre algum de protocolo.
Prossiga. Pare de lutar contra ela. Veja onde isso vai dar. “Claro, por favor. Eu não gostaria de atrapalhar seu trabalho."
Ela assentiu e desenrolou o pergaminho. Uma sensação incomoda surgiu na parte de trás da cabeça de Jace. Onde eu vi aquele livro? Mas ele não conseguia lembrar.
De algum lugar uma longa caneta apareceu, e ela começou a escrever no livro.
Jace limpou a garganta. "Bem, já que estamos, umm ... você sabe, tendo uma conversa. Quem é você exatamente? Que lugar é esse? O que está acontecendo?"
Jace não podia dar ao luxo de ser exigente sobre onde obter respostas. Ele não podia reprimir seu instinto normal de ler mentes, não saber é muito pior do que a loucura, mas não havia ... nada. Nada em que se focar. Segredos não são divertidos quando permanecem em segredo. Ele ia ter que fazer isso no estilo mundano - Através de palavras.
Palavras com uma titan Eldrazi.
"Tudo termina. Tudo morre. Totalidade está sempre atrás de nós. Tempo aponta apenas em uma direção." Havia ecos das palavras insanas de Nissa, mas Jace continuava não entendendo nada, mesmo vindo do anjo. Ela não olhou para cima, enquanto escrevia, seu capuz abafando a voz suave que pronunciou as palavras estranhas.
"Você é Emrakul?" Jace não sabia o que ele estava arriscando, e cada vez mais não se importava. O cuidado é para aqueles com uma mão vencedora. "O que você quer?"
Ela fez uma pausa de sua escrita e olhou para o pergaminho.
"Isto está tudo errado. Eu sou incompleta, incipiente. Deveria haver flores, não o ressentimento estéril. O solo não era receptivo. Não é minha vez. Ainda não." A maneira como ela disse “ainda”, enviou um arrepio pela coluna de Jace. Ela retomou a sua escrita, apagando uma grande parte da tinta seca.
"Já basta!" Jace gritou. "Você está aqui por uma razão! Você poderia me matar de várias maneiras, com suas espadas ou os seus tentáculos, mas você não o fez. Você está sentada aqui, proferindo um disparate ... por quê? Eu não entendo o que você está dizendo e eu não entendo o que você quer. Ajude-me. Por favor ".
Enquanto falava sua raiva foi sumindo, substituída por algo ainda mais útil - Foco. Ele sentiu uma névoa clareando, uma névoa que, só em sua recessão, revelou o quanto ele estava no escuro.
"Você joga xadrez?" A voz continuou como se Jace estivesse falando algo tão nonsense quanto ela. Jace estava tentado a gritar novamente, mas não achou que seria muito bom.
Além disso, ele jogava xadrez.
E ele era muito bom nisso.
"Sim, eu jogo de xadrez."
"Você jogaria comigo?" Ela parou de escrever e fechou o livro.
"Eu não tenho certeza que eu tenho tempo para brincad ..."
"Se você ganhar, tudo isso para. Vou dar-lhe todas as respostas que você quer." Ela guardou o pergaminho nas suas costas.
Jace suspeitava de uma armadilha, mas ele era muito bom em xadrez.
"E se você ganhar?"
"Eu já estou ganhando, Jace Beleren. Vamos jogar."
"Uh, há um problema." Jace olhou ao redor. Em seus aposentos reais, em Ravnica havia um tabuleiro de xadrez, um muito extravagante que tinha sido oferecida por Boros. Mas neste simulacro estranho, nenhuma mesa era visível. "Eu, uh, não parece haver ..."
O anjo acenou com a mão, e um tabuleiro de xadrez apareceu na mesa ocupando o espaço onde o rolo estivera antes. O tabuleiro e as peças eram de pedra grossa, sólidas, com detalhes finos.
Jace levantou uma sobrancelha, mas se o anjo notou, ela não fez nenhum sinal. “Suponho que se ela limitar-se à criação de tabuleiros, vamos ficar bem.”
"Vamos jogar?" Ela fez um gesto na direção da placa. O lado de Jace era branco, e ele tomou o primeiro passo.
Magnânimo dela.
"Você vai precisar de se mover mais rápido, Jace. O tempo está se esgotando."
“Mais rápido?” Ele estava se movendo quase que instantaneamente. Ela não parecia um jogador particularmente hábil, e Jace começou a ver o contorno de um possível xeque-mate em seis ou sete movimentos.
"A comunicação entre nós é difícil. Eu não posso falar com você. Eu nem sequer realmente sei que você existe. Mas você, seu cérebro, é muito ... adaptável."
Pronto - um erro. Ele tinha um xeque em cinco movimentos.
Confiante de sua vitória, ele fez uma pausa. Ela estava dando uma informação real que ele poderia usar.
"Assim, então, o que é tudo isso?" Ele acenou com as mãos em torno deles. "O que é você? Como é que o meu cérebro adaptável faz isso acontecer?"
"Você sabe essas respostas melhor do que eu." Ela colocou a mão em uma peça, hesitou. "Ou, pelo menos, uma parte de você. Como está a dor de cabeça?"
“Como ela sabia sobre a minha dor de cabeça?” Na verdade, já era uma baixa pulsação residual, perceptível, mas não debilitante. "É ... está tudo bem. Então você não é Emeria? Você é ao menos real?"
"Eu fui personificada há muito tempo atrás. Algumas forças não podem ser racionalizadas. Se é preciso tomar atalhos para tentar lidar com o que não se pode compreender, não se pode sequer compreender, quem sou eu para negar? Ninguém. Você, talvez?. "
A dor de cabeça cresceu. Jace e o ... seja lá o que fosse, fizeram várias outras jogadas. O Xeque estava a um movimento de distância. Quanto mais Jace pensava nisso, mais tudo fazia um sentido bizarro - Esta não era Emeria. Esta não era Emrakul. Esta era a tentativa de sua mente de dar sentido a quaisquer pressões ou emanações que estava sentindo de Emrakul. Ele teve que personificá-la até mesmo para ter uma chance de fazer sentido. Mas acreditar nessa personificação era convidar a morte. Ou pior.
A vertigem deu uma guinada.
“Para sempre e sempre e sempre e emer e Emra ...”
Bastava! Ele colocou a mão na sua rainha, mudou-se para a posição. "Xeque-mate". Ele sorriu. Ele não tinha certeza do que ganhar este jogo significava, mas se sentiu bem em ganhar, em ganhar alguma coisa. Ela parou, olhou para a mesa.
"Sim, é."
Ela colocou as mãos no capuz e baixou-o. Jace se encolheu instintivamente, de repente tomado pela certeza de que ele não queria saber com o que ela se parecia ... mas ela parecia normal. Como um anjo. Como a estátua que ele vira em Zendikar. Ele tomou uma respiração longa, lenta, e exalou.
Um dos peões ao lado de sua rainha começou a se contorcer e desmanchar.
Mãos e uma pequena espada de pedra apareceram no peão, e ele virou-se para apunhalar a rainha. A peça rainha gritou, sangue escorrendo de seu lado, e caiu no chão, sangrando, morrendo.
O resto da mesa virara um pandemônio, com mais peças de Jace transformadas. Elas atacavam-se sem piedade, matando uns aos outros, até que as poucas peças restantes viraram-se para enfrentar o outro lado do tabuleiro. Todas tinham armas pingando sangue, e começaram uma lenta marcha em direção rei de Jace, que agora se assemelhava a nada menos que o próprio Jace.
Jace ficou boquiaberto com o caos. "O q ... ma ... is ... isso ... Isso não é justo! Você me traiu! Você não pode fazer isso! Essas são as minhas peças!"
O rosto do anjo começou a derreter, pedaços de carne desprendendo-se enquanto o resto dele - asas, espadas, fitas, começou a dissipar-se uma fumaça arroxeada.
Mas a voz permaneceu.
"Todas peças são minhas, Jace Beleren. Sempre foram. Eu só não quero mais jogar."
Houve uma enorme explosão, acompanhada por um grande som de moagem. O topo da sala foi arrancada, revelando a visão agora familiar de Emrakul, a nuvem de cogumelo gigante com suas centenas de tentáculos e relâmpagos piscando, devorando o quarto.
A voz continuou, leve como uma brisa. "Está chegando, Jace. Estou chegando. Continue. Encontre suas respostas. Mas rapidamente. Pois o tempo aponta apenas em uma direção, e fá-lo com fome".
Uma porta apareceu no fim da sala, ornamentada com um fulgor azul brilhante.
Jace deu um outro olhar para Emrakul acima, e fugiu.
Liliana
Liliana fez tudo que pôde para permanecer viva.
Ela estava usando um pouco de seu poder para conter os efeitos da utilização do véu. Ela evitava o rachar de sua pele, o derramar sangue de suas veias. Ao controlar o véu completamente, ela pensou que tinha descoberto os segredos para o seu verdadeiro uso.
Ela estava errada.
Mas, por mais agonizante que fosse a divisão de pele e a ruptura de suas veias, era melhor do que ser destruída pelo o ataque de Emrakul. Ela ainda tinha imensas reservas de energia, mas agora todo esse poder fora posto em um uso - Permanecer viva por mais um pouco.
Seus momentos foram se esgotando. Enquanto Emrakul investia contra sua magia, ela dirigiu seus zumbis ao titã. Eram como pulgas contra uma tempestade, e o efeito era semelhante.
Zumbis foram destruídos pelas centenas sob o ataque de Emrakul, e centenas mais se desintegraram quando Liliana, instintivamente, reclamou sua magia anima para abastecer mais um momento de sobrevivência.
Se havia algum consolo em sua derrota iminente, era o silêncio abençoado dentro de sua cabeça. Não havia a voz do Homem corvo, ou os sussurros do véu. Mesmo que sua realidade fosse sangue e dor e uma luta desesperada para permanecer viva, sua mente era dela e só dela. Havia consolo nisso, e ela escolheu aceita-lo.
Um grande tentáculo, grosso como seu torso, rompeu suas defesas e agarrou-a pela cintura. Ela gritou de raiva e o explodiu , sua carne ressecada caindo no chão. Ela cuspiu sangue.
Ela ia morrer aqui.
Ela olhou para os outros Planeswalkers, seus corpos ainda protegidos pelo espaço que seus zumbis abriram. Nissa já não estava gritando, mas estava inconsciente como o resto deles. Apenas Jace estava de pé, o brilho azul ainda no lugar protegendo-os de ... alguma coisa, mas ele não se movia, não falava.
"Jace!" Seu grito não produziu nenhuma resposta. Nenhum sinal de reconhecimento.
"Jace, seu m#$%@! É melhor você estar fazendo algo de útil!"
Isso era tudo o que ela tinha tempo de fazer. Sob o ataque de Emrakul, cada momento importava.
Isso tornou-se seu mantra: Mais um momento. Mais um momento. Mais um...
Jace
Jace se arremessou através do portal aberto, buscando refúgio do ataque de Emrakul.
Ele estava em um pequeno quarto escuro, uma cópia de um de seus esconderijos em Ravnica
Em pé, na frente dele, estava ele mesmo.
Com toda a insanidade que Jace tinha experimentado desde que se viu na torre, encarar ele mesmo, era uma das confusões mais benignas.
Oh, isso deve ser bom.
A cópia não sorriu, não se mexeu. "Você chegou aqui. Até que enfim. Mas eu não sei se você sou eu." Ele ponderou por um momento. "Responda esta charada."
"O quê? Chega de enigmas. Eu preciso de respostas. O que-"
"Primeiro, a charada", disse a cópia.
"Você deve estar brincando. Eu não vou ficar aqui e ser questionado por uma versão tiranica de mim mesmo ou, pior ainda, alguns impostor maligno que só quer me fazer perder tempo!" Jace terminou seu discurso com um grito zangado.
A cópia estava lá com um sorriso presunçoso e uma sobrancelha levantada. “Eu sou realmente tão irritante? Eu sou. Eu preciso trabalhar nisso.”
"É apenas irritante quando você sabe que estou certo. Eu preciso saber que você é eu."
Jace se perguntou se haveria consequências permanentes para socar-se no rosto. Provavelmente.
"Como eu sei que você é eu?" Não era a réplica mais inteligente, mas era tudo o que tinha no momento. Seu cérebro estava processando muitas coisas agora.
"Porque eu sou o único com respostas. Você está perdendo tempo, tempo que não temos." A cópia bateu o pé de uma maneira que Jace reconheceu tudo muito bem.
Eu não sei se eu poderei interagir novamente com outro ser humano. Eu sou insuportável.
Ele acenou com a mão. "Tudo bem, pergunte."
"Não maior que um seixo, mas o meu fechamento cobre o mundo inteiro, o que sou eu?"
"Isso? Esse é o seu enigma? Seu sistema de segurança para garantir que eu sou você? Você deve ser um impostor, porque me recuso a acreditar que eu sou tão burro."
"Você ainda não respondeu à pergunta. Essa conversa vai acabar rapidamente se você não o fizer." Os olhos da cópia brilhavam azul de uma maneira que Jace ficou perversamente contente por achar ameaçadora.
É bom ser lembrado você pode ser ameaçador de vez em quando.
"Meh. Eu pensei que eu diria algo difícil. Olhos. A resposta é - os olhos." Jace olhou para a sua cópia, e depois piscou ostensivamente várias vezes para ilustrar o ponto. "Eu vejo o mundo todo. Agora não. Ver. Não ver. Como poderia este enigma, possivelmente, ter sido útil?" A cópia relaxou, deixando de lado o feitiço havia preparado.
E então Jace compreendeu - O ponto de o enigma não era ser resolvido. O objetivo era ver como ele era arrogante frente a um enigma fácil. Ele assentiu.
“Ok, sou eu”.
Ele sabia que a cópia estava pensando a mesma coisa.
"Tudo bem, eu sou você. Quer dizer, você é ... sim, nós somos o outro. Provavelmente. Você prometeu respostas." Jace estendeu a mão para ler a mente de seu exemplar, mas nada aconteceu.
"Não é assim que funciona aqui. Aqui, falamos." Outro sorriso tímido.
"Tudo bem," Jace lutou para não apertar sua mandíbula. "Fale agora."
A cópia ponderou brevemente. "Eu ainda não sei todas as coisas que você não conhece. Pergunte-me."
"Onde estamos?" Jace não tinha certeza que era a questão mais premente, mas ele estava vagando por esta torre abandonado durante a última hora, e ele realmente queria saber onde ele estava.
"Realmente, essa é a parte que você não descobriu ainda?"
“ Seu fi...” A ira de Jace não se abrandou pelo fato de que aquele comportamento estava vindo de si mesmo. E nesse flash de raiva ele entendeu.
Jace se lembrou.
Emrakul surgindo, desdobrando-se. Liliana lhes tinha dado uma folga momentânea dos asseclas de Emrakul com os zumbis, mas nenhum deles estava preparado para a própria Emrakul. Os sinais físicos eram evidentes, mas o ataque mental era o perigo real. A pressão, a dor, diferente de qualquer outra que ele tinha sentido antes. O truque de Tamiyo instantaneamente dissolvido. Não tinha havido tempo para um plano, não há tempo para pensar.
O feitiço que ele lançara era reflexivo. Um que ele tinha preparado muito tempo atrás, para proteger sua mente da dissolução iminente.
“Eu não estou em uma torre. Eu sou a torre.”
Tudo se encaixou. As cenas de seus amigos, a conversa com Emeria, mesmo essa conversa agora, todos estavam ocorrendo dentro de sua mente, recebendo sustento e estrutura pelo poder do seu feitiço.
Bem-vindo à residência Jace, todos. Espero que você tenha desfrutado sua estadia.
Com base nas cenas que tinha visto na mente dos seus amigos, ele estava confiante de que ninguém tinha gostado muito, mas a alternativa era a morte, ou pior...
para sempre e sempre e sempre e emer ...
Ele balançou a cabeça rapidamente tentando limpar a mente, percebendo que a sua cópia fazia o mesmo movimento, ao mesmo tempo. A pressão de Emrakul foi aumentando. Jace olhou para cima e percebeu. Ela está atacando. Está vindo.
"E você? Eu?"
"Innistrad era um lugar estranho. Um lugar perigoso. Assim que cheguei, sabia que algo estava errado. Eu configurei algumas... medidas de segurança, caso de algo desastroso ocorresse. Quebra-cabeças dentro de quebra-cabeças, sombras dentro sombras. Emrakul é a coisa mais assustadora que eu, nós, já enfrentamos. Então eu fiz um plano de contingência para manter eu separado de mim, para descobrir o que realmente estava acontecendo, e ser capaz de pará-lo. corrigi-lo. Você sabe. "
Agora ele sabia.
Ele era tão bom em auto-alteração. Ele teve calafrios, imaginando qual deles era o verdadeiro Jace. O melhor Jace.
Absurdo. Sou eu, é claro.
"Ei você aí," a cópia sorriu. "Não fique se achando. Você é a segunda pessoa mais inteligente nesta sala."
"Chega." A mente de Jace estava começando a funcionar em uma velocidade ao mesmo tempo familiar e reconfortante. "O plano? É melhor eu não ter criado você, só para me fazer uma pergunta estúpida. Ainda não sabemos como vencer Emrakul."
"Fale com Tamiyo. Ela estava nos dizendo coisas interessantes quando Emrakul atacou."
"Essa é a sua contribuição? Fale com Tamiyo?"
"Não, minha contribuição é dar um jeito para que nós possamos andar, falar e pensar normalmente, mesmo com o equivalente psíquico de um milhão de tropas Rakdos-Golgari nos enchendo de porrada. É bastante difícil, se você quer saber. "
"Er... Bem, obrigado, Jace. Bom trabalho."
"Todo mundo está em muito mau estado. Mas pelo menos vamos ser capazes de pensar de forma coerente. A coisa ... não está boa, lá fora. E há um outro problema."
"O que é ...", mas quando ele fez a pergunta, a resposta fluiu em seu cérebro. As duas partes do Jace, tornando-se um. Havia palavras, mas as palavras foram ditas por cada um deles, ao mesmo tempo.
"Liliana está prestes a morrer."
Jace dissolveu o feitiço. A torre virou a realidade.
Jace
Ele voltou ao caos.
Liliana estava no chão na frente dele, inconsciente, sangrando profusamente a partir de múltiplas feridas. Acima deles, Emrakul pairava em pleno desdobramento, um luz brilhante lavanda no centro de seu corpo - o olho de sua tempestade. Seus tentáculos, largos e grossos, dizimando o que restava de Thraben.
Os zumbis de Liliana eram uma mera fração do foram inicialmente. Os seres humanos e os animais infectados pela loucura de Emrakul tinham começado a reunir-se novamente, ameaçando romper as defesas
Anular o assalto mental de Emrakul não ia ser de muita ajuda se seus asseclas os rasgassem em pedaços...
Os outros Planeswalkers tinham recuperado a consciência, logo depois de Jace, cambaleantes e desorientados. Jace canalizou foco para os amigos, dissipando as teias do ataque de Emrakul.
“Chandra, Gideon, zumbis de Liliana preciso de sua ajuda. Não podemos deixar que os servos de Emrakul cheguem até nós”.
Gideon se moveu primeiro, com velocidade decisiva de um soldado. A imagem do chicote de Erebos passou pela cabeça de Jace.
Chandra fez uma pausa.
“Eu posso ... Eu ainda posso tentar queimá-la. Eu cuido disso”. Sua hesitação desapareceu, substituída por aquela confiança natural, que Jace achava tanto atraente quanto mistificadora.
Jace hesitou. Tentar queimar Emrakul não parecia uma boa idéia, não parecia possível. Mas como ele poderia estar certo de que isto não era apenas Emrakul manipulando ele, manipulando todos eles? Emrakul tinha estado em sua mente. Ele sentira seu poder.
Ele lançou seus pensamentos para todo o grupo, o seu feitiço de proteção mantendo suas mentes ligadas. “Não, Chandra. Emrakul é muito grande. Muito poderoso. Nós não podemos vencê-la dessa forma. Não tenho certeza de que ela pode ser destruída”.
“Jace está certo. Tentar queimar Emrakul é jogar uma tocha no oceano. Não vai funcionar. Mesmo que todas as linhas ley estivessem disponíveis. Ela é muito ... muito grande”. A voz de Nissa soou estranha, distante. Ela estava tecendo videiras, brotos e as folhas em cataplasmas, para envolver as feridas de Liliana, mantê-la viva.
“Emrakul estava lá, no meu despertar. No momento da minha centelha. Talvez seja adequado ela estar presente no meu final.”
“Uau, você não deve ser convidada para muitas festas, hein?” Chandra disse, rindo. Chega desse papo depressivo, mais comoganhamosisso, por favor. Agora, com licença, eu vou queimar coisas”.
Chandra correu para o anel externo da horda de zumbis, suas chamas queimando cultistas loucos.
“Jace. Lembre-se do que Avacyn disse.” A voz de Tamiyo - uma leve brisa em uma praia ensolarada.
Um eco soou em sua cabeça, um anjo louco dizendo suas últimas palavras ao seu criador. O que não pode ser destruído deve ser preso.
“Jace, essa é a resposta. Isso é o que devemos fazer. Não podemos destruir Emrakul. Devemos prendê-la”. A voz de Tamiyo era insistente, clara. O Gatewatch tinha enfrentado esse mesmo ponto crucial em Zendikar, e lá eles tinham escolhido destruição. Mas essa escolha não era uma opção em Innistrad. Emrakul estava além de seus poderes. A única destruição possível, era a deles, juntamente com tudo em Innistrad.
“Como? Aprisioná-la pode ser mais impossível do que destruí-la. Que a prisão poderia segurá-la?
“A mesma prisão que segurou todos os horrores da Innistrad por centenas de anos.”
“A Câmara Infernal?” Jace estava confuso. “Não foi destruida?”
“Não é a Câmara Infernal”, Tamiyo respondeu. “É de onde a Câmara Infernal veio. A lua. A lua de prata. Eu tenho um feitiço. Um poderoso o suficiente. Eu posso usar a lua. Mas ele precisa ser ligado a Emrakul ...”
A mente de Jace acelerou. Eles poderiam fazê-lo. Jace estava confiante de que poderia anexar o feitiço de Tamiyo em Emrakul. Mas eles precisariam de energia, combustível para o feitiço...
“Nissa ...”
Nissa tinha estado em silêncio enquanto continuava infundindo sua mana para os cataplasmas sobre Liliana. Liliana estava respirando uniformemente, embora ainda inconsciente. Jace sentiu uma onda quente de gratidão para com Nissa, mas, agora, ele precisava mais dela. Muito mais.
“Você pode alimentar o feitiço?”
A voz de Nissa foi suave, serena. “Não. Há tão poucas linhas ley aqui eu posso tocar. Tão poucas que eu queira tocar”.
Jace parou, sem saber o que dizer em seguida ou como ajudá-la.
“Mas eu devo a você, Jace Beleren. Eu vou tentar.”
Deve?
“Minha mente não era a minha. Eu estava presa em uma escuridão trazida por seu levante. Eu fui tomda por ela, muito facilmente. Não foi ... agradável. Você me salvou daquele horror. Você tem um dom para fazer coisas difíceis de modo muito fácil. Vou fazer o que eu puder.”
“Hum, obrigado ... não era realmente eu, quero dizer, eu lancei o feitiço, mas eu não estava realmente pensando no momento, e eu, na verdade, provavelmente, piorei tudo, porque eu não ...”
"Obrigado é o suficiente, Jace. Você também tem um dom para fazer as coisas mais fáceis, muito difícil. Estou pronta.”
Jace não sabia como responder a isso, então ele não o fez.
“Tamiyo, você está pronta?”
Tamiyo tinha retirado um pergaminho. Outra lembrança passou pela cabeça de Jace. O anjo tirou um rolo longo, um rolo de papel com bandas de ferro. Foi lá que ele tinha visto o pergaminho de Tamiyo - em sua conversa mental, com Emeria. Mas o pergaminho que Tamiyo tinha escolhido não tinha bandas de ferro sobre ele.
Jace não tinha mais tempo para refletir sobre o mistério. O espaço ao redor deles estava encolhendo. Gideon e Chandra estavam segurando os asseclas de Emrakul por si mesmos, mas eles não poderiam estar em toda parte ao mesmo tempo, e os zumbis estavam perto de ser superados – Tinha que ser agora.
“Estou pronta”, Tamiyo confirmou. Ela começou a ler seu pergaminho. Jace não podia concentrar-se nas palavras, ele se concentrou em anexar o feitiço de Tamiyo em Emrakul, usando o conhecimento adquirido a partir de Ugin e suas próprias manipulações de Hedrons, em Zendikar. Um glifo brilhou na lua, linhas brilhantes contra o reflexo prateado. Ele tinha que conectar o glifo em Emrakul.
Mas o feitiço exigia energia. Rios de energia. Nissa lutava com a terra, com os olhos de um verde brilhante, enquanto ela tecia os fragmentos poluídos da mana de Innistrad, em algo que Jace poderia usar. Jace podia sentir a drenagem das linhas ley, procurando a última gota de energia. Não era suficiente. Não ia ser suficiente. Nissa tropeçou no chão, com os braços balançando.
Não ia dar certo.
Enquanto Jace lutava para manter o feitiço, ele perdeu contato mental com Tamiyo. O lugar que ela ocupava em sua mente, agora havia sido tomado uma nuvem, uma névoa cinza escuro que ele não podia penetrar. Tamiyo tirou outro rolo, um rolo longo, um rolo de papel com bandas de ferro, e começou a ler uma segunda passagem.
Energia fluiu em Jace. Ele estava em um rio largo de mana, mais magia, mais energia do que nunca tinha sentido antes. Era maravilhoso. Ele tomou a magia, moldou-a, cada ponto no glifo anexando-se a um nó em Emrakul que Jace ia criando de improviso.
Jace desencadeou o poder da magia.
Luz irrompeu da lua.
Um feixe frio, prata atingiu Emrakul do alto.
O feixe banhou a criatura, a envolveu ... e a criatura começou a esticar-se. Em direção à luz, em direção à lua.
A distorção era fisicamente impossível. Diante dos olhos de Jace a forma de Emrakul arqueou através da luz para a lua, alongando, alongando, e então ...
... Snap!
Emrakul dobrou-se, entrou em colapso. Ela desmoronou como um pergaminho fino polvilhado com vidro, compactando-se em nada, de forma que nenhuma criatura do tamanho de Emrakul deveria conseguiria, ou poderia fazer.
A luz se apagou.
Emrakul tinha ido embora.
Tinham vencido.
A face prateada da lua brilhava com os padrões triangulares do glifo. Marcada. Cicatrizada. Selada.
Por um momento, o único som era a agitação de folhas secas ao vento.
Próximo a ele, Tamiyo caiu de joelhos e vomitou.
Liliana
Ela ainda vivia.
Sentia-se exultante. Ela tinha conhecido prazer muitas vezes antes - O dia em que ela havia recuperado sua juventude. Quando ela matou os senhores demônios Kothophed e Griselbrand, Ouvir seus gritos enquanto morriam...
Cada um desses momentos foi como um crime perfeito; onde você foge impune, e ganha no final.
Mas esse momento foi ainda mais doce. Talvez fosse, porque ela sabia que iria morrer. Talvez fosse porque ela tinha, tão precipitadamente, atacado Emrakul.
E, no entanto, nenhum deles estaria vivo se ela não tivesse feito isso.
Ou talvez fosse porque não havia mais Emrakul - Sua mácula, seu sabor, havia desaparecido de Innistrad, e tudo era melhor na sua ausência.
Só pensar em Emrakul a fez estremecer. Ela tinha estado tão perto da morte. Ou pior.
Ela olhou para a lua.
“Que você apodreça aí para sempre. Essas são as consequências de se opor à Liliana Vess.”
Os Planeswalkers haviam se reunido no final de um dia muito longo. Depois da batalha com Emrakul foi vencida, havia ainda incêndios para se apagar, olhos para fechar, tristeza para consolar, feridas para curar ... ou não, no maior parte dos casos.
Liliana não se importava. Toda vez que ela testava os limites do véu, ela sentia-se vazia depois, como se uma parte dela estivesse faltando. Isso tinha acontecido tantas vezes, agora, que ela não tinha certeza de que ela pudesse mais identificar que parte era essa.
Além disso, não tinha importância. Ela estava farta de boas ações por algum tempo. Nenhum de vocês estaria vivo se não fosse por mim. Vocês tem sorte de eu não exigir o pagamento pelo meu salvamento deste mundo....
Bem, ela iria exigir o pagamento, mas não agora, e não de qualquer um em Innistrad.
Mas era impressionante o que obrigações imaginárias e lealdade lavavam as pessoas a fazer. Veja o Gatewatch - Deviam uns aos outros, nada. Literalmente nada. Mesmo assim, aqui eles estavam, lutando uns pelos outros, dispostos a morrer pelos outros.
Liliana estava acostumada com tais relacionamentos; ela dependia deles, desde que fossem com seus zumbis. Essa era uma dinâmica de poder confiável. Mas Innistrad tinha mostrado as limitações de sua abordagem. Zumbis eram grandes servos, mas havia certas tarefas que não poderiam realizar. E lutar sozinha era maravilhoso ... até que não era mais. Quando não se está preparado para o improvável, e não há ninguém para salvá-lo do fim.
Recentemente, ela tinha pensado em aproveitar as emoções Jace tinha por ela.
Ele é apenas um menino. Um menino, e eu deveria saber. Jace tinha provado de forma confiável não ser confiável, não obstante o seu recente sucesso.
O que você estava fazendo com o seu feitiço, enquanto eu te mantive vivo? Tentando fazer Emrakul concordar em morrer? Enquanto ela reconhecia a importância de tudo o que ele tinha feito, aquilo não melhorava drasticamente a sua opinião sobre ele.
“Um menino. Eu devia te deixar pra lá”.
Mas aqui estava uma oportunidade muito além Jace e suas limitações - Um grupo.
Um grupo de amigos. Hoje foi uma revelação, uma revelação do poder de amigos. Manipulados corretamente, amigos eram como zumbis melhorados! Ajudando você e salvando sua vida, porque eles queriam, não porque tinham que fazer aquilo.
O que mais ela poderia fazer, com amigos poderosos como estes? O que mais ela poderia conquistar, o que mais ela poderia obter? Ela sorriu para o pensamento. Eles não quiseram obedecer suas ordens diretas, mas o que isso importava? Jace não era a única criança em relação a ela. Eles eram todos crianças. Nenhum deles tinha seus séculos de experiência, nenhum deles tinha experimentado o poder que ela tinha, antes ou agora, nenhum deles era tão cruel ou focado quanto ela.
Ela não sabia onde o homem corvo estava. Não havia nenhum sinal dele dentro de sua cabeça ou fora. O véu foi subjugado. Hoje foi uma lição extremamente dolorosa sobre como não confiável é uma arma.
Mas se eu tiver a minha própria Gatewatch para me curar após cada utilização ... um pensamento para mais tarde. Mas ela gostou do som disso. Minha própria Gatewatch.
Gideon não parava de importunar Tamiyo. A moonfolk parecia doente, e Liliana dificilmente poderia culpá-la. Gideon era bom o suficiente para se olhar, mas ela tinha zumbis que eram mais inteligente. Gideon estava balbuciando algo sobre o Gatewatch, e como eles estavam apenas começando a sua aventura de fazer o bem, e se Tamiyo não gostaria de ser um benfeitor também? Tamiyo sacudiu a cabeça, desculpando-se, com os olhos arregalados e assustados. Ela era uma maga mental, ela era frágil. Como Jace, aquele inútil.
Jace estava olhando para ela, aquele olhar de filhote de cachorro.
Decida-se, criança! Ela pensou irritada. Ela precisava dele e de seus olhos de cachorro aqui.
"Gideon". A voz de Jace era hesitante.
Eles falaram em voz baixa entre si, e Liliana fez questão de mostrar nenhum indício do sorriso que ela sentia.
Sim, escoteiro azul, exponha de maneira hesitante o seu sincero desejo de me ajudar.
Ficou claro que Gideon não estava feliz sobre isso, porém. Embora Liliana não tinha certeza se Gideon alguma vez ficava feliz com qualquer coisa. Você deveria, pelo menos, aproveitar sua juventude e atratividade enquanto você ainda as tem. Por que as crianças são tão burras?
Eventualmente, o bonitão se aproximou. Havia mais palavras boazinhas sobre fazer o bem, mas Liliana estava muito focada na juramento para prestar muita atenção.
Ela tinha pensado muito sobre a abordagem certa para o juramento. Muito sincero, muito açucarado, e suspeitas surgiriam, fazendo seus próximos passos mais difíceis. Demasiadamente cínico, muito revelador, e ao invés de suspeitas, eles teriam certeza.
Ela precisava de um toque delicado, uma pitada de cinismo, mas com seu coração claramente no lugar certo.
Quando Gideon pediu-lhe o seu juramento, ela estava pronta.
"Eu vejo que juntos somos mais poderosos do que sozinhos. Se isso significa que eu posso fazer o que precisa ser feito sem depender do véu, então eu vou manter a guarda. Feliz agora?"
Ela disse que com um toque de um sorriso, mas apenas um toque. Além disso, seu prazer era genuíno. As melhores mentiras sempre continham verdade o suficiente para passarem despercebidas.
Ela era agora um membro do Gatewatch.
Futuros desdobraram-se em sua mente, cheios de promessas e ambição.
Jace
Jace estava exausto. Tinha sido o dia mais longo de sua vida, e tudo que ele queria era dormir; um sono livre de sonhos, ou de qualquer pensamento.
Mas havia alguém com quem ele tinha que falar primeiro.
Ele a encontrou na periferia distante de Thraben, sentada nas ruínas de uma pequena igreja.
Havia poucos edifícios intactos em Thraben, e esta igreja não tinha escapado ilesa.
Ela ficou ali sentada, com as pernas cruzadas, os olhos fechados. Jace sentiu-se estranho interrompendo um momento tão privado. Mas ele tinha que saber.
"Tamiyo ...? Er... posso ...?" Jace não sabia como fazer a sua pergunta. Tamiyo abriu os olhos, com o rosto ainda doente como estivera desde que lançara o feitiço.
"O que aconteceu lá fora, Tamiyo? Você estava lá, a mente ligada comigo, e então você ... não estava. Você desapareceu. O que aconteceu com você?"
Tamiyo começou a chorar. Lágrimas caíram de seus olhos, um após o outro. Plip-plip, enquanto batiam sobre os escombros de pedra abaixo.
Suas palavras saíram escalonadas, pausadas. "Nissa tinha caído. O feitiço estava em perigo de colapso. Eu não sabia o que fazer, como ajudar."
Jace estava surpreso. "Então Nissa gerou esse poder? Impressionante. Eu tinha pensado que tinha sido você, com o segundo rolo."
Tamiyo olhou para ele, tristeza e desprezo, em seus olhos. "Não, você não entende. Fui eu. Com o segundo rolo. Foi de lá que a energia veio."
"Mas isso é maravilhoso! Você nos salvou! Você salvou a todos em Innistrad, todos ... tudo! É porque ele foi um dos pergaminhos de ferro? Um dos pergaminhos você não queria abrir?"
"Cale-se, Jace! Ouça, ouça. Não fui eu. Ela ... ela ... me possuiu. Você entende? Não fui eu! Eu estava lá, no meu próprio corpo, indefeso contra a invasão dela. Meus olhos, minhas mãos, minha voz ... ela levou tudo. Eles não eram meus. "
Seus gritos tornaram-se soluços.
Uma voz veio de volta para ele, a voz dela, quando suas peças de xadrez se esfaqueavam e se matavam - Todas as peças são minhas, Jace Beleren. Eles sempre foram. Eu só não quero mais jogar.
"Eu ... eu sinto muito, Tamiyo. Eu não sei ..."
"Mas isso não foi a pior parte. O rolo aberto. O segundo. Você estava certo. Eu não deveria ter feito aquilo. Uma promessa feita há muito tempo, pela qual, um dia, eu vou ter que responder. Mas a magia que ela conjurou ... não era a mágica original. o pergaminho que ela usou, ela lançou um feitiço ... diferente. "
De algum lugar uma longa caneta apareceu, e ela começou a escrever no livro - Jace começou a tremer.
"Foi mudado. Como ela fez isso? Como ela poderia fazer isso?" A voz de Tamiyo estava quase em pânico. "Quando esse monstro tomou conta do meu corpo e leu o rolo, um feitiço que deveria ter trazido a devastação de tudo neste plano ... em vez disso, alimentou um feitiço para prendê-la aqui. Como isso aconteceu, Jace? Por que isso aconteceu? o que acabamos de fazer?"
"Eu ... eu não sei." Jace não tinha mais palavras para ela. Nem para si mesmo.
Tamiyo respirou fundo. "Eu lhe disse antes, Jace. Às vezes, nossas histórias tem que acabar. No entanto, aqui estamos, cada um buscando prolongar a nossa história, não importando o custo. Mas e se todas as histórias são dela? Tudo a serviço de algum destino terrível não revelado?" Tamiyo olhou para a lua.
"Será que nós realmente ganhamos?" A voz de Tamiyo não trazia medo, mas melancolia.
Jace não tinha a resposta. Eventualmente, ela se levantou e voou para o céu escuro.
Não houve palavras de despedida.
Jace ficou sentado por um longo tempo depois. Ele olhou novamente para a Lua em sua luminescência prata, o glifo ainda brilhantemente inscrito na superfície, uma prova de que o Gatewatch tinha conseguido -Nas profundidades daquela lua, estava a força mais poderosa e destrutiva qualquer um deles já havia encontrado.
As palavras do anjo apunhalaram sua cabeça, punhais de um destino não realizado.
Isto está tudo errado. Eu sou incompleta, incipiente. Deveria haver flores, não ressentimento estéril. O solo não era receptivo. Não é a minha vez. Ainda não.
Sua coluna gelou.
Não é a minha vez. Ainda não.
Ele baixou o olhar da lua, e foi em busca de uma cama segura para encontrar o esquecimento temporário.
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HOLY ...
Jamais poderia esperar que a história dos Eldrazis fosse algo ainda mais misterioso.
The queen in question is Oona, Queen of the Fae and manipulator of The Great Aurora, on this card originally from Shadowmoor. Hers is the form that appears in the clouds, impassively weighing the pleas of the tiny figure before her. Jason Chan's artwork beautifully conveys her ethereal, incomprehensible form; she's less a true Faerie and more a being of pure magic, and she does not grant favors without a price.
Cabal Ritual
In the Odyssey block storyline, the Cabal were a truly evil, black-aligned religious faction that would bolster their power with occult rituals and dark magic. Torment, where Cabal Ritual originally appeared, was heavily weighted toward black and contained a lot of graveyard-related abilities, making the card a perfect intersection of story and gameplay. The new art by Kieran Yanner (and the updated flavor text) suggests that even now, the Cabal has not given up its sinister ways.
Conflux
"The Conflux" is the name given to the reunion of the Shards of Alara, an event that would release massive amounts of power. And of course, who else would have their claws wrapped around this colliding font of multicolored mana but Nicol Bolas, whose machinations sought to steal the power released by the Conflux. Much like the Conflux in the story, this card allows you to put your ultimate plan into motion, as all the different pieces come together.
Dark Depths and Marit Lage
A land that produces no mana is always a strange sight, but at least the reason is obvious here: there is an enormous, otherworldly tentacle monster frozen inside the Dark Depths, suppressing or consuming its magical energy. As the frozen continent of Terisiare began to thaw in the Coldsnap storyline, some things were revealed that perhaps should have stayed hidden...including Marit Lage. She is a cosmic being of inscrutable origin and incredible danger, and to this day has the highest base power and toughness of any creature in Magic.
Glissa, the Traitor
Poor Glissa. An Elf of Mirrodin once called Glissa Sunseeker, she spent many years seeking answers and vengeance for her family's deaths, only to be faced with bad luck and betrayal at every turn. After finally defeating the mad construct Memnarch at great cost, she returned to her people—only to be blamed for every atrocity she'd fought against. Shunned by those she cared for and corrupted by Phyrexian oil, Glissa succumbed to the Phyrexian infection, becoming Vorinclex's greatest champion. Now she fights for Phyrexia.
Helvault
Sorin Markov created the Helvault at the same time as the Archangel Avacyn, out of a sliver of Innistrad's silver moon. That moon has powerful magical properties, and even this sliver was enough to contain the hordes of Demons assailing the plane. But when Avacyn sought to trap the ancient Demon Griselbrand, he dragged her in with him, allowing evil to flourish unchecked on Innistrad. Only through the Helvault's destruction could Avacyn be freed to balance and protect the plane once again—at least until the events of Shadows over Innistrad.
Memnarch
Created by Karn as the sentient incarnation of the maddeningly powerful Mirari artifact, Memnarch was an artificial being of immense curiosity. Karn left him to watch over the metallic plane of Argentum, but he came into contact with Phyrexian oil and gradually became corrupted by its influence. He renamed the plane Mirrodin, began filling it with kidnapped life forms from other planes, and performed terrible experiments on them in his obsessive quest for a Planeswalker's spark.
Mind's Desire
The Mirari was a dangerous artifact, and its power was seductive. Not only did it offer a tremendous amount of magical energy, it had the ability to see and manifest its user's deepest dreams and desires. However, it also had an unfortunate tendency to bring its users to eventual ruin, and its presence on Dominaria led to magical chaos. Adam Paquette's vivid new art, like the Scourge original, offers a glimpse of the Mirari's swirling, wish-granting power.
Momir Vig, Simic Visionary
No one else embodies the Simic Combine's focus on the evolution of life itself quite like Momir Vig. Under his influence, the guild shifted from fighting to preserve the essence of Ravnican life forms to working to improve them, regardless of whether the subjects particularly wanted to be improved. Victor Adame Minguez's new art zooms in more closely than the Dissension original, to show us Momir Vig impassively eying some sort of hybrid frog-lizard he has no doubt created.
Near-Death Experience
Though Gideon is the figure depicted here—exhausted, wounded, but triumphant against incredible odds—the name could just as easily refer to all of Zendikar. When the Eldrazi titans first began to stir in Rise of the Eldrazi, their broods of monstrosities nearly destroyed the plane once and for all. But with Gideon's help, the Zendikari survived and thwarted the initial assault, forcing the Eldrazi to regroup and setting the stage for the events of Battle for Zendikar.
Obliterate
The wizard Barrin played many important roles in his life: headmaster of the Tolarian Academy, right hand of Urza, slayer of Keldon champions. But he could not save his wife, Rayne, who fell in battle, nor his daughter Hanna, who was killed by a Phyrexian disease. When he returned to the Academy and found it overrun by Phyrexians, it broke him, and he unleashed a forbidden spell that annihilated everything in the area, including himself. His last act is depicted here, fittingly, on the ultimate board wipe.
Phyrexian Processer
The Phyrexians have been a scourge of the Multiverse for a very long time. Yawgmoth, their progenitor, was obsessed with "perfecting" all life forms under his control through the hideous fusing of metal, flesh, and magic. Even after his demise, the Phyrexians continue his work, spreading their corruption wherever they can. Phyrexian Processor, originally from Urza's Saga, is emblematic of their methods: pain and death are entirely reasonable prices to pay for true power.
Tolaria West
All of Dominaria has been battered by various destructive forces throughout Magic's storyline—time rifts, bloody wars, an ice age, and more—but the island of Tolaria, home of the famous Academy, might have gotten the worst of it. Many years after the entire island was obliterated by the grieving wizard Barrin, a new magical academy was founded, named Tolaria West in honor of its doomed predecessor. This card originally from Future Sight also has the distinction of being the only transmutable land in the game!
Umezawa's Jitte
Toshiro Umezawa (Toshi for short) was a rogue Samurai from Kamigawa whose journey took him from criminal enforcer, to servant of dark spirits, to hero of the Kami War. He wielded kanji magic and possessed a powerful artifact that allowed him to move between any shadows in the world. His Jitte, from Betrayers of Kamigawa, offers us a glimpse of his cunning and versatility, appropriately represented by one of Magic's most sought-after pieces of Equipment.
Unmask
The saga of the ship Weatherlight and its crew, and their multi-planar series of adventures, spanned many Magic blocks. One of those blocks was Mercadian Masques, in which the Weatherlight crash-landed on Mercadia and her crew became embroiled in the conflict between the Mercadians and the Cho-Arrim. Meanwhile, the shapeshifter Volrath sowed confusion and dissent among the crew while disguised as Takara, eventually murdering Takara's father, Starke. Here, we see him shapeshifting out of Takara's form.